Cerca de 1000 pessoas, incluindo ativistas de 40 países, residentes locais e banhistas, juntaram-se este sábado, na praia de Odeceixe, para criar a imagem de um golfinho na areia, em solidariedade contra a prospeção e exploração de petróleo na costa Portuguesa, acompanhados de uma linha vermelha, onde a praia encontra o oceano, para representar as vozes dos que dizem não.
Numa altura em que os incêndios percorrem o país, destruindo cerca de 30.000 hectares de floresta apenas durante a última semana os grupos ambientalistas ASMAA (Algarve Surf and Marine Association), ALA (Alentejo Litoral pelo Ambiente), Climáximo, Vila do Bispo sem petróleo, Tavira em Transição, Campanha Linha Vermelha, bem como os municípios de Aljezur e Odemira, juntaram-se a esta ação, que se integra no “Defender o Sagrado: Imaginar uma Alternativa Global”.
Trata-se de um encontro internacional a decorrer em Tamera – Centro Internacional de Pesquisa para a Paz, de 7 a 16 de agosto, focado em reconciliar sabedoria indígena com pensamento do futuro, para encontrar uma visão comum para uma cultura global regenerativa.
No seu discurso, Laurinda Seabra, da ASMAA, afirmou que “Entre Abril e Junho de 2018, a GALP e a ENI ameaçam com a pesquisa e exploração de petróleo na costa Portuguesa. A partir desta praia, conseguiríamos ver as plataformas petrolíferas. Aquilo que hoje fazemos é dedicado à protecção dos nossos oceanos, das nossas praias, das nossas terras e do nosso planeta".
Martin Winiecki, coordenador do Instituto para o Trabalho Global pela Paz, em Tamera, e anfitrião do encontro, afirmou por seu lado que “Dedicamos esta ação à mudança de paradigma, de uma cultura de exploração para uma cultura de cooperação com tudo o que vive. Queremos também erguer a nossa voz pelos fogos que assolam Portugal e o mundo inteiro. Estes fogos resultam da gestão danosa de florestas e recursos hídricos. As monoculturas de eucaliptos são incentivadas pelo mesmo sistema orientado para o lucro de curto-prazo, que nos pressiona agora a explorar petróleo nesta costa”.
A mesma ação foi desenhada por John Quigley, porta-voz ambientalista norte-americano, conhecido no mundo pelo seu ativismo de arte aérea.
John afirmou “Hoje o movimento cresce… esta praia é um exemplo disso. Estas famílias pensavam que vinham até aqui para brincar com as suas crianças, e acabaram por se tornar activistas em defesa desta praia”.
Utilizando os seus corpos para desenhar uma enorme mensagem no solo, centenas de pessoas criaram um golfinho na areia com a mensagem “Não ao Furo! Sim ao Futuro” e “Defend the Sacred”.
A receber os participantes encontrava-se Sabine Lichtenfels, co-fundadora de Tamera, e LaDonna Brave Bull Allard, fundadora do primeiro acampamento de resistência indígena contra o oleoduto no Dakota e do movimento em Standing Rock, que surgiu em 2016 nos Estados Unidos.
Tamera é um centro holístico de investigação para a paz e um centro de educação com 40 anos de experiência na criação de comunidades sustentáveis para desenvolver a confiança, é reconhecido mundialmente pela sua paisagem de retenção de água e pelo seu trabalho para uma autonomia regional descentralizada, através da energia solar, retenção de água, regeneração de ecossistemas e autonomia alimentar.
Desde há 15 anos, Tamera trabalha para capacitar agentes globais de transformação e ativistas, apoiando iniciativas de paz no mundo inteiro, transmitindo em direto partes do evento, gratuitamente, em www.tamera.org/defend-the-sacred.