Sociedade

Albufeira:Biblioteca Municipal assinalou 14º aniversário com obra de Fernando Correia sobre violência doméstica

A Biblioteca Municipal Lídia Jorge assinalou ontem 14 anos, com bolo de aniversário, mas também com o lançamento do mais recente livro do jornalista Fernando Correia "São lágrimas, senhor, são lágrimas", com a presença de Margarida Flores Alves, Diretora do Centro Distrital da Segurança Social de Faro.

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Neste livro, Fernando Correia conta casos reais de violência doméstica, que foi registando ao longo do ano.
 
Uma das motivações que levou o autor a avançar para a edição da obra, segundo revelou, «foi em primeiro lugar por ter vivido o drama da violência doméstica, com o meu pai a maltratar a minha mãe, facto que marcou-me para sempre, depois mais recentemente fiquei chocado quando descobri que uma colega minha, pivot da TV, era agredida pelo namorado, num dia em que descobri as marcas nos braços e na face, "mascaradas" pela maquilhagem, e que me confidenciou esse facto».
 
Fernando Correia, diz que é preciso «denunciar estes casos, não aceitar a violência, temos que ser mais fraternos, e cada um tem de fazer a sua parte, como amor e dádiva para termos uma sociedade melhor».
 
Já o Presidente da autarquia de Albufeira presente no lançamento da obra, começou por saudar a equipa que trabalha na Biblioteca Municipal, com «referências belíssimas», ao longo dos últimos 14 anos. 
 
Quanto ao livro José Carlos Rolo, disse ser um trabalho «que serve para alertar para a problemática da violência doméstica» dando os parabéns ao autor «pela coragem de revelar casos reais, num tema que muitas vezes é tabu ou há vergonha em assumir».
 
Confidenciou ainda que a autarquia endereçou um convite à patrona da Biblioteca Lídia Jorge, para estar presente, mas por questões de agenda não pôde comparecer.
 
 
Ana Pífaro, Vereadora da Cultura do Município, enalteceu o papel dos técnicos e colaboradores da Biblioteca como «um exemplo a nível regional», confirmando a abertura de um polo da biblioteca na Freguesia de Ferreiras, cujo contrato para a sua execução será assinado até final de 2018.
 
Agradeceu o facto de Fernando Correia escolher Albufeira para lançar o seu novo livro, que aborda «frontalmente um problema que é preciso resolver».
 
Margarida Flores, foi convidada pela Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Rosa Monteiro, para estar presente no lançamento da obra de Fernando Correia.
 
A responsável regional começou por relatar um caso ocorrido em 2015 em Faro, quando um homem matou à queima-roupa a companheira que queria o divórcio, num crime que a marcou profundamente, porque ocorreu num café/restaurante onde a vítima trabalhava, perto da Segurança Social e que de um momento para o outro, perdeu a vida, «foi mais um caso gravíssimo de violência doméstica», tendo presenciado todo o momento desde o som do disparo de uma caçadeira, até à chegada dos meios de socorro.
 
Margarida Flores lembrou que em 2017, 20 mulheres em Portugal, perderam a vida, vítimas de violência doméstica, mas só este ano e até agora já morreram 25, «com estes números algo está a correr a mal», informando que no Algarve existem 4 casas-abrigo para vítimas, 3 para mulheres e uma para homens.
 
A Diretora do Centro Distrital da Segurança Social de Faro, não entende porque razão o agressor fica em casa, obrigando a vítima a sair, muitas vezes com filhos, «em muitos casos a mulher não consegue livrar-se da dependência do agressor».
 
A convidada adiantou que é preciso «dar uma resposta de qualidade após a agressão mas também na prevenção da agressão, e essa prevenção tem de começar logo na escola».
 
Abordou também os novos fenómenos da violência no namoro e nas redes sociais, referido que a linha de apoio para vítimas de violência recebe cerca de 3 mil chamadas diárias,«temos de ter a coragem de denunciar conforme Fernando Correia "relata" no seu livro, para assegurar a defesa dos direitos humanos».
 
Finalmente Paulo Freitas - Presidente da Assembleia Municipal de Albufeira, e enquanto advogado, disse saber bem o que é a violência doméstica, «um drama que não tem género, mas que só tem crueldade, e posso dizer que na minha vida profissional esta matéria é a mais dura que tenho assistido, além de perder tudo à sua volta, a vítima perde também a dignidade humana».  
 
Bolo de aniversário da Biblioteca: