Foi inaugurado esta manhã, o complexo dos Banhos Islâmicos de Loulé e a Casa Senhorial dos Barretos. A partir de agora é possível visitar o mais completo equipamento do género na Península Ibérica.
Os Banhos Islâmicos de Loulé que funcionaram entre os séculos XII e XIII, foram descobertos em 2006, aquando das primeiras intervenções arqueológicas, mas foi em 2013, que surgiram novas estruturas, como tanques frios, latrinas e vestíbulos, na sequência de obras de reabilitação realizadas no centro histórico da cidade.
Casa Senhorial dos Barretos
Em meados de 2019, foi levado a cabo um processo de musealização do complexo, hoje inaugurado e aberto ao público. Na inauguração estiveram presentes os ministros dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, da Cultura, Pedro Adão e Silva, o embaixador de Marrocos em Portugal, Othmane Bahnini, entre outros convidados.
O presidente da autarquia de Loulé, Vítor Aleixo, falou de «um dia feliz para a cidade e de mais um recurso que cumpre a função de alavanca de desenvolvimento económico, mas também podemos considerar uma ferramenta poderosa ao serviço da comunidade escolar».
Tratou-se de um investimento de 1 milhão e 300 mil euros, repartidos entre o município e o PO Algarve, que financiou o projeto em 886 mil euros. O autarca chamou a atenção para esta nova oferta turística que está ligada à cultura e ao património, importante para uma região como o Algarve, «que precisa de se reinventar constantemente para que a sua principal atividade económica se mantenha atrativa e geradora de riqueza».
Neste âmbito, Vítor Aleixo explicou o conceito que a Câmara de Loulé encetou há 8 anos, que contempla, além dos Banhos Islâmicos, a empreitada do "Quarteirão Cultural" que será aberta ainda em 2022, «tratando-se de uma das âncoras do projeto intermunicipal da candidatura a Geoparque Mundial da UNESCO, do Aspirante Geoparque Algarvensis Loulé-Silves-Albufeira». Também o Museu Municipal de Loulé, que integra a Rede Portuguesa de Museus, será requalificado, dotando-o de valências como um laboratório de Paleontologia e na área expositiva, irá contar a história da terra e do homem, «uma novidade na museologia regional», anunciou o edil.
Para setembro, ficou a promessa de serem inauguradas as obras de recuperação da Igreja Matriz, monumento nacional.

A convite de Vítor Aleixo, o responsável pelo projeto de arquitetura dos Banhos Islâmicos e da recuperação da Casa Senhorial dos Barretos, Vítor Moura, falou aos presentes, referindo que a obra foi de uma grande equipa, reconhecendo o papel dos técnicos da Câmara Municipal de Loulé pela sua capacidade de trabalho e de exigência. «Devo dizer que é uma autarquia que aposta no seu corpo técnico, isto é, não só aposta no património físico, mas também humano e este edifício, nunca seria o que é hoje, se esta equipa de arqueólogos, historiadores, engenheiros não funcionasse em uníssono e não tivesse um fio condutor único que se chama cultura». O arquiteto sublinhou que toda a base do edifício, representa a cultura Mediterrânica, «no fundo é a integração no urbano, o que conta é o conjunto e a cidade, os edifícios fazem parte dessa ligação cultural, e portanto, não é a exaltação de um edifício é exatamente o inverso, é humanizar o espaço público, é dar protagonismo a quem o usa, que neste caso, realça a água e a sombra, as categorias máximas da cultura Mediterrânica».
Aos jornalistas, no final da cerimónia, o ministro da Cultura falou da importância do projeto, «de recuperar a memória que parte do presente e é uma forma de construir o futuro. Num momento em que a Europa está tão dividida e que há uma crise democrática, acho que este sinal que Portugal dá, que é o seu passado cultural de abertura e tolerância com a coexistência de várias religiões, é algo que nos protege hoje e que projeta uma ideia de democracia e convivência, na verdade é o país que somos».
Pedro Adão e Silva, reconheceu como sendo «extraordinária» a recuperação que foi feita nos Banhos Islâmicos. Falou de «um ótimo postal turístico para a região, porque a cultura tem aqui um papel muito importante para o turismo, mas para além disso, há um lado mais ambicioso, que é mostrar como o nosso país foi construído através de continuidades e de pluralismo de diálogo entre várias culturas, representando um país aberto, tolerante e plural, que nos dias de hoje é fundamental, também para projetar o nosso futuro enquanto comunidade política e democrática, e nesse sentido, devemos preservar todos essas características».
Banhos Islâmicos
João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros, falou do novo edifício como tendo «uma importância tremenda, porque o que se vê aqui é a intensidade e a interação que nós somos no plano internacional, hoje como portugueses, porque aquilo que é a nossa identidade tem sido composta ao longo dos séculos com outros povos».
O governante defendeu que esta é uma base para o relacionamento contemporâneo e de futuro de Portugal, nomeadamente com Marrocos, considerando «uma parte intrínseca da nossa identidade, tal como nós somos uma parte intrínseca na identidade marroquina e enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, valorizo muito esta inauguração em Loulé e dou os parabéns ao presidente da câmara por ter concretizado esta visão».