O Algarve sofreu, entre 2008 e 2014, uma quebra acumulada de cerca de 10 mil milhões de euros em transações e consumo.
É o equivalente a mais 30% do produto interno bruto (PIB) anual da região e corresponde a 30 vezes mais do que os 327,3 milhões de euros de fundos comunitários que o Algarve deverá receber nos próximos sete anos.
Segundo revela hoje o site "Dinheiro Vivo", os cálculos constam do "Estudo de Tendências Estruturais da Economia e Sociedade: Bloqueios e Respostas", divulgado ontem pela nova associação AlgFuturo.
A associação algarvia, que conta com centena e meia de membros, vem dissecar várias estatísticas do turismo e outros sectores económicos, para propor soluções para os desafios da região.
No estudo agora publicado, a AlgFuturo aponta que esta quebra nas receitas foi a maior registada em todo o país e apresenta várias razões que justificam esta diminuição.
"É o resultado do elevado do aumento do IVA da restauração, quebra de atividades com a sazonalidade, quebra no turismo e redução dos gastos médios por turista/dia", refere o estudo.
A estimativa, esclarecem os autores do estudo, é feita com base numa quebra de 2 mil milhões de euros no total das receitas fiscais. No caso do IRS, as perdas totalizaram 1000 milhões, enquanto no IVA ultrapassaram os 700 milhões, quando, a nível nacional, houve aumento de receita. Já no caso do IRC, considerando apenas as empresas com sede social no Algarve, a quebra nas receitas foi de cerca de 300 milhões de euros.
O estudo salienta, também, o facto de o Algarve ser "a região mais periférica do Continente" e de as portagens afastarem milhares de turistas espanhóis, além de não se avançar com uma ligação férrea a Andaluzia, que garantiria "fluxos permanentes".
"A falta de uma visão estratégia tem custos muito elevados e já fizeram reduzir, entre 2012 e 2014, as passagens na Ponte do Guadiana em 5,5 milhões", referem.
Ao todo, estimam, o Algarve terá perdido cerca de 200 milhões de euros com os espanhóis "afastados pelas portagens".