Comportamentos

“Alinhe” as suas ações com os seus valores pessoais

 
Viver em conformidade com os nossos valores não é uma tarefa fácil, já que requer autoconhecimento e alguma disciplina.

 
É muito fácil dizer que se vive em linha connosco próprios, mas depois damo-nos conta de que, há muitas situações em que nos calamos perante uma injustiça, em que não dizemos o que pensamos e ainda menos, o que sentimos. Tal acontece precisamente porque, em muitos casos, afastamo-nos dos nossos valores de referência para agradarmos os outros, o que, ao fim de algum tempo, nos acarreta muitas angústias e dissabores.
 
Na posição dos especialistas na área da psicologia, é importante que, de vez em quando, façamos um breve exercício que nos permita ver até que ponto as nossas ações estão alinhadas com os nossos valores. Para tal, apresentamos estas simples questões que deverá responder com a máxima sinceridade:
 
- Alguém disse ou fez algo que considerou incorreto, mas que não teve coragem para dizer?
 
- Já sentiu vergonha por ter concordado com algo de que discordava?
 
- Sente que as suas metas ou objetivos não correspondem ao que desejava? Isso costuma acontecer-lhe com regularidade?
 
- Preocupa-se excessivamente por agradar os outros, mesmo comprometendo a sua opinião ou posição sobre um determinado assunto?
 
- Sente que anda demasiado ocupado com a sua carreira ou vida familiar que não tem tempo para pensar acerca de si mesmo?
 
- Os seus objetivos e planos estão de acordo com aquilo em que realmente acredita e defende?
 
Após responder a estas questões, é importante saber como é que se pode alinhar com os seus verdadeiros valores, para isso, reflita um pouco acerca do assunto e aprofunde a leitura com os tópicos que lhe apresentamos a seguir.
 
Um ponto relevante para começar a sua análise pessoal resume-se ao facto de que, quanto mais vivermos em conformidade com os nossos valores, melhor nos vamos sentir nas mais variadas situações de vida. Faz-nos bem saber e assumir que agirmos de acordo com aquilo em que acreditamos e com base nos valores que defendemos. Uma pessoa que defende a honestidade, vai sentir-se muito bem em todas as situações em que conseguiu fazer-se ouvir e assumir uma posição. Este tipo de pessoa vai procurar, o mais possível, encontrar a melhor forma de se fazer entender dando ênfase à sua posição, ainda que respeite a dos outros e que possa aprender com a diferença de posições, no entanto, saberá muito bem afirmar os seus valores na situação. O mesmo se passa com quem defende o amor como prioridade de vida e que saberá muito bem que a sua parceria amorosa é mais valiosa que a carreira por si só e que o dinheiro. Este tipo de pessoas saberá e orientará a sua vida num sentido equilibrado entre o dinheiro e o amor, pelo que lhe será difícil ultrapassar alguns limites que já colocou em si mesma.
 
Na mesma sequência, é interessante recuperar o que são valores pessoais e perceber que estes se referem a tudo aquilo que é muito importante para cada um de nós e que nos ajuda a definir prioridades e um estilo de vida. Esses valores são expressos através das nossas ações e comportamentos, são os nossos guias, as nossas linhas de orientação que colocam um travão quando nos afastamos de determinadas características e que nos motivam quando estamos em linha com aquilo que defendemos. São os valores que nos ajudam a tomar decisões e que nos dão a necessária segurança para vivermos mais livres e felizes, já que são a nossa forma de orientação no mundo.
 
Cada pessoa tem os seus próprios valores, sendo possível encontrar uma grande diversidade dentro de um grupo ou de uma família, no entanto, todos consideram que estão certos. Essa é uma das razões pelas quais discutimos ou nos sentimos amargurados uns com os outros em determinados momentos, pois cada pessoa quer que a sua opinião e valores sejam mais fortes que os de outra. O Segredo para melhorar as relações é o respeito e a negociação. No entanto, há situações em que a diferença de valores é de tal ordem que se torna muito difícil a convivência com alguns humanos. Nesses casos, é preferível optar pelo distanciamento, pois essa será a melhor forma de respeitar alguém que está num plano oposto.
 
Uma forma de definir os valores consiste nos sentimentos que resultam de determinadas ações. Quando nos sentimos muito bem com uma escolha, com um comportamento, numa relação, é sinal de que estamos a agir em conformidade com os nossos valores e, as pessoas com quem nos relacionamos ajudam-nos a fazer esse exercício, o importante é que tenhamos tempo e disponibilidade para o realizar.
 
Respondendo às questões que apresentamos acima, percebemos se nos estamos a relacionar com pessoas com valores semelhantes aos nossos, ou se, pelo contrário, estamos a fazer um esforço enorme em manter algumas ligações sejam elas pessoais ou profissionais. Quando nos sentimos tranquilos e em paz com alguém, isso quer dizer que estamos em segurança e num ambiente onde os valores se encontram, onde há empatia e entendimento. Quando tal não acontece, sentimos mal-estar. Não nos esqueçamos de que somos todos emoção, por muito que queiramos transformar essa realidade em materialismo ou interesse. No fundo, todos funcionamos a partir das nossas emoções, num processo de dentro para fora, daí ser tão importante ouvir o nosso “eu” e perceber se estamos em linha com aquilo que pensamos, sentimos e fazemos.
 
Para terminar, deixamos-lhe mais um exercício: pegue numa folha de papel e escreve aquilo em que realmente acredita e o que é mais importante para si na vida. Depois, faça a sua própria análise das respostas dadas. Com este momento de encontro pessoal, ser-lhe-à muito fácil encontrar os seus valores e aquilo que dá sentido à sua vida. Faça esse exercício sempre que se sentir mais perdido/a, pois vai ajudá-lo/a ao reencontro pessoal e a superar muitos conflitos consigo mesmo e com os demais.
 
Fátima Fernandes