Os cientistas afirmam que, as crianças que ajudam em casa tendem a desenvolver autoestima, empatia e sentido de responsabilidade, qualidades que influenciam diretamente a construção de carreiras sólidas e relacionamentos saudáveis na vida adulta.
Além disso, a prática de tarefas domésticas fortalece a disciplina, estimula a ética de trabalho e aprimora a capacidade de cooperação, habilidades cada vez mais valorizadas no mundo profissional.
Outros trabalhos de investigação publicados no Journal of Developmental & Behavioral Pediatrics, indicam que crianças que se envolvem em atividades domésticas apresentam maior autoconfiança e níveis mais elevados de satisfação com a vida. Nesse sentido, os especialistas na área da pediatria e da psicologia reforçam a relevância de envolver os mais novos nas lides domésticas como forma de promover a harmonia familiar, a entreajuda e, ao mesmo tempo, preparar os adultos de amanhã para um futuro pessoal e profissional mais promissor.
Uma equipa de investigadores da Universidade La Trobe, na Austrália, também completa esta ideia dando conta de que, crianças que trabalham diariamente em casa na realização de tarefas adequadas à sua idade e que recebem apoio, incentivo, orientação e a paciência dos pais para lhes ensinarem o que precisam de fazer, desenvolvem mais autonomia, sentido de responsabilidade e uma melhor memória de trabalho.
Para chegar a estas conclusões, os cientistas propuseram tarefas aos mais novos que envolvessem cuidar de si mesmas, ajudar os pais e colaborar em atividades diárias da casa como colocar a mesa, colocar a roupa no cesto, ajudar na cozinha, entre outras e, perceberam que os mais novos desenvolveram mais concentração, responsabilidade, capacidade de resolução de problemas, capacidade de ajudar o próximo, bem como uma maior atenção e envolvimento no que estavam a fazer.
Também notaram um aumento na capacidade de planeamento e de organização que, de acordo com os especialistas, são aspetos fundamentais para a vida adulta, a par de um maior desembaraço, menor timidez, mais autoconfiança e pensamento estratégico que ajuda a antecipar acontecimentos – habilidades essenciais para um desempenho bem sucedido no futuro.
Por fim, os cientistas aferiram que, a repetição das tarefas e o sentido de compromisso fomentam a disciplina, o rigor e uma maior capacidade de trabalho que se prolonga pela vida fora.
Embora os benefícios sejam inegáveis, os investigadores ressaltam que, «é fundamental respeitar os limites da infância. As tarefas devem ser proporcionais à idade e às habilidades da criança, para que a experiência seja enriquecedora e não uma fonte de frustração», alertam.
«Os pais têm um papel crucial nesse processo. A forma como as responsabilidades são apresentadas e o incentivo dado durante a execução das tarefas fazem toda a diferença. Transformar o momento em algo positivo e recompensador contribui para o envolvimento da criança e maximiza os resultados a longo prazo», sugerem os cientistas.
Assim, as tarefas devem ser encaradas como um prazer; uma brincadeira em que os mais novos aprendem como se fosse um jogo agradável em família. À medida em que vão crescendo, devem participar de forma ativa, mas também com respeito pelas suas características, pelas habilidades que possuem e dando sempre um incentivo e apoio para que o façam de modo agradável e pedagógico.
Se é verdade que faz bem ajudar nas tarefas, que os mais novos ganham muito com essas experiências, também é um facto que é preciso existir um equilíbrio entre a ajuda, a responsabilidade e a obrigação, pelo que, cabe aos pais dosear o melhor possível o que pedem aos filhos, quando pedem, sabendo que devem respeitar os limites dos mais novos e até o seu tempo livre para brincar e gozar da infância ou da adolescência, pois só assim os efeitos podem surtir resultados positivos.