Sociedade

Algfuturo dá a conhecer relatório independente "demolidor" sobre o incêndio de Monchique

 
O relatório do Observatório Técnico Independente (funcionando no âmbito do Parlamento), aponta para eventuais ilícitos quer antes, durante e depois do incêndio, pelo que a Algfuturo - União Empresarial do Algarve, confirma em comunicado que irá diligenciar junto do Presidente da Assembleia da República para que se apure o que já foi, ou vai ser feito nesse sentido.

 
A Algfuturo aponta que com base no mesmo relatório, que a área ardida foi de 27.154 ha; envolvendo entre 3 e 10 de agosto de 2018; 3055 meios humanos; 855 meios terrestres, 28 meios aéreos e prejuízos muito elevados (não estimados no Relatório).
 
Antes do incêndio a Algfuturo adianta que a situação era de "catástrofe anunciada", e não foi por falta de avisos técnicos que não se planeou tudo com antecedência.
 
Conforme estudos e informações da Universidade de Lisboa, IPMA e chamadas de atenção para o tipo de ocupações dominantes, continuidade e quantidade de combustível acumulado, tudo apontava para a probabilidade e elevado risco de um "mega incêndio"(expressão do relatório). Acresciam as zonas fora de visão dos pontos de vigia e incerteza de cobertura em terra, ficando por explicar, porque foram os meios aéreos abastecer em Beja em vez de Portimão.
 
Após a deflagração do incêndio houve poucos briefings operacionais de coordenação, informações importantes não utilizadas, "não tendo sido aproveitadas duas oportunidades para controlar o incêndio", refere o relatório, apontando deficiências nas operações de rescaldo e consolidação, reclamando a Comissão uma auditoria externa para apurar responsabilidades.
 
Para a Algfuturo, o documento apresenta, contudo, "alguma fragilidade não desenvolvendo nem fundamentando as matérias, nomeadamente, quanto ao apuramento das causas que levaram ao falhanço da aplicação das medidas necessárias e urgentes após o incêndio definidas pelo ICNF. Diz que as verbas foram significativas, em certa contradição, mas não descreve as causas de natureza burocrática e/ou de valores legalmente estabelecidas para os trabalhos e desajustados por defeito face aos preços de mercado".
 
A mesma associação relembra que conjuntamente com a ASPAFLOBAL, e  Associações dos Produtores de Medronho, mel, citrinos e estrangeiros residentes, tem acompanhado o assunto desde o início com "múltiplas" iniciativas, pugnando por medidas "imediatas e de fundo", nomeadamente a retirada "urgente" da massa combustível, com apoio aos produtores(sem benefícios para estes) mas independentemente das espécies, prestando serviço público de prevenção a novos incêndios e criando condições para retomar as explorações.
 
A associação aponta que os indicadores de envelhecimento, taxa bruta de mortalidade e quebra de residentes no concelho são preocupantes, bem como o fraco dinamismo empresarial (exceção feita a alguns grandes grupos), podendo a sua revitalização girar em torno do aumento do número de residentes, atração de empresas, em especial altas tecnologias e energias limpas, dinamização de atividades e produções locais, turismo, cultura, ambiente e Natureza.
 
No modelo ensaiado pela Algfuturo aumentar a população de 5200 para 10.000 habitantes, em dez anos, é possível, num plano integrado de ações para alojamento dos fixados no Concelho e trabalhando noutros Concelhos, dinamizando o arrendamento de casas devolutas, criando núcleos dispersos com acessos de saúde, cultura, desporto ou educação, com habitações a custos controlados e outras modalidades.