Os autarcas dos concelhos do Algarve onde podem encerrar repartições de Finanças, segundo um estudo do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, consideraram hoje que a medida, a concretizar-se, contribuirá para aumentar as desigualdades entre o litoral e o interior.
Em causa está a alegada intenção do Governo de encerrar cerca de metade das atuais repartições de finanças existentes no país, sendo que, no estudo do sindicato, os serviços que deverão encerrar no Algarve (Alcoutim, Aljezur, Castro Marim, Monchique, São Brás de Alportel e Vila do Bispo) representam mais de um quarto dos existentes.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Alcoutim, Francisco Amaral (PSD), considerou que, a confirmar-se, a intenção é "mais um contributo para a desertificação de um dos concelhos mais despovoados do país", sublinhando não existir qualquer esforço do Governo em contrariar assimetrias entre litoral e interior.
"Alcoutim apanha em cheio com duas ondas de desertificação: a longitudinal, que opõe o norte ao sul, e a transversal, que apanha toda a serra algarvia", ilustrou, acrescentando que o "normal" seria que os Governos tentassem esbater os desequilíbrios.
Para o autarca, eleito nas últimas autárquicas para presidir ao concelho vizinho de Castro Marim, não tem havido, por parte dos sucessivos governos, "o mínimo esforço" para combater o "monstro" da desertificação e a medida afetaria sobretudo os idosos, que têm maior dificuldade na deslocação.
No extremo oposto do Algarve, em Aljezur, a intenção também está a ser recebida sob contestação pelo presidente, José Amarelinho (PS), que pediu hoje com caráter de urgência uma audiência ao Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais para debater o assunto.
Em comunicado, o autarca repudiou a forma como o Governo está a gerir o processo, considerando que as populações e autarquias estão a ser desrespeitadas, e lamentou ainda não ter obtido resposta da Direção Geral de Finanças a um pedido de esclarecimentos formulado há um mês.
Ouvido pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Monchique, Rui André (PSD), mostrou-se mais otimista e convencido de que o Governo não irá para a frente com a alegada intenção de fecho das repartições, lembrando o caso do encerramento do Tribunal de Monchique, que nunca chegou a acontecer.
"Estou contra, mas não quero acreditar que o serviço seja encerrado", afirmou, mostrando-se disponível para negociar com o Governo a reorganização dos serviços de Finanças no concelho, desde que os mesmos continuem a funcionar.
De acordo com Rui André, a repartição de Finanças de Monchique tem bons índices de produtividade e é "procurada por pessoas de concelhos vizinhos", razões que o levam a estar convencido de que o serviço não será encerrado.
Algarve Primeiro:Lusa