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As principais causas do divórcio

As principais causas do divórcio
As principais causas do divórcio  
Foto Freepik
Muitas pessoas não se separam porque aceitam sofrer em silêncio ou fugir da realidade, mas não é preciso chegar a esse ponto, muito menos à separação, afirmam os especialistas.

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O essencial é que os parceiros admitam que a vida a dois é desafiante e que requer uma boa dose de entendimento, respeito, flexibilidade, comunicação e, acima de tudo, o desejo de estarem juntos enfrentando as dificuldades diárias.

Um novo estudo publicado no “Marriage & Family Review” descobriu que os relatos que os casais contam nos ambientes sociais, refletem o modo como vivem a sua intimidade e individualidade e que, até os relacionamentos mais fortes, em muitos casos, acabam por não resistir a uma angústia escondida, à falta de atenção do parceiro, às exigências do dia a dia em que não se partilham as dificuldades e também à falta de momentos de descontração entre os elementos da parceria amorosa.

A necessidade de cumprir “o socialmente aceite” e o padrão que se foi definindo como “casamento de sonho” e “casal exemplar”, acaba por arrasar as relações pela falta de sinceridade, de desabafo sobre o que realmente importa e sobre o que se sente verdadeiramente, sendo desde logo, um ponto para reflexão.

Também o facto de muitos casais aproveitarem os momentos sociais para debitarem aquilo que os incomoda e que deveria ser falado na intimidade e não no grupo de amigos ou na família, dá lugar a uma espiral de negatividade no seio emocional e conjugal, muitas vezes irreversível, dando lugar a disputas, conflitos e um mau ambiente que ninguém consegue suportar e que não deveria ser permitido numa união amorosa.

O estudo aferiu que entre as principais queixas dos parceiros estão:

1. Sacrificar necessidades individuais

É essencial que os parceiros coloquem o casamento, a união, a partilha, o diálogo na linha da frente, mas que não se esqueçam das suas necessidades pessoais, daquilo que gostam, do seu tempo, dos seus desejos, preferências e interesses que, na maioria das vezes, até são uma mais valia para a relação, pelo que não devem ser omitidos, sob pena de, em pouco tempo, não se conseguir suportar “a prisão” do casamento.

2. Arrastar comportamentos tóxicos ou negativos

Muitas vezes, para não ferir o parceiro, deixa-se arrastar situações que prejudicam a convivência diária e que poderiam ser melhoradas, como é o caso do egoísmo, um cônjuge que não colabora nas tarefas, que não cumpre horários, que está permanentemente desconectado da vida familiar, a falta de paciência ou relutância em adequar melhor os seus comportamentos, o que são fontes de muito desgaste e que facilmente ditam o fim do amor e de uma convivência saudável.

3. Falta de limites

Este é um ponto complexo, na medida em que se torna difícil equilibrar aquilo que é de âmbito pessoal e que não prejudica a relação e aquilo que pode comprometer a convivência diária. Para os cientistas, o fundamental é que ambos os parceiros saibam o que querem, que transmitam de forma educada e respeitosa  o que desejam e que não se esqueçam de respeitar-se também individualmente. Estabelecer acordos é uma tarefa delicada, mas é o único caminho para a harmonia, logo, cada um dos parceiros deve desenvolver essa capacidade de se fazer ouvir, respeitar e entender para que a relação respeite também esses limites do que é pessoal e de casal, sem que a relação, a honestidade, a comunicação e a sinceridade fiquem afetadas. O segredo é abrir o coração, dizer o que se sente, mas sempre com o cuidado de não ferir o outro.

4. Deixar-se afetar pelos outros

Estamos inseridos na sociedade e. facilmente podemos deixar-nos afetar pelo mundo, seja através dos dispositivos, seja no contacto direto com as pessoas. Ao mesmo tempo, uma outra grande fonte de influência negativa numa relação, são os familiares dos cônjuges, os problemas do dia a dia no trabalho, a vida financeira, problemas de saúde, dificuldades na escola dos filhos, entre outros. De acordo com os cientistas, a melhor forma de um casal resistir aos agentes externos e stressores é encontrar diariamente um espaço com tempo para conversar, desabafar, planear a vida familiar, debater os gastos e as contas, programar momentos de lazer em família, gerir as lides domésticas em conjunto, partilhar medos, dúvidas e aspirações, realizar atividades em conjunto para que possam descontrair e alimentar os sentimentos que os unem e não perder de vista a intimidade. Deste modo, será mais fácil resistir à pressão diária, dizer “não” ao que não interessa e ultrapassar divergências conjugais porque constrói-se uma união mais forte e cúmplice.

5. Lidar com a incerteza

A incerteza surge, na maioria dos casos, quando o diálogo não é franco e sincero, com espaço para que os parceiros digam o que sentem, o que pensam e o que temem, pois quando essa união e cumplicidade existe, torna-se mais fácil construir a força interior e a resiliência, ao mesmo tempo em que ambos se sentem mais confortáveis e seguros na relação.

Incentivar conversas abertas sobre aspirações pessoais, envolver-se em atividades que promovam a autorreflexão e exploração, como participar em workshops, ler livros ou pedir aconselhamento em conjunto para entender melhor as necessidades individuais, apoiar os interesses pessoais um do outro e cultivar a empatia e a paciência em relação às lutas mútuas, pode ajudar a navegar pelas incertezas inerentes ao relacionamento.

Segundo os entendidos nesta matéria, fortalecer um casamento exige um compromisso duplo, tanto para o crescimento pessoal como para o esforço colaborativo com o parceiro, fundamentado na autorreflexão, empatia e comunicação proativa. Os casais têm de estar preparados para as dificuldades e entendê-las como oportunidades de crescimento e de aprendizagem. Igualmente devem admitir que, a relação é uma construção diária e estar disponíveis para ajustar-se aos desafios de cada momento é a base para a sua longevidade.

Quando existe sinceridade, abertura e honestidade, torna-se mais fácil admitir falhas, necessidades e pontos a melhorar individualmente e em conjunto.

Só quando os parceiros tomam consciência das suas falhas e limitações, promovem o autoconhecimento, aceitam a importância de evoluir, é que enfrentam os desafios da conjugalidade, encontram gratificação e satisfação na vida em conjunto.

Acima de tudo, é fundamental que deixem de preocupar-se com a imagem que têm de transmitir à sociedade sobre um casamento perfeito e que se concentrem na sua realidade, dando o seu melhor para serem exatamente quem são, dispostos a melhorar e a sentir a convivência diária com prazer, sabendo que a confiança no outro resulta primeiro da confiança em nós próprios, na nossa capacidade de dar e de receber. Quando tudo isto funciona, estamos preparados para reformular o que for necessário, em prol da estabilidade, entusiasmo, emoção e satisfação, com uma boa dose de aventura que se quer numa relação saudável.