Economia

AHETA vê medidas do governo como «desajustadas, ineficazes e insuficientes»

 
A Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turistícos do Algarve - AHETA critica o governo por "continuar a ignorar a especificidade da atividade turística em geral e do Algarve em particular, tomando medidas que não se enquadram nem vão de encontro às reais necessidades das empresas do setor".

Em comunicado, a associação adianta que o governo "impõe", por um lado, medidas restritivas ao funcionamento dos hotéis e empreendimentos turísticos, como o encerramento parcial dos restaurantes e bares, obrigados a funcionar em regime e "room service" ou restrições à circulação de pessoas, e, por outro, "insiste" que as empresas hoteleiras e turísticas iniciaram a retoma progressiva em julho/agosto do ano passado.
 
A AHETA entende que o layoff simplificado, seja aplicável às empresas obrigadas a encerrar por imposição legal, "deixando os hotéis à margem destes apoios", defendendo que o layoff simplificado seja de imediato alargado ao setor do alojamento turístico, uma vez que os empreendimentos suportam, no atual quadro, (Apoios à Retoma Progressiva), uma parte importante dos salários dos trabalhadores e 50% da TSU.
 
Para os hoteleiros as medidas agora aprovadas ignoram a realidade dos hotéis e empreendimentos turísticos, "uma vez que não permitem o acesso do setor hoteleiro e turístico ao layoff simplificado e, por essa via, à suspensão dos contratos de trabalho e isenção da Taxa Social Única (TSU), forçando as empresas à extinção de postos de trabalho". 
 
A empresários refere que o governo considera que o setor já se encontra na fase da retoma, relegando-o para o Programa de Apoio à Retoma Progressiva (ARP), "esquecendo que, por estarmos em plena época baixa, não é possível apresentar reduções de faturação homólogas suficientes para requerer a redução do Período Normal de Trabalho (PNT) a 100%, incluindo a isenção da TSU, impedindo o acesso das pequenas e médias empresas a estes incentivos e às grandes empresas com mais de 250 trabalhadores", justificam.
 
Outra questão prende-se com o acesso condicionado às linhas de crédito, pelas entidades financeiras, que estão confrontadas com moratórias obrigatórias e muito prolongadas dos empréstimos concedidos, bem como os elevados níveis de endividamento das empresas turísticas, impedidas de realizar receitas por falta de procura.
 
A solução no entender da AHETA, passa por dar apoios financeiros "diretos e consistentes" ao setor empresarial do turismo, consubstanciados em subvenções a fundo perdido, quer para a recapitalização de empresas viáveis, convertendo dívida em capital social, quer através da injeção de fluxos financeiros para fortalecer a robustez do "cash flow" das empresas hoteleiras e turísticas.
 
Os hoteleiros dizem que o problema não se trata com "aspirinas" mas com apoios concretos, sem os quais, "muitas empresas irão colapsar e as restantes estarão demasiado débeis e frágeis para responder aos desafios competitivos na fase de retoma".
 
Sem mais apoios do governo, a AHETA teme uma crise "profunda do setor, acentuando ainda mais as debilidades existentes, com reflexos no aumento do número de insolvências e do desemprego".