Sociedade

Autoridades alertam banhistas para perigo de correntes fortes no Algarve

Nesta época balnear, as autoridades já levantaram seis autos nas praias algarvias por desrespeito às instruções dos nadadores salvadores, três na capitania dos portos de Tavira e Vila Real de Santo António, dois em Olhão e um em Portimão.

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Tal ocorreu devido à agitação marítima que se tem feito sentir na costa sul e que dá lugar a fortes correntes marítimas que podem ser fatais.
 
Com o vento de sueste que se tem feito sentir, as autoridades marítimas renovam os conselhos aos banhistas de forma a prevenir acidentes, ao mesmo tempo que fornecem formas de atuação em caso de perigo.
 
A Autoridade Marítima do Sul alertou hoje os banhistas para o perigo dos agueiros, numa altura em que as praias algarvias estão cheias, sublinhando que 80% dos afogamentos no mundo são motivados por estas correntes de retorno.
 
"O mais importante é aperceber-se de que está num agueiro, não tentar lutar contra a corrente, manter a calma e pedir ajuda", explicou o chefe do departamento marítimo do Sul, Paulo Isabel, em conferência de imprensa, em Faro.
 
O mesmo responsável clarificou que, perante esta situação, o banhista deve divergir para os lados, nadando paralelamente à costa, ou deixar-se ir pela corrente.
 
"Se as pessoas se deixarem ir [pela corrente] não há perigo nenhum", esclareceu Paulo Isabel, avisando que as zonas junto aos molhes, onde normalmente há agueiros fixos, "não são zonas seguras para banhos" e é normalmente aí que se registam mais incidentes deste tipo, uma vez que em praias amplas "essas situações não acontecem".
 
Segundo Pedro Fernandes da Palma, comandante da capitania dos portos de Tavira e Vila Real de Santo António e especializado em Hidrografia, por desconhecimento os banhistas escolhem "erradamente" as zonas onde se formam agueiros para nadar no mar, uma vez que não há rebentação, transmitindo uma falsa sensação de segurança.
 
O mesmo responsável explicitou que, “a formação de agueiros é potenciada pela ondulação forte e é mais frequente junto a molhes, esporões e zonas rochosas.”
 
A melhor forma de identificar os locais onde podem estar os agueiros é a ausência de rebentação, a cor acastanhada da água (devido ao arrastamento de sedimentos) e locais  que apresentam irregularidades na superfície do mar.
 
"Mesmo um campeão olímpico de natação nunca conseguiria vencer um agueiro", observou Pedro Fernandes da Palma, salientando que um agueiro "facilmente atinge os dois metros por segundo" e que se pode prolongar entre 30 e 150 metros da costa.
 
O chefe do departamento marítimo do Sul indicou que os agueiros "não são mais do que rios interiores no mar", formados por desníveis, o que faz com que a água "tenha que sair de alguma forma, arrastando as pessoas", embora apenas à superfície.
 
A formação de agueiros é mais comum em situações de sueste, ou levante, caracterizado por ventos de Leste, que provocam maior ondulação e agitação marítima e empurram a água quente do Mediterrâneo para o oceano Atlântico.
 
Paulo Isabel acrescentou que, “neste verão, o sueste tem sido muito frequente no Algarve, levando a vários casos de resgate de banhistas”.
 
Como prevenção, é fundamental respeitar as bandeiras colocadas ao longo da costa e cumprir as orientações dos nadadores salvadores.
 
O incumprimento dos sinais informativos, bandeiras, placas, bóias, editais de praia ou instruções de nadadores salvadores é punível com coimas que podem ir dos 55 aos 550 euros, sem esquecer que, o principal perigo é mesmo para quem arrisca a vida numa situação complexa.
 
Foto:AMN