Apostados na prevenção de incêndios e, fazendo valer a necessidade de implementar uma limpeza efetiva dos terrenos para prevenir a ocorrência de fogos, os sapadores de Faro falaram com o nosso jornal de modo a fazer um ponto de situação para a época “quente” que se avizinha.
Numa altura em que as temperaturas começam a subir, o Algarve Primeiro falou com João Lopes, Chefe de Serviço dos Bombeiros Sapadores de Faro, com vista a tentar compreender qual a relação que existe entre este aumento da subida das temperaturas em função da estação do ano e, o consequente aumento de focos de incêndio.
Sobre esta questão, o responsável clarificou que, «a população não está preparada para prevenir comportamentos de risco, razão pela qual, temos de estar no terreno para fazer essa sensibilização e, ao mesmo tempo, fiscalizar aquilo que possa realmente constituir um risco de incêndio para podermos prevenir».
Desde janeiro que «andamos no terreno para testar os nossos equipamentos, para fazermos treinos em contexto real, uma vez que, o simples facto de conduzir em estrada não é suficiente para a condução no terreno, fazemos treinos com o nosso pessoal e o levantamento daquilo que pode efetivamente constituir um risco no terreno, como é o caso da necessidade de limpeza dos espaços com mais combustível e mais propensos à ocorrência de fogos florestais».
João Lopes evidenciou que, «temos de andar vigilantes por exemplo com as queimas, já que muitas delas ainda não são informadas aos bombeiros como deveriam ser». Note-se que, «quando a população nos informa que vai fazer uma queima, aconselhamos como é que a mesma se deve fazer, nomeadamente a limpeza do terreno à volta, queimas com pequenos amontoados de restantes agrícolas; até cerca de um metro cúbico de área, que têm de ser separadas umas das outras, bem como a necessidade de ter sempre uma linha de água na proximidade e um telemóvel para poder chamar-nos se necessário».
O que acontece, por vezes, é que «as pessoas não cumprem essas indicações e acabam por ‘pisar o risco’ e perdem o controlo dessas queimas, o que rapidamente dá lugar a um incêndio».
Para João Lopes, «é por isso que há tantas ignições a qualquer hora do dia. As mesmas devem-se a comportamentos de risco que poderiam ser evitados com estes cuidados que divulgamos».
Evidenciando o «excelente trabalho» que tem sido levado a cabo pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, «quer a nível nacional, regional e local, no sentido de assegurar a limpeza dos espaços mais vulneráveis à ocorrência de incêndios, também foi sublinhada a articulação com a GNR e o ICNF que, em seu entender, «tem sido feito um importante trabalho ao nível da divulgação e fiscalização, sem esquecer que, no sítio das Finanças na internet, vem lá a indicação dos terrenos, o que também é uma importante mais-valia».
O Chefe de serviço dos Sapadores de Faro alertou, no entanto que, «o trabalho tem sido feito, mas é um facto que os terrenos continuam por limpar e, isso leva a comportamentos extremos, uma vez que a vegetação está seca, tornando-se num perigoso combustível. Está tudo muito seco nesta altura do ano, o que leva a que facilmente ocorra uma ignição ao mínimo descuido».
João Lopes:
O Estado e os municípios não dispõem de meios para limpar os terrenos privados, razão pela qual João Lopes sublinha a «importância de cada proprietário fazer esse trabalho de limpeza. Neste momento, infelizmente ainda se verificam muitas propriedades com muito mato à porta. Nunca é demais recordar que, essas pessoas são responsáveis pela limpeza dos seus terrenos».
«A divulgação está feita, os aconselhamentos são feitos, mas as pessoas continuam a prevaricar. A atitude pedagógica tem sido implementada, nomeadamente antes do verão e no tempo quente, nós saímos com os nossos veículos, vamos aos locais, passamos pelas freguesias do concelho, falamos com a população, verificamos, identificamos o que não está bem e alertamos, mas sabemos que é um processo demorado e que teremos de insistir nessa pedagogia até que se consigam melhores resultados e comportamentos em conformidade com o que se pretende».
João Lopes reforçou que, «sem limparmos os terrenos, nunca teremos os meios suficientes para combater os incêndios, pelo que todo o cuidado é pouco para protegermos pessoas, bens e animais».
Um boa notícia é que a autarquia Farense lançou um concurso para a aquisição de um veículo ligeiro de combate a incêndios para integrar a frota Municipal, no âmbito do Serviço de Proteção Civil e Bombeiros.
O investimento camarário é de de 150.406 euros, e um prazo de aquisição de 120 dias.
O anúncio foi publicado esta segunda-feira em Diário da República.