O Cine-Teatro Louletano apresenta, em estreia absoluta, a peça: “Soberana, a mãe de Loulé”.
Depois de "A Freguesia", com dramaturgia e encenação de Ricardo Neves-Neves em 2017, espectáculo que encerrou o programa comemorativo dos 100 anos da Freguesia de Quarteira, a Câmara Municipal de Loulé e o Cine-Teatro Louletano dirigiram um novo convite ao Teatro do Eléctrico para a criação de um espetáculo a partir de uma temática ou realidade do concelho de Loulé, neste caso a Mãe Soberana.
"SOBERANA Mãe Soberana de Loulé" é um texto de Ana Lázaro, com encenação de Ricardo Neves-Neves e direção musical de Rita Nunes, sobre a procissão e os festejos religiosos da Mãe Soberana, que acontecem anualmente em Loulé no dia de Páscoa (Festa Pequena) e duas semanas depois (Festa Grande).
Ana Lázaro confidenciou que, «assim que comecei a pesquisar sobre a Mãe Soberana percebi que mais do que uma manifestação religiosa, cultural e histórica, esta é, tal como o vínculo genético e intrínseco que liga a Mãe com o seu filho, parte de um corpo coletivo, da identidade de um povo».
A peça, que nasce de uma coprodução do Cine-Teatro Louletano e Teatro do Eléctrico, será exibida nos dias 21, 22 (às 21h30) e 23 (às 17h00) de junho.
Esta quarta-feira o Algarve Primeiro assistiu ao ensaio da produção, onde foi mostrada uma parte do espetáculo que tem um cunho histórico e musical muito vincado.
Ao nosso jornal o encenador Ricardo Neves-Neves disse tratar-se de um trabalho que teve início há cerca de 2 anos, «começámos por pesquisar toda a informação possível sobre a Mãe Soberana e a sua procissão, fomos pesquisar em obras históricas, em notícias de jornais e também na rua entrevistando muitos louletanos, para quem esta festa é muito especial».
Com essa investigação, «percebemos que as pessoas se emocionam muito a falar da Mãe Soberana, onde até os homens não resistem em chorar, essa foi para nós a base deste trabalho que depois de compilado, deu-nos a possibilidade de criar a produção e levá-la ao palco».
O encenador adiantou que por um lado, o trabalho pode servir o público que não conhece a história, sendo uma peça mais documental, mas por outro, está presente o lado mais subjetivo, «em que se dá esse encanto» que faz da procissão da Mãe Soberana a maior manifestação de fé a sul de Fátima.
Ao todo a peça conta com 15 atores e 8 músicos, envolvendo uma equipa de 50 pessoas.
Ricardo Neves-Neves destacou também a banda sonora, «muito presente, e extremamente importante no acompanhamento do espetáculo». Nesse ponto, «tivemos o cuidado de associar as músicas da Mãe Soberana, ajudando a comunicar e a ter ligação com o espetador».
Sobre a possibilidade de a peça poder ser vista noutros palcos do país, o responsável referiu que «no início por se tratar de uma temática local, pensámos que seria um espetáculo para os louletanos, no entanto, agora que estamos na reta final, admito que este esptáculo pode ser visto noutros locais do país, até porque é uma mensagem transversal, muito ligada à nossa cultura e por isso fica no nosso repertório, e em carteira, para eventualmente continuar em cena».
Nas palavras de Ricardo Neves-Neves «quem vem à procura de um espetáculo só religioso não vai encontrar, ou que fale das pessoas de Loulé, também não vai encontrar, mas sim, um pouco de cada».
Pelo facto da Autarquia e o Cine-Teatro Louletano terem feito esta encomenda, ao Teatro do Eléctrico , foi para o encenador uma grande responsabilidade, «na medida em que estamos a trabalhar um tema de grande carga histórica e emocional de Loulé, temos trabalhado com "pinças" e com prudência porque estamos a espelhar a vida das pessoas, as suas crenças, aquilo que acreditam e que é muito importante para cada um. À medida em que o espetáculo foi ficando mais seguro, vimos que era possível brincar, divertir e passar esse lado de prazer para o espetador, porque a estas temáticas religiosas, associamos sempre a uma zona tensa e densa, mas à semelhança do algarvio, mesmo numa zona tensa, encontra sempre um sorriso e é isso que queremos passar também».
Paulo Pires, responsável pela programação do Cine-Teatro Louletano, disse que tem grandes expetativas sobre a estreia desta peça,«já conhecemos o trabalho do Teatro do Eléctrico, que consegue conjugar uma série de fatores, que eu acho que o Ricardo e a sua equipa fazem muito bem, quer na vertente artística, musical e representativa».
Os bilhetes têm um custo associado de 9 euros por pessoa, passando para 7 euros para maiores de 65 e menores de 30 anos (o Cartão de Amigo é aplicável), tendo o espetáculo uma duração de 60 minutos e sendo dirigido a maiores de 14 anos.