Comportamentos

As pessoas com quem nos relacionamos determinam muitos dos nossos comportamentos

 
Aprendemos por imitação e é esse o processo que nos orienta ao longo da vida caso não paremos para pensar, para ponderar e para ver a realidade sem artifícios.

 
Aprendemos entre pessoas, num ambiente humano a tornamo-nos melhores ou piores consoante a influência que recebemos. É assim desde o berço, quando contactamos com aqueles que são a nossa primeira ligação com o mundo e é assim ao longo da vida, razão pela qual acredito que podemos sempre alterar aquilo de que não gostamos e dar ênfase ao que nos causa melhores sensações e resultados positivos.
 
Apesar de aprendermos com os nossos pais e demais familiares, também recebemos conhecimentos dos grupos de pertença, dos amigos e de todas as pessoas com quem contactamos, o que no seu todo, dá lugar àquilo que somos e ao que queremos ser. Nesta linha de orientação, os filhos não têm obrigatoriamente que repetir os seus pais, mesmo naquilo em que só parece existir uma forma de ação, pois se o fizéssemos não teríamos certamente o progresso a que assistimos hoje. Somos um mundo mais evoluído porque muita gente não se ficou pelo exemplo que recebeu dos pais. A mulher trabalha porque muitas mulheres lutaram para que saísse de casa e que não seguisse a linha das suas mães, por exemplo.
 
O homem está muito mais desenvolvido porque modificou muito do que recebeu dos seus pais e, quantas pessoas acrescentam aquilo que aprenderam em casa e conseguem lugares de topo em grandes empresas? Quantos alunos brilhantes contrastam com aquilo que os familiares lhes ensinaram? Seguramente que o leitor conhece inúmeros casos desses, o que deve constituir uma inspiração mesmo para quem nasceu e se desenvolveu num nível mais baixo. É sempre possível alterar algo, que mais não seja a ambição para aprender, para saber mais em termos de cultura geral e para ir ao encontro de novas experiências. Gosto sempre de referir o nome de Joe Vitale que nasceu num meio pobre, que foi camionista e que hoje é um nome amplamente conhecido em termos mundiais pela sua perspetiva positiva de ver a vida e de enfrentar as dificuldades. Penso que esse é um caso entre muitos ouros, que pode ser muito inspirador para todos nós. Quem nasceu num local mais isolado e fora dos grandes centros, certamente que terá mais dificuldade de acesso a certos conteúdos, mas isso não quer dizer que, se souber persistir, ir aos locais certos, estar com as pessoas indicadas, não consiga ascender e mudar o rumo da sua vida. É tudo uma questão de encarar as dificuldades como desafios e de não desistir.
 
Com este apontamento quero dizer que ninguém está condenado ao meio em que nasceu e que cresceu, já que pode sempre seguir outra linha de vida, é preciso é que saiba que existe alternativa, o que quer e colocar o seu foco nesse objetivo. Ao mesmo tempo, ao convivermos com outras pessoas, aplicamos o mesmo processo de crianças: a imitação para aprendermos o novo, a ver o mundo com outros olhos e, muitas vezes inspirados em melhores exemplos do que aqueles que recebemos da nossa família originária.
 
Se tivermos isto em mente, procuramos bons profissionais da área que pretendemos seguir, tentamos fazer parte de grupos com melhores pessoas e estaremos preparados para seguir num caminho alternativo ao que tivemos. Acredito tanto esta condição que, considero essencial para toda a gente, todos podemos ascender a partir da base que tivemos e encontrar uma vida mais rica e interessante, um passo a seguir ao que conhecemos e, a partir daí, ir sempre definindo mais e melhores objetivos.
 
Nem todos têm a sorte de ter pais letrados e evoluídos e, isso não quer dizer que não possam ascender, pois quanto mais o fizerem, mais realizados serão e mais capazes se vão tornar de compreender, aceitar e respeitar o meio em que nasceram.
 
É verdade que trazemos uma base de casa e que isso nos pode acarretar, em alguns momentos, medos e inseguranças, mas também podemos pedir ajuda para aprender a lidar com essa situação, tal como podemos desenvolver a nossa força emocional ao ponto de procurarmos desenvolver aquilo que temos de melhor e transformar aquilo que nos poderia prejudicar. O primeiro passo é querer, depois definir o objetivo, identificar as pessoas que nos podem conduzir ao que pretendemos, ser humildes e capazes de pedir ajuda, começar do mais pequeno para o maior e, estarmos sempre preparados para o melhor que a vida nos vai dando degrau a degrau. A partir desta base, podemos relacionar-nos com qualquer pessoa, pois estaremos sempre prontos para aprender, para evoluir e para nos acrescentarmos enquanto seres humanos.
 
O mesmo se passa no seio de um casal. Alguém que é capaz de ambicionar uma vida melhor do que a que teve na infância, irá certamente procurar uma vida conjugal mais inspiradora e feliz. Ao saber identificar o que pretende, consegue encontrar a melhor pessoa para se encaixar nos seus desejos e planos de vida. Será muito mais fácil distanciar-se do passado e construir uma vida nova. É verdade que dá trabalho, é certo que implica mudanças, pois a base estava instituída, mas também é um facto que é acessível a quem estiver disposto a encetar algo novo, sabendo que vai para melhor.
 
Pretendo que o leitor acredite mais nas suas capacidades, que siga o que sente e que corra atrás dos seus sonhos realistas. Não temos de aceitar tudo, nem romper com tudo. Temos simplesmente de encontrar a melhor forma para aquilo que queremos ser, sabendo que, em cada idade desenvolvemos competências diferentes e que não podemos querer tudo ao mesmo tempo. Vamos evoluindo degrau a degrau e aproveitando o melhor de cada etapa para o transportar para a seguinte. Ser ambicioso não quer dizer mudar o mundo, mas sim posicionar-se melhor em cada situação, estudar o suficiente para poder chegar ao lugar onde se situam os outros, estar desperto para aprender porque se quer saber mais e sensível para poder viver uma vida com mais qualidade  e estabilidade emocional.
 
No seu livro acerca da liderança, Daniel Goleman mostrava-se preocupado com os líderes do futuro precisamente por esta falta de sensibilidade para os outros. Quem quer subir na vida tem de começar desde cedo, a construir uma base emocional estável, pois esse será um dos importantes requisitos que está a fazer a diferença entre ser muito bom numa determinada área ou ser excelente em termos académicos e medíocre em termos humanos. Penso que, bons pais podem educar os seus filhos para estas áreas essenciais e que são um desafio para o nosso tempo. Quem não é capaz, deverá incentivar os mais novos para integrarem grupos que os possam ajudar nesse sentido, pois essa será uma importante ferramenta para todos, mas sobretudo para as novas gerações: a inteligência emocional. Se os nossos filhos poderem receber essa base de casa, certamente que vão ter a sua tarefa muito mais facilitada no futuro, este é um dos objetivos de todos os pais e pais: dar o melhor aos filhos, basta aplicar ou pedir ajuda quando não sabemos o que fazer, pois ao mesmo tempo, estamos a ensinar-lhes esses bons valores também.
 
Fátima Fernandes