Sociedade

Aeroporto de Faro com falta de inspectores do SEF

Em 11 anos, o quadro do SEF sofreu uma redução de 23%. Sindicato diz que 714 inspectores já “não chegam” para garantir o serviço.

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O último incidente aconteceu no aeroporto de Faro. Há pouco mais de duas semanas, a PSP teve de ser chamada para garantir o controlo da fronteira. 
 
Segundo destaca hoje o jornal "i", na iminência de perderem os voos, alguns viajantes tentaram forçar a passagem, usando o canal destinado ao staff – uma porta junto às boxes dos passageiros. A situação só ficou normalizada depois de a PSP chegar, apesar de, nesse dia, o SEF até ter tentado reforçar a equipa com um elemento afecto às fronteiras marítimas e um inspector que estava de folga.
 
O incidente aconteceu poucos dias depois de o SEF ter suspendido a participação numa operação de resgate de imigrantes no Mediterrâneo. A missão internacional, coordenada pela agência europeia Frontex, teve de ser cancelada por falta de recursos humanos. 
 
Na  última década, o SEF perdeu quase um quarto (23%) do total do efectivo. Em 2004, havia 923 inspectores e, actualmente, existem 714. O presidente do sindicato dos inspectores admite que tem havido “problemas sérios” devido à falta de pessoal. 
 
Ao "I" Acácio Pereira sublinha que a diminuição “drástica” no efectivo aconteceu numa altura em que o serviço passou a ser mais requisitado. Nos últimos 11 anos, o número de pessoas controladas pelo SEF nas fronteiras aumentou 30% e as detecções de clandestinos a bordo de navios subiu, só este ano, 600%.
 
“A maior vigilância nas rotas mediterrâneas de tráfico de seres humanos e o apertar das fronteiras de alguns dos países do Sul da Europa, bem como as novas políticas migratórias dos países do centro e norte da União Europeia, levaram a mudanças no modus operandi das redes de tráfico humano, que passaram a optar por novos pontos de entrada na Europa, como Portugal”, explica o inspector.  
 
Devido ao aumento de trabalho e à diminuição no efectivo, os funcionários do SEF são obrigados a trabalhar “em situações limite”. Acácio Pereira refere que a média de idades do serviço já ultrapassou os 42 anos e diz que os inspectores são sujeitos “a uma grande carga horária, tendo de estar totalmente disponíveis e fazendo serviço permanente”. Uma situação que, avisa, coloca o SEF “num ponto de ruptura quase iminente”. 
 
Entretanto, está a decorrer um concurso interno para a admissão de 45 novos inspectores, mas o sindicato insiste que o reforço “não chega”.