Viver em modo automático resume-se a cumprir responsabilidades diárias, deitar, acordar, passar pelas situações sem que tenhamos consciência de nós mesmos, dos nossos verdadeiros sentimentos e necessidades. De acordo com os especialistas em comportamento humano e bem-estar, “este modo de vida parece resultar até ao momento em que nos damos conta de que não nos conhecemos bem, não conseguimos identificar as nossas emoções e quando sentimos um vazio interior enorme.
Os entendidos explicam que, a desconexão emocional prolongada pode manifestar-se em sintomas como cansaço persistente, irritabilidade, dificuldade em sentir prazer e uma sensação difusa de insatisfação, mesmo quando “tudo está bem”.
De acordo com a Clínica da Mente, o autoconhecimento é o caminho que nos devolve a nós próprios.
Parar. Escutar. Observar o que sentimos sem julgamento é a chave para que, aos poucos, nos aproximemos da nossa essência e que possamos desfrutar de mais qualidade de vida e gratificação.
Por sua vez, Cláudia Ganhão completa que, viver em piloto automático traduz um estado da mente no qual agimos sem uma intenção consciente ou sem a consciência do momento presente, tomando decisões inconscientes e automáticas que não se alinham com o modo como queremos viver.
Num artigo publicado no seu sítio na Internet, a especialista regista que, ao longo do dia, executamos várias ações automáticas porque só assim conseguimos ser eficientes, além de ser uma vantagem evolutiva, por um lado, por outro, resulta de vários anos de aprendizagem em que o cérebro criou vias neuronais de acesso imediato para criar rotinas e hábitos.
Um bom exemplo de piloto automático é quando estamos a conduzir, começamos no ponto A e chegamos ao ponto B sem nos lembrarmos do percurso, ou seja, conduzimos de forma totalmente automática e a nossa mente vagueou.
O problema que existe em relação ao piloto automático reside no que nos está a acontecer ao mesmo tempo que desempenhamos as rotinas. Ou seja, é como se estivéssemos adormecidos, sem estarmos conectados ao que nos rodeia ou perdidos em preocupações sem sermos capazes de sair delas, alerta.
Estamos ausentes nos momentos cruciais da vida, tornando difícil tomar decisões intencionais sobre como queremos viver. Em vez de fazermos escolhas conscientes sobre a comida que ingerimos, as pessoas com quem estamos, as coisas que compramos, o trabalho que fazemos e os lugares que vamos, tomamos decisões padrão, sem pensar, ponderar ou questionar.
Podemos então dizer que viver em modo piloto automático é o inverso de viver uma vida intencional, explica Cláudia Ganhão.
Saiba se está a viver em piloto automático:
1. Fazer as coisas sem pensar – agimos sem parar para pensar sobre o que estamos a fazer, como estamos a fazer ou o porquê de o fazermos. As nossas decisões e ações são tão automáticas que nem pensamos nelas.
2. Não conseguir desligar o telemóvel – verificar automaticamente o telemóvel à procura de atualizações, novos e-mails, novidades nas redes sociais.
3. Dificuldade em lembrar-se das coisas – não estamos totalmente presentes no momento e não nos lembramos de fazer algumas atividades como conduzir, comer ou ter aquela conversa…
4. Ficar imerso em pensamentos – estamos constantemente a pensar em coisas que não estão a acontecer quando estamos a fazer outra coisa.
Cláudia Ganhão acrescenta que, «desligar o piloto automático é, na realidade, um acordar. Acordar, para tomar consciência dos nossos padrões de pensamento e das nossas emoções, o que constituí um exercício de desenvolvimento pessoal». Para sair deste registo é imperioso:
• Definir a intenção – Ou seja definir qual/quais as intenções que queremos para a nossa vida.
• Mudar a rotina e libertarmo-nos de hábitos – Libertarmo-nos dos hábitos menos positivos e criar uma rotina mais saudável ajuda-nos a ficarmos mais conectados com a nossa essência.
• Treinar a atenção plena – Estar verdadeiramente presente a cada momento, escolhendo técnicas de mindfulness, meditação, journaling.
Resumindo, a primeira coisa é criar uma visão da nossa vida, definindo as nossas intenções. Uma vez conscientes do que queremos, podemos alinhar pensamentos e ações e praticar estar verdadeiramente presente a cada momento.
Somos mais felizes quando os nossos pensamentos e ações estão alinhados.
A especialista aconselha: «da próxima vez que estiveres preso no trânsito ou a conversar com alguém, observa o que está à tua volta, o que vês, o que ouves e o que sentes no momento presente. É simples, mas poderoso. Isso ajudar-te-á a ser mais intencional em todas as áreas da tua vida e a deixar de viver em piloto automático», conclui.