O Algarve Primeiro visitou as instalações da Banda Filarmónica 1º de Dezembro em Moncarapacho, concelho de Olhão, com o intuito de conhecer mais de perto o trabalho realizado, as principais dificuldades sentidas pela associação, bem como desvendar algo mais acerca da sua história.
Fundada em 1862, pode distinguir-se como uma das bandas mais antigas do Algarve e mesmo do país, já que contabiliza uns honrosos 153 anos.
Como presidente, a Banda Filarmónica 1º de Dezembro conta com Manuel Maria Brás Prazeres que, dentro de um particular orgulho, pelo que a Banda representa, contou-nos que “estou a assumir o cargo no terceiro mandato e é uma enorme satisfação fazer parte desta família. A banda é um grupo de pessoas que gosta muito de música e que defende a sua camisola onde quer que se desloque para atuar”.
A responsabilidade musical está a cargo do Maestro Luís Pisco Rodrigues e "a banda é constituída por 30 pessoas que dão o seu melhor em todos os momentos. Temos ensaios regulares às segundas, quartas e sextas e, é sempre com enorme prazer que recebemos um novo elemento, pois só assim esta associação faz sentido".
Manuel Prazeres reforça: “Eu costumo dizer que, esta é mesmo uma boa forma dos pais estarem descansados, pois podem deixar cá os filhos das 18h00 às 21h00, num ambiente saudável de convívio e aprendizagem”.
Sublinhando que “a banda toca tudo o que se puder transformar em música”, o presidente realça que “fazemos bons músicos neste espaço e de forma gratuita. Aqui são ministradas aulas de música sem qualquer custo e de muita qualidade. Participamos em concertos, encontros dentro e fora da região e, inclusivamente temos feito saídas à vizinha Espanha, o que mostra bem a dimensão deste grupo, o prazer que é levar o nome de Moncarapacho e do Algarve além fronteiras”.
Condicionados pelo espaço que ocupam há 75 anos, o presidente da Banda falou-nos acerca das principais dificuldades que sentem neste momento “o nosso grupo dispunha de toda a Casa do Povo antes desta ter mais atividades, pelo que, neste momento estamos bastante condicionados no desenvolvimento da nossa atividade. Sabemos da importância de dinamizar esta Casa que é do Povo, mas precisamos urgentemente de uma nova sede; de um novo local para podermos ensaiar, pois apenas com estas duas pequenas salas, é fácil compreender que não podemos trabalhar como gostaríamos. Temos de acertar os horários com outras atividades e nem sempre é fácil”.
Realçando que, “pela sua dimensão penso que deve ser a banda a sair da Casa do Povo, pois estamos limitados nos ensaios e a precisar de mais espaço para arrumar os instrumentos de forma adequada”.
Com o apoio permanente da Câmara Municipal de Olhão, da Junta de Freguesia de Moncarapacho e de “alguns privados que nos fazem donativos, mesmo pequenos que sejam”, a banda mantém qualidade, compra os instrumentos e fornece as aulas gratuitamente aos seus elementos. “Já tivemos algumas propostas para uma mudança de instalações negociadas com o anterior executivo autárquico, mantemos conversações com o atual presidente António Pina e estamos convencidos de que a solução da sede será encontrada”.
A título de curiosidade, a Banda Filarmónica 1º de Dezembro surgiu da fusão de duas bandas existentes em Moncarapacho na época, sendo que o Padre Simas teve a iniciativa de unir os dois grupos rivais e assim, aumentar a expressão e a dimensão da banda a nível local, regional e nacional. A conquista por esse reconhecimento foi gradual, teve altos e baixos, mas feitas as contas, a Banda Filarmónica que hoje conhecemos, “é um reflexo de muito trabalho, dedicação e entrega de todos quantos têm permitido fazer a sua história”.
Manuel Prazeres realça que, “alguns elementos mais antigos se retiraram há pouco tempo devido a questões de saúde, pelo que, neste momento, a pessoa mais velha a tocar na banda tem 50 anos, sendo que a mais nova é um jovem de 10 anos, o que ilustra bem o que é um grupo intergeracional”.
Com concertos agendados até ao final do ano, a banda “vive tempos de boa saúde e recomenda-se”, afirma Manuel Prazeres sem esquecer de salientar o concerto que terá lugar no próximo este sábado 18, pelas 21 horas na igreja Matriz de Moncarapacho. “É um momento sempre bem acolhido pela população. Para nós é também uma oportunidade de tocarmos num espaço com uma excelente acústica, situados no altar da Igreja e com um público motivado para nos ouvir. Já é uma tradição fazermos este concerto antes ou depois da Páscoa”.