Economia

Almargem exige à Cimpor de Loulé que esclareça efeitos ambientais sobre novos materiais para co-incineração

A Cimpor de Loulé pretende passar a utilizar nos seus fornos uma maior percentagem de combustíveis alternativos, nomeadamente resíduos de aterros sanitários e lamas de ETARS, quem o diz e a Almargem.

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Em comunicado esta associação de defesa do ambiente, explica que o Centro de Produção de Loulé da Cimpor, inaugurado em 1973, ocupa uma antiga zona agrícola no Barrocal a oeste da cidade de Loulé. 
 
Relativamente à poluição provocada pela fábrica ao nível do ar, da água e do ruído, o seu relativo isolamento minimizou os impactes verificados sobretudo nas primeiras décadas de funcionamento, no entanto há dez  anos atrás surgiu "uma séria polémica relacionada com o  interesse da Cimpor em utilizar farinhas animais como combustível, numa altura em que esses materiais levantavam grandes suspeitas, devido à possível contaminação pelo agente da chamada doença das vacas loucas".
 
Afastada a hipótese das farinhas animais, a Almargem descreve que a partir de 2009 a Cimpor  apostou essencialmente na co-incineração de pneus triturados, de forma  a diminuir a utilização de coque de petróleo (resíduo de refinarias de  petróleo, muito rico em carbono), principal combustível utilizado nos fornos.
 
Após um período de quase estagnação, coincidente com a venda da empresa à multinacional InterCement, a Cimpor quer agora renovar a sua  licença ambiental, entretanto caducada, acrescentando mais alguns materiais ao seu menu de co-incineração, nomeadamente "passar a incorporar lixiviados de aterros sanitários e lamas secas de ETARs, para além de resíduos da indústria têxtil, de centrais elétricas a carvão e de plásticos de construção, reduzindo a utilização de coque de petróleo".
 
Perante estas intenções, a Associação Almargem exige que a Cimpor esclareça "cabalmente" a origem concreta desses novos materiais e as possibilidades de contaminação derivada da eventual inclusão de resíduos indevidamente tratados no processo de fabrico de cimento, no que respeita à presença de metais pesados e dioxinas, para além do impacto da sua incorporação na evolução das taxas de emissão de gases poluentes e gases com efeito de estufa.