Foi inaugurada esta quarta-feira de manhã, aquela que será a primeira escola pública de ensino de Música a Sul de Lisboa – o Conservatório de Música de Loulé.
É no emblemático edifício do Solar da Música Nova (reabilitado) que, para além do Conservatório, ficará instalada também a sede da Sociedade Filarmónica Artistas de Minerva e a Escola de Música desta associação cultural.
Recorde-se que, no mês de maio, a Câmara Municipal de Loulé celebrou um protocolo com o Ministério da Educação para que a partir do ano letivo 2018/19 seja lecionado em Loulé o ensino público especializado da Música no 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico (do 5º ao 9º ano) e do Ensino Secundário (do 10º ao 12º ano). A Autarquia cedeu o espaço cuja reabilitação foi também custeada pelo Município, no valor de 3 milhões de euros, enquanto que tudo o que diz respeito à colocação de docentes e parte administrativa foi da responsabilidade do Ministério.
Com esta iniciativa, Loulé passará a ser um centro de ensino da Música de referência na zona Sul do País.
Na abertura do novo ano letivo, António Costa disse ter muito orgulho por estar em Loulé, «uma terra com tradição na cultura; um excelente exemplo de como se pode trabalhar em parceria e todos para o mesmo lado, o que é um exemplo para o país».
O primeiro-ministro disse aos convidados que «é dia de festa e, não há festa sem música e por isso, nada melhor para celebrar a abertura deste ano letivo com esta inauguração; que é uma dupla celebração: a inauguração do Conservatório de Música de Loulé e a nova sede da Banda Filarmónica Artistas de Minerva».
António Costa confidenciou que, «em 1971 tive o privilégio de participar na primeira experiência de ensino artístico integrado que houve em Portugal. Isso demonstra bem como as mudanças demoram muito tempo a se tornarem realidade».
Para o Governante «inaugurar o primeiro conservatório público a Sul do Tejo, é uma enorme honra e uma marca muito importante de que o país está a mudar, uma mudança que estamos a construir. Este é o caminho que queremos seguir».
Num ambiente de boa disposição, António Costa adiantou ainda que, «a aprendizagem da música permite sermos engenheiros e músicos, carpinteiros e músicos, desportistas e músicos ou só músicos ou não músicos como é o meu caso…!»
Salientou que, «a aprendizagem do ensino artístico não fez de mim nem um músico, nem um bailarino, mas ensinou-me a saber sentir e, isso é extremamente importante».
Na mesma cerimónia, o primeiro-ministro sublinhou «que o papel da escola não é só ensinar a ler, a contar e a escrever. A função fundamental da escola é fazer de nós cidadãos livres e, a liberdade começa logo com o acesso ao conhecimento, a capacidade de sentir, de interagir e de sermos cidadão e essa é a escola que queremos e, para isso, estamos a dar continuidade a projetos muito importantes que foram iniciados há três anos».
Na mesma intervenção o chefe do governo reforçou as suas palavras com um estudo da Comissão Europeia que demonstra bem o quanto é essencial preparar os jovens para novas aprendizagens e desafios, uma vez que, «a maioria dos alunos que hoje frequenta o sistema de ensino, vai ao longo da sua vida, exercer profissões que não foram sequer inventadas». Portanto, «uma escola que forme simplesmente para as profissões que fazem parte do passado, é uma escola que não cumpre a sua função de fornecer mais ferramentas para continuarmos a aprender ao longo da vida, a sermos capazes de ter a sensibilidade e o conhecimento suficientes para respondermos às diferentes oportunidades».
O governante salientou ainda a importância das «novas medidas no que se refere ao ensino especial, isto porque temos forçosamente que ter todos os alunos integrados e as crianças diferentes merecem essa nossa atenção redobrada».
Na mesma sequência de mudanças, o primeiro-ministro realçou o ensino pré-escolar e os manuais gratuitos para afirmar uma escola para todos: «temos até ao momento, mais 50 salas de ensino pré-escolar a somar às 170 que tínhamos no ano letivo anterior, o que representa uma taxa de cobertura de 90%, mas daremos o nosso trabalho como concluído quando atingirmos os 100% que é a nossa meta».
Para o presidente da Câmara Municipal de Loulé, António Aleixo, «é uma enorme honra e alegria vincar o arranque deste ano escolar com as presenças do primeiro-ministro e do ministro da educação, neste momento de inauguração do Conservatório de Música de Loulé».
O edil referenciou a beleza do edifício; que «da arquitetura palaciana de Loulé do séc.XVIII, encontrava-se desabitado. Era a imagem de uma certa decadência urbana que a todos incomodava e entristecia. Com a intervenção levada a cabo, temos um magnífico edifício reabilitado e que, a partir deste dia, receberá o Conservatório de Música de Loulé Francisco Rosado e a sede da Banda Filarmónica Artistas de Minerva».
António Aleixo realçou a curiosidade de «este conservatório se chamar Francisco Rosado que, é o nome de um grande músico que criou o Festival de Música Antiga de Loulé e de o Conservatório Regional do Algarve em Faro, ter o nome de Maria Campina, uma grande pianista louletana».
O edil sublinhou que, «a educação dos muitos milhares de jovens que por aqui vão passar é muito mais valiosa que os dois milhões e oitocentos mil euros que nos custou esta obra de reabilitação do edifício».
Vitor Aleixo reconheceu «o trabalho de equipa de enorme qualidade e rigor profissional que deu lugar a esta obra» e evidenciou Vítor Mestre e Sofia Aleixo, pelo projeto de arquitetura, deixando em aberto «um novo ciclo de regeneração urbana da cidade».
O autarca evidenciou que esta «Peça Sinfónica» dará o mote para outras intervenções «como é o caso do Palácio Gama Lobos que será para muito em breve».
Vítor Aleixo destacou ainda a «musealização dos banhos islâmicos da nossa cidade que são uma peça de arqueologia de grande dimensão e que será também um ponto de interesse patrimonial, não apenas para o Algarve, mas para o país». Em fase de execução e de recuperação, «está a igreja Matriz, entre outras intervenções que estamos a levar a cabo no nosso concelho».
O edil louletano recordou que, «o concelho dispõe de uma forte aposta na educação para transmitir às gerações vindouras os saberes de outros que cá estiveram, daí a nossa aposta nesse sentido».
O autarca destacou o amor à terra, às gentes e às suas raízes, «como razão maior para revitalizar o património, para oferecer esse conhecimento aos mais novos e para ser uma marca da nossa identidade. Temos hoje mais um importante exemplo disso com a inauguração desta obra que certamente servirá muitas gerações e que para nós é um motivo de orgulho».
Refira-se que na cerimónia de inauguração foram convidados o primeiro-ministro, António Costa, o Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e os Secretários de Estado, Alexandra Leitão e João Costa, autoridades civis e também militares, para além do Presidente da Assembleia Municipal de Loulé, Presidente da AMAL, da CCDR, Diretora Regional de Cultura, entre outros.
