Sociedade

Afinal, grande tubarão avistado nas praias de Tavira «é gentil e tímido»

Élio Vicente, biólogo marinho e diretor do Centro de Reabilitação de Animais Marinhos, no Zoomarine, afirmou ao Algarve Primeiro que apesar de não ter visto fotos nem vídeos sobre o animal, que ontem foi avistado nas praias de Tavira, mas avaliando outras experiências na costa, poderá relacionar-se com o tubarão-frade.

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Estes animais não estão de passagem «eles vivem cá e todos os anos é sempre a mesma coisa, trata-se do segundo maior peixe e simultaneamente o segundo maior tubarão», referiu. 
 
Nesta altura do ano, o tubarão-frade aproxima-se mais das zonas costeiras, «onde encontra muito do seu alimento, que vive à superfície da água, o zooplâncton, que depois é filtrado com os seus pequenos dentes de forma a recolher os micro alimentos», explicou.
 
Apesar de serem animais de grande porte, o biólogo sublinhou que são «muito lentos, pacíficos e até consideravelmente tímidos e não representam perigo algum, mesmo que coloquemos um braço dentro da sua boca, ele não tem capacidade de nos magoar pela sua estrutura».
 
Élio Vicente disse que, nos últimos 30 anos, desde que veio viver para o Algarve, «todos os anos há sempre este tipo de registos na nossa costa, porque este animal está simplesmente a alimentar-se, e friso que, esta espécie nunca na história causou qualquer tipo de ameaça aos humanos». 
 
Por norma, os peixes quando sentem a presença dos humanos afastam-se, «no entanto em alguns países é comum utilizar o isco para chamar animais, neste caso tubarões, sendo um risco porque não se deve alimentar animais selvagens e também porque estamos a ensiná-los à presença de humanos, associando à comida, levando a que esses animais percam a timidez, tornando-se perigosos», enfatizou.
 
O biólogo deu conta que não há na costa portuguesa incidentes com baleias, golfinhos ou tubarões, porque na verdade este animais são tímidos, afastam-se ao ouvirem barulho, sendo que «os únicos incidentes de que há registo com tubarões, estão relacionados com o maneio dos pescadores ao tentar tirá-los das redes e, que por falta de atenção, são magoados com os dentes do animal, mesmo nos casos em que já está morto».
 
Élio Vicente lembra que, «se não soubermos estar bem ao pé dos animais, podemos magoar-nos, mas não são eles que nos magoam, nós é que nos magoamos na forma como não sabemos estar ao pé deles, não sabemos conduzir bem as coisas de forma a que seja seguro para ambos os lados». Nas mesmas declarações, o responsável salientou que o procedimento de içar a bandeira vermelha na praia foi correto por uma questão de precaução, apesar de neste caso não existir perigo.
 
Texto: Emídio Santos