Sociedade

A depressão na terceira idade: uma realidade a que devemos estar atentos

 
A depressão é, cada vez mais um tema de interesse da nossa sociedade, sobretudo porque há cada vez mais casos conhecidos, porque se aborda muito mais as suas consequências e porque já se percebeu que pode atingir qualquer pessoa independentemente da idade, profissão, estatuto social, entre outros.

Para os especialistas na área da psiquiatria, a depressão na terceira idade também é alvo de muita preocupação, sobretudo porque atualmente existem 600 milhões de pessoas no mundo com mais de 60 anos sendo que,  a OMS estima que em 2025, este número duplicará.
 
Segundo um apontamento do Hospital Lusíadas, o aumento da esperança média de vida e a secundarização do papel do idoso têm contribuído para o aumento da depressão nesta faixa etária, pelo que, é urgente agir.
 
"Os estudos mostram que as taxas de depressão na terceira idade podem variar entre os 2% para as depressões graves , até aos 10% para depressões menos graves", revela Ricardo Coentre, psiquiatra responsável pela Consulta de Psiquiatria Geriátrica do Hospital Lusíadas Lisboa.
 
No entanto, há situações em que a incidência pode aumentar. "Em ambientes de institucionalização, como residências assistidas ou hospitais, estas taxas podem atingir cerca de 30%", revela o psiquiatra, que deixa o alerta: "É muito importante darmos aos idosos não só mais anos de vida mas também assegurar que estes decorrem com qualidade."
 
De acordo com a mesma fonte, é fundamental aprender a identificar os sinais para mais rápida e corretamente poder agir. Neste sentido, o mesmo especialista evidencia que, a depressão na terceira idade pode dever-se a uma condição iniciada numa idade mais jovem, embora também possa surgir associada a outras patologias ou condições de vida. O psiquiatra do Hospital Lusíadas Lisboa revela os sintomas mais frequentes:
 
Tendência a isolar-se;
 
Tristeza intensa, quase todos os dias e a maior parte do dia;
 
Sentimentos de vazio e falta de esperança;
 
Falta de prazer em todas ou na maior parte das atividades do dia a dia ("em casos graves deixa mesmo de alimentar-se, vestir-se ou fazer a sua higiene pessoal de forma adequada", alerta o psiquiatra);
 
Emagrecimento acentuado;
 
Insónia;
 
Fadiga ou falta de energia quase todos os dias;
 
Perda da vontade de viver e/ou pensamentos de morte.
 
Relativamente aos sintomas físicos, o mesmo psiquiatra explica que “uma particularidade da depressão na terceira idade é muitas vezes o seu foco em sintomas físicos, que pioram após o aparecimento dos sintomas mais habituais de depressão e são frequentemente desproporcionais à doença que os origina". Ricardo Coentre, acrescenta ainda que muitas vezes são estes sintomas que levam à marcação de uma primeira consulta.
 
Na mesma publicação, o especialista refere que, existem alguns fatores de risco particulares que podem provocar o aparecimento ou a recorrência e/ou agravamento de uma depressão pré-existente, são eles:
 
Isolamento social (devido a viuvez, por exemplo);
 
Problemas económicos;
 
Existência de múltiplas doenças, com limitações e incapacidades associadas (como por exemplo: acidente vascular cerebral, doenças respiratórias, diabetes).
 
O mesmo psiquiatra anota ainda que, a depressão na terceira idade, “pela sua elevada prevalência e elevado sofrimento para doentes e suas famílias, deve ser tratada adequadamente e este facto tem consequente impacto positivo na vida do doente e naqueles que o rodeiam”.
 
A procura de um profissional de psiquiatria deve ser o primeiro passo. É ainda de evidenciar que, os familiares mais próximos do paciente assumem um papel de extrema relevância para que se efetue esse primeiro contacto com o referido profissional de saúde, pelo que todos devem estar atentos a eventuais alterações nas rotinas do idoso.
 
Fátima Fernandes