Ambiente

Remoção da barreira fluvial de Galaxes, em Alcoutim, cancelada por "requisitos processuais"

Foto| Associação Natureza Portugal
Foto| Associação Natureza Portugal  
A remoção da barreira fluvial de Galaxes, em Alcoutim, prevista para a próxima segunda-feira, foi cancelada devido à necessidade de a Associação Natureza Portugal (ANP), entidade promotora dos trabalhos, responder “a requisitos processuais”, foi hoje anunciado.

“O motivo do adiamento prende-se com a necessidade de a ANP|WWF dar resposta atempada a requisitos processuais que surgiram apenas ao final do dia de ontem [sexta-feira]”, justificou a associação ambientalista, em comunicado.
 
No texto, a ANP indicou que os trabalhos de remoção do açude fluvial, na freguesia de Vaqueiros, no distrito de Faro, uma ação apontada como pioneira em Portugal, por ser impulsionada pela sociedade civil, “ficam adiados para uma nova data ainda a confirmar”.
 
Considerado obsoleto pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) em 2014 “por nunca ter desempenhado o propósito pretendido” com a sua construção, o açude foi identificado pela ANP para remoção, no sentido de melhorar as condições de habitat de diversas espécies de peixes ameaçadas de extinção.
 
Segundo a ANP, a remoção daquela barreira fluvial permitirá libertar cerca de oito quilómetros do curso da ribeira de Odelouca, na bacia do Rio Guadiana.
 
Entre as espécies piscícolas ameaçadas estão, segundo os ambientalistas, o saramugo, um peixe não migratório “mais ameaçado” nas águas doces portuguesas, endémico à bacia do Rio Guadiana, e a enguia, que fazia parte da biodiversidade da ribeira e ainda é usada na gastronomia local.
 
“Esta remoção [da barreira fluvial] será, assim, essencial para restaurar a conetividade fluvial de 7,7 quilómetros de rio e para impulsionar a conservação das populações de peixes e de várias espécies de aves ribeirinhas e mamíferos”, nota a ANP.
 
A associação adianta que a demolição do açude, ação conjunta com a Câmara de Alcoutim e com o apoio do programa europeu Open Rivers, “é um gesto pioneiro em Portugal".
 
Depois da remoção do açude, a ANP prevê monitorizar uma vez a cada três meses, durante o período de um ano, a recuperação dos ecossistemas ribeirinhos naturais, incluindo as margens do Rio Guadiana e as galerias ripícolas.
 
A ANP é uma Organização Não Governamental (ONG) portuguesa que trabalha em associação com a World Wide Fund for Nature (WWF), com vista a conservar a diversidade biológica e dos recursos nacionais.
 
Lusa