Sociedade

Almargem diz que Cidade Lacustre de Vilamoura "é um dos maiores atentados cometidos sobre o ambiente no Algarve"

Terminou esta segunda-feira, 9 de setembro, a Consulta Pública do Estudo de Impacte Ambiental do Loteamento da Cidade Lacustre de Vilamoura, que consumou, segundo a Almargem o "avanço daquele mega-empreendimento".

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A Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve, aponta em comunicado que o projecto em causa integra-se na designada 2ª Fase do Plano de Urbanização de Vilamoura, mais conhecido por Vilamoura XXI, que contempla a construção de uma rede de canais e três lagos (a juntar a um outro já existente) de água salgada, em torno dos quais serão edificados mais de 1.000 edifícios, somando mais de 2.500 camas, para uma área de cerca de 100 hectares "grande parte da qual ocupada por aquela que é considerada umas das maiores manchas de caniçal do país".
 
A Almargem considera esta situação "inaceitável", na medida em que a Avaliação do Impacto Ambiental por exemplo, "ignorou por completo a necessidade de avaliação conjunta das várias componentes do projecto em tempo útil, tornando-o definitivamente num facto consumado, inviabilizando a análise séria da magnitude dos impactes gerados pelo projecto, de forma isolada, mas também cumulativamente com os outros projectos semelhantes, e mais uma vez, sem apresentação de qualquer alternativa digna dessa designação".
 
Realça também que o projeto em si, "é um dos maiores atentados cometidos sobre o ambiente no Algarve – que irá afundar o pouco que resta daquela que foi outrora a maior propriedade agrícola da região".
 
Os responsáveis da associação, referem que "não deixa de ser irónico que o concelho que travou recentemente (e bem) o avanço de um projecto bem próximo, em Quarteira, com o argumento dos efeitos das Alterações Climáticas, nomeadamente a subida do nível do mar, seja o mesmo que permita agora aprovar um outro que vai inundar parte do seu litoral com água do mar".
 
A Almargem lembra diversas conclusões anunciadas pela comunidade científica sobre a subida do nível do mar, secundadas pelas conclusões do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas da AMAL, onde se prevê que até 2100 este possa subir até 1,6m, o que levará à inundação de várias zonas da costa algarvia, com particular incidência no setor entre a Praia de Faro e Quarteira, incluindo o litoral de Vilamoura".
 
Em conclusão é exigida a recuperação destes habitats "que têm sofrido uma elevada degradação causada pelo impacto humano e a presença de espécies invasoras".