No seu apontamento semanal no programa Você na TV (TVI), o psicólogo Quintino Aires, alerta para a importância de incentivar as crianças a participar nas tarefas domésticas.
Segundo este especialista em comportamento humano, “o facto das crianças ajudarem os pais nas tarefas domésticas, permite-lhes desenvolver áreas do cérebro fundamentais para se estruturarem enquanto adultos mais organizados e trabalhadores”.
As tarefas devem ser ajustadas à idade e, os pais devem partir do princípio de que “ninguém nasce ensinado”, pelo que se deve ter alguma paciência para ensinar e para esperar resultados.
No entanto, o incentivo deve começar desde cedo, a ponto de, “aos seis anos de idade, a criança ser capaz de arrumar o seu quarto com a mãe ou com o pai e, não para ajudar os pais. Essa deve ser uma responsabilidade adquirida ao longo do seu processo de desenvolvimento que começa com a arrumação dos seus brinquedos e, aos poucos, passa a ser uma tarefa sua”.
Para Quintino Aires, arrumar o quarto e as demais áreas da casa, “é um princípio fundamental para que a criança aprenda a organizar a sua vida no futuro”.
Relativamente ás recompensas após as actividades, o especialista sublinha” não devem ser dadas quaisquer recompensas à criança por ter ajudado nas lides domésticas, já que faz parte da obrigação de todos organizar e arrumar a casa. A recompensa vai estragar esta mensagem essencial e dar a entender à criança que recebe algo porque não fazia parte das suas actividades diárias ajudar na limpeza da casa”.
Assim, os pais devem ensinar e adequar as tarefas à idade e ás capacidades dos mais pequenos e primar pelo exemplo: o pai ajuda a manter a casa organizada tal como a mãe e os filhos para que todos vivam num ambiente melhor.
De um modo geral, os mais pequenos gostam de participar e devem fazê-lo, exigindo-se apenas alguns cuidados em termos de segurança como é o caso da cozinha que deve surgir mais tarde devido aos perigos com objectos cortantes e com o fogão.
De resto, Quintino Aires reforça que, há muitas tarefas que as crianças podem e devem aprender como sendo limpar o pó, pôr a mesa, fazer a sua cama, aspirar e estar lado a lado com os pais a conversar enquanto trabalham para o bem da família dentro de casa.
Também a questão de género deve ser tratada com igualdade, uma vez que, meninas e meninos têm de trabalhar em casa para aprenderem a ser adultos mais organizados.
Quintino Aires ressalva que, na adolescência “vão ocorrer muitas alterações comportamentais e que, o facto de terem aprendido a limpar e a arrumar a casa, não implica que naturalmente o façam quando mais crescidos, no entanto, as estruturas que se formam a partir dos seis anos de idade, vão determinar a forma como o sujeito se vai apresentar perante a vida aquando adulto”.
Quer isto dizer que, o intuito das tarefas domésticas não é necessariamente tornar adultos arrumados em casa, mas sim desenvolver competências que vão ajudar o indivíduo a saber lidar com aspectos essenciais da sua vida, sendo que a organização está no centro dos objectivos.
Depois esta relação familiar aproxima pais e filhos e dá lugar a conversas muito importantes para a formação da personalidade.
