A intervenção de recarga artificial da Praia de Dona Ana em Lagos, vem de novo levantar a polémica em torno das soluções que têm sido postas em prática para, alegadamente, tornar mais seguras as praias do Algarve face ao risco de desabamento das arribas.
Segundo explica a Almargem, a questão sobre a erosão das falésias no Algarve e dos riscos que acarreta para o turismo, foi "amplificada" no Verão de 2009 quando na Praia Maria Luísa em Albufeira, morreram soterrados vários banhistas.
Daí para cá multiplicaram-se intervenções "pesadas em muitas das principais praias algarvias, com desbaste ou betonização das arribas e recarga artificial com areias dragadas no fundo do mar".
No caso da Praia de Dona Ana, a Associação Almargem, destaca que as falésias sobranceiras à praia foram sendo ocupadas, ao longo das últimas décadas e com a "conivência" das autoridades, por grandes empreendimentos turísticos que, para além de exercerem uma enorme pressão física sobre as rochas, a qual potencia a abertura de falhas e o desmoronamento da arriba, aumentaram exponencialmente a procura da praia pelos turistas.
Como tal a consequente falta de espaço no areal numa praia relativamente pequena, como é típico desta zona do Barlavento, tem levado à crescente utilização pelos banhistas de espaços na base das falésias.
A Almargem adianta, que a solução agora em marcha na Praia de Dona Ana consiste em aumentar a largura da praia com recarga artificial de areias o que implica "a subida da cota do terreno emerso e o soterramento parcial das falésias e leixões envolventes, com a destruição da paisagem marítima ancestral e deslumbrante da Praia de Dona Ana", razão principal para ter sido recentemente considerada a “praia mais bonita do mundo” para a revista Condé Nast Traveller e a “melhor praia de Portugal” nos prémios TripAdvisor.
A Associação Almargem considera que "custe o que custar à imagem turística do Algarve, a única solução adequada e honesta passa por manter uma ocupação parcial de cada praia independentemente do seu tamanho e da sua capacidade, delimitando no terreno, com vedações ligeiras de estacas e corda, a respectiva zona de risco".
A este respeito, a Associação sublinha, que "muitos milhares de euros têm sido gastos nos últimos anos com intervenções na margem das falésias, incluindo a construção de percursos pedonais, miradouros, barreiras de protecção e passadiços, aumentando nalguns casos ainda mais a pressão sobre as rochas instáveis, como acontece, por exemplo, na própria Praia Maria Luísa, para além dos largos milhões empregues nas intervenções mais pesadas de regularização das arribas e realimentação artificial das praias, quando na verdade, pouco ou nada tem sido feito para delimitar no terreno as zonas de risco para os banhistas, para além da instalação de discretos painéis informativos e placas de alerta, o que indica que o que verdadeiramente importa para as entidades responsáveis não é a segurança das pessoas mas sim a preservação da imagem de praias idílicas com falésias maravilhosas, apesar de naturalmente instáveis".
Neste contexto, a Associação Almargem apela "a todos os lacobrigenses e amigos da Costa Dourada e do Algarve para comparecerem no próximo sábado, dia 18 de Abril, pelas 15h00, junto à praia Dona Ana, para exigir a suspensão imediata do processo de destruição em curso".