Segundo nota de imprensa da Ass. ambientalista Almargem, terminou hoje o período de discussão pública do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Loja IKEA de Loulé e centros comerciais associados.
Por todo o histórico do processo, a Associação Almargem considera que este é mais um exemplo de como o planeamento não deve funcionar, uma vez que houve uma clara e completa inversão do procedimento normal, sobrevalorizando o alegado interesse público deste projecto, assente numa "inexplicável" teimosia do anterior executivo camarário de Loulé que apostou em favorecer este projecto em detrimento de outras opções.
A Almargem recorda que em 2010, quando foi divulgado o interesse da IKEA em avançar com o projecto de Loulé, havia em cima da mesa outra proposta de um mega centro comercial para a zona da Franqueada (antiga fábrica de cerveja) que, reunia um maior consenso por parte dos agentes económicos locais.
Viveu-se um período de interesses privados, envolvendo duas localizações (Caliços e Franqueada) para a instalação da IKEA e outras grandes companhias, conflito que perdurou até aos dias de hoje com acusações mútuas, abaixos-assinados e ameaças de processos judiciais de ambas as partes.
A Associação Almargem considera que se trata, em ambos os casos, de locais ecologicamente pouco relevantes, apesar de ambos incluírem terrenos pertencentes à Reserva Agrícola Nacional, estatuto que, segundo a Associação ambientalista, nem sempre os poderes públicos respeitam, sobretudo quando outros interesses mais “elevados” se apresentam, como o recente exemplo da Cidade Lacustre de Vilamoura (com terrenos agrícolas de muito melhor qualidade).
Na altura, a Associação Almargem não apoiou, nenhuma das opções de localização, tomando, pelo contrário, uma posição desfavorável à implantação de mais grandes superfícies comerciais em Loulé e no Algarve em geral, tendo em conta a alteração negativa dos hábitos sociais e de consumo que geralmente acarreta e a grave afectação do pequeno comércio tradicional nas zonas envolventes.
A Almargem regista que, para além da IKEA nos Caliços, o outro projecto já referido da Franqueada continua de pé, para além de mais uma mão-cheia de outros projectos semelhantes.
No que respeita ao projecto da IKEA de Loulé, a Associação Almargem considera que o actual processo de discussão pública do Estudo de Impacto Ambiental, de pouco ou nada vale, uma vez que o Plano de Urbanização de Caliços-Esteval, feito exactamente à medida das pretensões deste projecto, foi aprovado de forma expedita em inícios de 2013 pelo Município de Loulé, tendo o projecto sido também reconhecido pelo Governo como PIN (projecto de interesse nacional).
A Associação Almargem pretende denunciar, a subversão completa dos processos de ordenamento do território, a reboque dos interesses privados de um promotor, completamente ao arrepio das normas dos PDMs e ignorando claramente o interesse público.
A Almargem termina dizendo que o PDM de Loulé em vigor contempla outras áreas perfeitamente definidas para este tipo de equipamentos, facto que, no entanto, foi completamente ignorado pelo anterior executivo louletano, tendo contado posteriormente com o aval das entidades oficiais com jurisdição sobre o assunto.