Dicas

As 5 formas de violência psicológica mais comuns entre os casais

 
Muitos parceiros nem se dão conta de que são vítimas de violência doméstica porque as estratégias utilizadas são muito subtis.

 
Na posição dos especialistas, é comum que um dos elementos do casal se faça munir por técnicas de manipulação do outro que se baseiam no controle e na capacidade de o ferir sem que ele se aperceba.
 
É também recorrente que as mesmas técnicas sejam utilizadas entre pessoas da mesma família onde a relação é de proximidade e se tem em vista controlar o outro, sendo muito comum entre pais e filhos, por exemplo.
 
A vítima passa por uma série de agressões psicológicas, mas como não é ferida fisicamente, acaba por aceitar esse modelo de vida sem se queixar e sem assumir que sofre de violência doméstica.
 
Um simples exemplo de violência no seio do casal é o ato de falar alto com o parceiro ou de gritar, pois ninguém tem o direito de faltar ao respeito a quem quer que seja e isso é também considerado como uma forma de agressão.
 
O agressor que grita, que ignora o outro, que lhe faz algum tipo de pressão indireta, é muito mais difícil de desmascarar e, ao mesmo tempo, é melhor sucedido na sua tentativa de manipular e de ferir o outro.
 
Na posição dos entendidos nesta matéria, o agressor que pratica esta forma de violência psicológica tenta rodear-se de pessoas “à medida” das suas intenções, pelo que, por norma, procura parceiros ou parceiras inseguras, com um passado doloroso, frágeis, pouco assertivas e ainda menos reativas.
 
O agressor/manipulador sabe muito bem até onde pode ir e, ainda melhor quais as estratégias a utilizar para atingir os seus fins. Na posição dos especialistas, estas são as 5 técnicas mais comuns, pelo que devemos estar atentos:
 

1.Silêncio passivo-agressivo

Este é um mecanismo que poderíamos chamar de “guerra fria” para manter o outro em suspense ou alimentar-lhe a insegurança. Aqui não há gritos, nem palavras estridentes. O que há é uma comunicação lacónica, em que o agressor responde com monossílabos, apesar de ser evidente que precisa de respostas mais amplas.
 
Essa forma de ferir para controlar também se exerce mantendo o silêncio sobre questões importantes que atingem o outro. Nada ou pouca informação é comunicada à outra pessoa, sempre com o objetivo de criar confusão e perplexidade. Esse tipo de silêncio é passivo-agressivo.
 
A lei do gelo ou calar é uma forma de controle e manipulação.
 

2.Bloquear o diálogo para manter o conflito

Este mecanismo de ferir para controlar é semelhante ao anterior, mas não o mesmo. Neste caso, há um bloqueio sistemático do diálogo sobre questões específicas. Em geral, as possibilidades de lidar com determinadas questões são impedidas ou sabotadas, o que quase sempre tem a ver com erros ou lacunas na pessoa que detém o poder na relação.
 
Na prática, o agressor muda de assunto, evita o contacto de qualquer tipo, para além de se fazer de vítima quando é confrontado com algum tema que não lhe agrada. Com essa estratégia, acaba por terminar o assunto sem que abra a possibilidade de o problema se resolver. Esta posição acaba por criar uma profunda sensação de injustiça na vítima e por desencadear muito sofrimento e desconforto.
 

3.Banalizar o outro

A gritaria e a ridicularização são duas maneiras de minimizar o que o outro pode fazer. Em última análise, o objetivo é minimizar o outro e, dessa forma, desqualificar o que ele diz ou manifesta.
 
O agressor também usa a estratégia de desvalorizar o que o outro diz ou faz como forma de o minimizar e de lhe retirar algum tipo de poder e para lhe fazer sobressair os pontos fracos.
 
O objetivo final é fazer com que o outro se se sinta insignificante.
 

4.Negar a autorresponsabilidade

Esta é outra maneira comum de ferir para controlar. A intenção aqui é justificar quaisquer erros cometidos. O objetivo é não admitir o erro, já que isso é considerado uma espécie de “rebaixamento” diante do outro. Por esta razão, até se mente para evitar qualquer responsabilidade por um erro.
 
Também é possível que o erro seja minimizado, mesmo que tenha sido grave. É subestimado e o outro é até acusado de lhe dar mais relevância do que tem. Da mesma forma, não é incomum que, ao apontar um erro, em vez de assumir a responsabilidade, o outro acabe por falar sobre os erros de quem o questiona.
 
Atacar o outro com os seus erros é uma forma de o impedir de ter alguma preponderância na relação. Esta estratégia dá lugar a que, o agressor se mantenha sempre na liderança.
 

5.Culpar e criticar

Esta é a maneira clássica de ferir para controlar. Esta estratégia é muito utilizada para disfarçar a violência psicológica que existe no seio do casal. Consiste, em primeiro lugar, em transferir a responsabilidade de um problema para o outro. “Tu deixas-me desorientado/a”, “Já não sei o que fazer porque tu me tiras do sério”, “És tu o/a culpado/a por isto estar a acontecer”, “Sinto uma raiva enorme por tua causa”.
 
O ciclo completa-se com uma série de críticas, talvez não muito intensas ou profundas, mas contínuas e repetitivas.
 
São utilizados mecanismos de manipulação verbal e, como não são explicitamente violentos, são aceites com certa facilidade no contexto do casal, na família ou no trabalho. É importante entender que são atos de violência psicológica, por isso exigem uma boa dose de assertividade da nossa parte.
 
Note-se que, o agressor utiliza estas técnicas no seu dia a dia e leva a vítima a considerá-las normais e uma forma de convivência natural. A vítima precisa de reagir e de terminar com um arrastar contínuo de sofrimento, pelo que, quando se aperceber daquilo que sofre, deve pedir ajuda especializada e, tanto quanto o possível, afastar-se desta relação.
 
O psicólogo ou psicoterapeuta irá fazer um trabalho de encontro pessoal para que se construa uma boa autoestima, uma vez que, a vítima que passou por todo este sofrimento, está desgastada e sem qualquer amor-próprio.