Sendo Albufeira o segundo maior destino turístico em Portugal, logo a seguir a Lisboa, e representando cerca de 40% da capacidade de alojamento turístico na região, as consequências da pandemia no concelho e no setor, têm-se feito sentir de forma particularmente acentuada, com unidades hoteleiras encerradas, aumento do desemprego, crise social e também económica.
Deste modo, a Câmara Municipal de Albufeira decidiu convidar um conjunto de especialistas nacionais e as "forças vivas da região", para debater diferentes temas, como o turismo, a educação, a juventude, a ação social, o ambiente e sustentabilidade, a transição digital, a estratégia 20/30, entre outras temáticas, com o objetivo de adaptar o concelho às novas exigências do mundo atual.
O município vai realizar o "Albufeira 21 Summit" sob o lema "A construir o futuro", em que o Algarve Primeiro é media partner, reunindo cerca de três dezenas de oradores convidados entre 8 e 10 de abril, num evento que pode ser assistido via online.
Na apresentação do evento que decorreu no Salão Nobre da Câmara Municipal de Albufeira, o autarca José Carlos Rolo, disse aos jornalistas, que o objetivo da iniciativa passa essencialmente, «por ouvir e recolher contributos para o futuro de Albufeira». Com a vinda da "bazuca" o edil espera mais fundos para o Algarve, «uma das regiões mais prejudicadas economicamente por via desta pandemia, mas também por ter uma economia pouco diversificada», explicou.
O encontro terá ainda a missão de alinhar a estratégia de Albufeira até 2030, cujo plano está a ser elaborado, «e deste modo, encaixá-lo na estratégia do Portugal 20/30».
José Carlos Rolo avançou que as 4 agendas da estratégia 20/30 para o país, serão debatidas à escala local, como por exemplo o estado social, a inclusão, transição digital, «considero que esta pandemia veio dar um salto nessa transição digital», a transição climática, «temos na região o problema da água e a adaptação às alterações climáticas, além da economia circular que se tem falado ultimamente, mas que é preciso fazer mais», e finalmente a competitividade, «acho que o país deverá ser mais competitivo a nível externo e mais coeso a nível interno, penso que tem havido alguma discrepância de falta de coesão entre os vários níveis geográficos e sociais e é para isso que também se discute estas matérias, para que possamos adequar a nossa estratégia do concelho aos fundos europeus».
Délio Pescada, Consultor de Turismo e CEO da Délio and Partners, que será um dos oradores do "Albufeira 21 Summit" mostrou-se «orgulhoso por acontecer algo que será muito importante para o futuro do destino». Com larga experiência no setor do turismo, nomeadamente tendo trabalhado noutros destinos internacionais, regressou a Albufeira, onde espera continuar a investir todo o seu "know-how". Afirmou que o concelho tem «um potencial brutal e por isso, depois de 20 anos fora, regressei à minha terra, posso dizer que trabalhei em 15 destinos turísticos, e muitos deles nossos concorrentes».
Criticou que os 300 milhões anunciados pelo Governo para reforço da economia, ainda não tenham chegado à região, «há alguma inércia de decisões que deviam ser tomadas o quanto antes. Os nossos decisores deviam respeitar mais a região e assumirem uma estratégia perfeitamente clara para todos, não podemos é ser ignorados», registou. Para o consultor, não basta o mercado interno, «sem o mercado inglês nós não vamos lá. É preciso encher os mais de 209 empreendimentos que existem em Albufeira, é preciso dar trabalho à população e para isso temos de delinear a nossa estratégia e valores, porque as pessoas precisam de acreditar e estar motivadas. Os turcos já arranjaram uma forma de automarketing, comunicando aos operadores alemães o argumento de que as pessoas ligadas ao turismo vão estar todas vacinadas, os gregos estão a seduzir os ingleses dizendo que assim que estiverem vacinados são muito bem-vindos e nós, alguém sabe explicar?», questionou.
Como nota final, defendeu que a aposta passa pelo segmento da sustentabilidade, incluindo o turismo de natureza.
