A segurança é um tema que por diversas vezes entra, inadvertidamente, em debate em qualquer diálogo, em qualquer lugar. O Algarve não é exceção e certamente a segurança é um requisito que se colocou num grau de importância elevado.
Poder-se-á ainda afirmar que é um assunto que apela à preocupação, quer de residentes, como de visitantes desta região, não deixando ninguém indiferente.
Como classificamos a segurança nas nossas vidas? Como uma sensação? Um sentimento? Um fator de relevância como instigador de bem-estar? Ou um facto palpável que transmite confiança nas nossas ruas?
Certo é que a segurança é subjetiva e não quantificável quanto à sua eficácia imediata, pois não podemos concluir se uma freguesia, vila, cidade ou concelho é seguro, apenas por olhar para as ruas ou para quantidade de agentes de autoridade visíveis em patrulha.
Não podemos ainda classificar um local como inseguro pela quantidade de crimes registados pelas autoridades policiais ou judiciais, há que não esquecer que existem esquemas conhecidos de burlas a seguradoras, bastando apenas uma denúncia devidamente registada e uma certidão para submeter à agência de seguros e esta ressarcir o valor do suposto artigo subtraído, o que resulta praticamente, em férias pagas para o suposto lesado, denuncia essa registada que subirá a média de crimes.
A região do Algarve é abastada em diversificadas origens de pessoas, havendo residentes oriundos de variadíssimos pontos do mundo. Existe um eclodir de culturas constante, um arremesso de costumes insistentes, um emergir contínuo de hábitos, o que torna os habituais residentes no Algarve autênticos conhecedores de culturas e um género de diplomatas de relações internacionais, convivendo com os ditos estrangeiros, que por norma vêm a fixar-se na região, motivando a troca mútua de culturas.
Ora, é nesta troca de culturas que nos vamos apercebendo de outras realidades opostas à que nos é conhecida. É nessas conversas informais que nos apercebemos que, de facto podem surgir desacatos, casos paradigmáticos, algo horrendo esporadicamente, no entanto, comparando com outro locais do mundo, e por vezes bem próximos deste nosso território, somos forçados a considerar que a insegurança não prevalece. No entanto concordo que não devemos fazer comparações com maus exemplos, mas sim, com exemplos de excelência, sendo nesses que nos deveríamos focar para os alcançar.
A segurança não é um serviço exclusivo das autoridades policiais, e sejamos honestos, quantas vezes já presenciaram algo ilícito e seguiram caminho, indiferentes à situação? Não há quem tenha visto alguma agressão e certamente não se movera para por termo à mesma?
Terá havido quem vira um vidro de um veículo aberto num parque de estacionamento e não se dignara a informar os profissionais da empresa de segurança?
Eu acredito que sim, que para além de haver, já aconteceu por diversas vezes, aumentando os tais registos numéricos criminais, que para as tão aclamadas estatísticas, são crimes decorridos em certas zonas do país, o que, como uma roda dentada de uma engrenagem, representa forçadamente um aumento de criminalidade.
A segurança também não é exclusiva para a via pública e para terceiros… dentro de portas de nossa casa, inadvertidamente e inconscientemente, os nossos filhos estão sujeitos a ameaças.
De facto podemos ter a sensação que estando em casa, estão deveras seguros, no entanto, paralelamente a esse estado de segurança, uma pequena linha ténue de insegurança encontra os nossos filhos e despoleta neles a curiosidade e através dessa curiosidade que brotou dentro das muralhas do nosso lar, o perigo abarca-os na via pública, ou seja, a internet por muito benefício que possa oferecer, é sempre uma porta de acesso a criminosos ao interior dos nossos lares, aliciando com promessas, enganos e truques de ilusionismo as mentes dos pequenos, permitindo darem-se a conhecer para uma futura e oportuna investida, sujeitando os pequenos às malhas de um pedófilo, artimanhas de um perverso sexual ou a esquemas fictícios de enriquecimento orquestradas por traficantes de estupefacientes.
Por tal, ou seja, pelo facto da segurança não ser algo que apenas se possa imputar às autoridades policiais, cabendo a todos nós, enquanto cidadãos portadores de moral e civismo, coadjuvar e auxiliar nessa matéria, pelo facto do Algarve ser um pólo de culturas de todo o mundo e pelo facto da insegurança se camuflar de diversas maneiras, não se pode afirmar convictamente que existe insegurança no Algarve, bem pelo contrário, dado todas as condicionantes referidas, o Algarve demonstra bem-estar e tranquilidade para quem reside e para quem o visita.
António Parsotamo-Escritor