A associação empresarial ACRAL reforçou junto das autoridades nacionais a contestação ao avanço do projecto de instalação dos centros comerciais IKEA em Loulé.
Num comunicado esta Associação de defesa dos comerciantes, refere que sempre esteve contra a instalação em Loulé de um “gigantesco” conjunto comercial da marca IKEA que inclui dois centros comerciais (com um total de 220 lojas), duas megastores e uma loja IKEA.
Em conjunto com a ANJE - Associação Nacional dos Jovens Empresários - Algarve, a CEAL - Confederação dos Empresários do Algarve, A AHETA - Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, AEQV - Associação dos Empresários de Quarteira e Vilamoura e NERA - Associação Empresarial da Região do Algarve, a ACRAL enviou a todas as autoridades portuguesas, directa ou indirectamente intervenientes no processo de instalação do conjunto comercial IKEA no Algarve, um memorando alertando as mesmas para os riscos de avanço deste projecto nos moldes previstos.
Entre a longa lista de entidades alertadas para a situação, estão o Presidente da República, a presidente da Assembleia da República, o primeiro e vice-primeiro ministro, os ministros da Economia; Ambiente, Ordenamento do Território e Energia; Adjunto e Desenvolvimento Regional; da Agricultura e do Mar e da Presidência e dos Assuntos Parlamentares.
No total as associações empresariais enviaram o memorando que esclarece a posição contrária ao avanço do mega projecto IKEA a 80 autoridades nacionais.
Além destas entidades as associações empresariais enviaram também o documento ao Conselho de Directores da Inter IKEA Holding e ao seu presidente Mathias Kamprad dando conhecimento à IKEA internacional da situação relativa ao processo IKEA no Algarve.
O memorando das associações empresariais algarvias aborda entre outras questões a situação das acções judiciais pendentes nos tribunais que podem determinar a ilegalidade de actos praticados no sentido de permitir a instalação do mega projecto IKEA e aqueles que são, no entender das mesmas, os “atropelos das questões ambientais, económicas e sociais resultantes da aprovação pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve da Declaração de Impacto Ambiental”.
As associações empresariais algarvias solicitaram entretanto ao Ministério Público junto do Tribunal Administrativo de Loulé que desse impulso aos processos pendentes relativos a esta situação.
A ACRAL e as associações empresariais do Algarve consideram que longe de estar encerrado o processo de instalação do projecto comercial IKEA em Loulé se mantém na agenda política e nos tribunais, “como as únicas formas de salvaguardar os interesses dos empresários e das populações algarvias, bem como, de proteger o tecido económico da região e o emprego”.
Para Victor Guerreiro, presidente da ACRAL, “a questão fulcral nesta matéria é a de proteger os interesses dos algarvios ao emprego e a uma economia local viável, valores que o IKEA tem repetidamente ignorado ao longo de todo o processo”.
“Uma empresa que se promove com base em valores ambientais e sociais sustentáveis não tem tido para com o Algarve e os algarvios um comportamento digno dos pergaminhos que apregoa”, refere o dirigente associativo que realça que “as associações empresariais do Algarve envolvidas neste processo não baixarão os braços até às últimas consequências”, acrescentado que “os algarvios podem sempre contar connosco e com a nossa intervenção na defesa contra situações que põem em risco o equilíbrio da região”.
O presidente da ACRAL refere que “não se opõe ao investimento na região no sector do comércio seja qual for a sua origem, o que está em causa é a desproporção do projecto IKEA face à realidade económica e social da região e à oferta comercial de grandes superfícies comerciais já instalada”.
O líder da associação empresarial sublinha que “em matéria ambiental a QUERCUS e a ACRAL manifestaram fortes reservas quanto aos impactes do projecto em sede de discussão do Estudo de Impacte Ambiental, nomeadamente sobre o impacto nos aquíferos afectados pela zona de implantação do IKEA”.
Victor Guerreiro conclui dizendo que “ninguém nos demoverá de lutarmos pelo bem do Algarve e dos algarvios e pelo apuramento integral de responsabilidades nesta matéria sejam judiciais, sejam políticas”.