Sociedade

Almargem apelida de “inqualificável” intervenção na Praia de Odeceixe

A intervenção levada a cabo na Praia de Odeceixe (Aljezur), uma das 7 Praias Maravilhas de Portugal, é o mais recente exemplo da falta de “sensibilidade ambiental e incompetência técnica”, segundo a Associação ambientalista Almargem.

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A Almargem clarifica que a chamada "Praia Norte de Odeceixe", foi alvo, há meses atrás, de uma empreitada da Sociedade Polis Litoral Sudoeste, no valor de 112 mil euros, que visou melhorar os acessos ao plano de água, ordenar o estacionamento automóvel e enquadrá-lo melhor na paisagem envolvente.
 
Acontece que a "Praia Norte de Odeceixe", localizada no extremo sudoeste do concelho de Odemira, “pura e simplesmente não existe”, adianta a Almargem, tratando-se de uma extensão de afloramentos rochosos e cascalho que, na maré vaza, deixa a descoberto pequenas extensões de areia húmida e poças de água, muito procuradas pelos banhistas da verdadeira Praia de Odeceixe  para passearem e procurarem conhecer melhor a biodiversidade marinha da Costa Vicentina.
 
A obra, promovida pela Sociedade Polis Litoral Sudoeste, justifica-se apenas pelo facto de a zona terminal da margem direita da Ribeira de Seixe, completamente desabitada, ser bastante procurada por autocaravanas e outros veículos, como alternativa de estacionamento à povoação da Praia de Odeceixe, situada do lado contrário da ribeira, e que, no Verão, se encontra habitualmente muito congestionada de trânsito.
 
No entanto, a APA - Algarve confirmou para este mesmo local, uma intervenção de "emergência" e de "reposição das condições previamente existentes" antes da tempestade Hércules ocorrida em janeiro de 2014, para além de um projecto de "reforço do sistema de escoamento natural da foz da Ribeira de Seixe e do sistema dunar" encarregando a Sociedade Polis Litoral Sudoeste de concretizar esta segunda empreitada, que teve um custo de cerca de 50 mil euros, com o aval prévio da CCDR-Algarve, do ICNF e da Câmara Municipal de Aljezur.
 
A Associação Almargem contesta, que uma acção dita de emergência ocorra mais de um ano após a tempestade de 2014, tanto mais que, posteriormente, algumas das situações haviam já sido repostas de forma natural. E, também, que a empreitada em causa não tenha, tido qualquer incidência sobre os estragos provocados pela tempestade, nomeadamente não se tendo procedido ao desassoreamento da foz da ribeira e se ter extraído grande quantidade de areia no interior da Praia de Odeceixe, justamente num local onde era suposto reforçar o respectivo sistema dunar.
 
Para a Almargem, além de perturbar os utentes da Praia de Odeceixe, em plena época balnear, “verificou-se uma destruição abusiva dos ecossistemas dunares, fluviais e intermareais, provocada pela mobilização de materiais do leito da ribeira, aterro da margem direita e depredação do frágil cordão dunar da Praia de Odeceixe que se encontrava já em recuperação”.