Sociedade

Aprendemos ao longo de toda a vida

 
Muito já se escreveu e pensou acerca da capacidade do ser humano aprender ao loongo de toda a vida, sendo que os resultados de estudos recentes comprovam essa capacidade, uma vez que o nosso cérebro está sempre a reorganizar-se e a preparar-se para receber novos conteúdos.

 
Não nos perdendo por entre as teorias capazes de explicar melhor esta capacidade cerebral, podemos simplificar dizendo que, à medida em que vamos envelhecendo, vamos perdendo algumas potencialidades e dando lugar a outras, estando provado que o cérebro humano produz novos neurónios até ao último dia de vida.
 
Com esta posição defendida pela ciência, percebemos que, uma pessoa com 65 anos consegue preservar a sua capacidade de aprender e até é possível que amadureça conteúdos com mais facilidade e rapidez que uma pessoa mais jovem, é preciso é que saiba respeitar o seu ritmo natural, a forma mais lenta que possui e tirar partido dessas novas possibilidades.
 
Não é por acaso que há cada vez mais pessoas a apostar em cursos superiores numa fase mais avançada de vida, pois para além do prazer de aprender, sente-se muito mais capaz de dar resposta a desafios que não conseguiu cumprir noutras etapas em que andava mais ocupado com o seu quotidiano e atividade profissional.
 
O nosso cérebro está preparado para receber novos conteúdos e para responder à altura em cada etapa de vida, pelo que é essencial estimular as áreas que estão preservadas para conseguir obter os melhores resultados e prevenir doenças mentais.
 
A curiosidade em aprender, em fazer coisas novas, em transformar memórias do passado, são desafios à mão de quem quer experimentar uma forma de vida mais livre e criativa; sentir-se ativo até ao fim do seu percurso e participar em diversas atividades e centros de interesse.
 
A ciência assegura que é importante manter a vida social, já que esta ajuda a manter a mente ativa e capaz de pensar em alternativas, tal como é benéfico reduzir os preconceitos que, muitas vezes não nos deixam aceder a novos conhecimentos, bem como transformar o passado em experiência para que se consiga avançar.
 
Está igualmente provado que, pessoas que fazem parte de meios mais desfavorecidos, sentem mais dificuldades em manter esta dimensão viva e ativa pelos condicionalismos que tiveram numa educação baseada no medo e em muitos traumas que, por si só também condicionaram a capacidade de aprender. Ainda assim, tudo o que possa enriquecer estas mentes, é positivo para que se mantenham melhores do que os seus pais já foram.
 
Quer isto dizer que, nunca é demais apostar na aprendizagem em todas as etapas de vida e provar a si mesmo que é mais evoluído do que foram as pessoas do seu meio e da sua comunidade. É nesse sentido que a aposta numa educação igual para todos, ajuda a reduzir as diferenças e a construir mais oportunidades de conhecimento para todos.
 
Basta que se tenha acesso a livros e, por exemplo a material informático para que cada pessoa possa construir um passo seguinte no seu conhecimento de base.
 
O essencial é que se desperte para a necessidade e o gosto de ler, de aprender, de conhecer e de contrariar hábitos que nos limitam essas capacidades.
 
Naturalmente que uma pessoa que usa as redes sociais para reproduzir aquilo que já sabe, não está a aprender nada de novo, mas se utilizar os meios tecnológicos para se cultivar, para aprender, para saber mais para interagir com outras pessoas com conteúdos mais evoluídos, não há dúvidas de que está a manter as suas capacidades mentais num sentido positivo.
 
Tentar fazer algo novo de vez em quando, ter interesse em conhecer novos lugares, estar com outras pessoas, falar sobre outros assuntos, são pontos a favor da saúde mental que se pretende e formas de garantir que o nosso cérebro está a preservar durante mais tempo todas as suas capacidades.
 
É fundamental ter em conta que, o nosso organismo funciona como um todo e que, muitas doenças mentais influenciam a qualidade de vida também a nível físico e emocional. A depressão provoca dores no corpo, tal como as dores físicas conduzem à depressão.
 
O mesmo se passa com o domínio emocional que é tão relevante como qualquer outro. Assim, tudo o que nos possa ajudar a sermos felizes e livres emocionalmente está a mudar a nossa forma de vida e a acrescentar a nossa felicidade. Por outras palavras, alguém que sinta pesos do seu passado não resolvido, está a limitar as suas capacidades mentais, a função da sua memória e a sentir cada vez mais mau-estar físico. Está tudo interligado e, somente uma tomada de posição consciente daquilo que nos está a impedir de sermos felizes é que nos pode ajudar a superar esses momentos difíceis.
 
Muitas pessoas querem sentir liberdade e felicidade na terceira idade, mas não fazem o seu trabalho de casa que, é como quem diz, não entram dentro de si mesmas e não assumem os seus conflitos e dramas interiores. Não identificam aquilo que as condiciona e impede de serem felizes.
 
Para obter estes bons resultados mentais, temos de fazer a nossa parte e libertar-nos daquilo que nos faz mal. Com esse processo de transformação, conseguimos tirar partido das nossas capacidades. Não basta ler um livro para tratar um trauma, temos de ir à sua causa e identificar o que fizemos para que assumamos a situação.
 
É pela falta deste tipo de consciência que, durante muitos anos se pensou que a terceira idade era a fase de vida em que “se pagava tudo” o que se fez ao longo dos tempos. É realmente a etapa em que temos mais tempo para pensar e naturalmente que são muitas as memorias mal resolvidas, mas temos de nos reorganizar, pedir ajuda quando necessário e seguir em frente.
 
Fátima Fernandes