Sociedade

Bastonário da Ordem do Médicos visitou Hospital de Faro e alerta Governo para ser mais concorrencial com o privado

Miguel Guimarães visitou esta manhã o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve na sequência das dificuldades verificadas devido à falta de médicos especialistas e à incapacidade para atrair jovens médicos para a região, no âmbito do plano de mobilidade especial lançado pelo Governo.

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O bastonário verificou no local o impacto que a falta de médicos especialistas está a ter na região ao nível do acesso aos cuidados de saúde e ao nível da formação médica. 
 
No âmbito da mesma visita o bastonário pretendeu perceber como lidou esta unidade hospitalar com a carência de especialistas face ao aumento exponencial de população durante os meses de verão. A existência de queixas específicas em alguns serviços, como é o caso da Medicina Interna, da Cirurgia Geral e do serviço de Urgência, foram alvo de avaliação específica.
 
No final da visita Miguel Guimarães disse aos jornalistas, que não entende porque razão o Primeiro-ministro anuncia incentivos, para que jovens emigrantes, regressem ao país, não acontecendo o mesmo, com jovens médicos e especialistas, que possam beneficiar de incentivos para colmatar lacunas na área da saúde em zonas mais carenciadas como é o caso do Algarve. 
 
O bastonário defende que se forem dadas melhores condições e incentivos, os médicos continuam a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde,«até porque o SNS para estes jovens é muito importante, porque nós no SNS trabalhamos em equipa trabalhamos, com outros médicos, trabalhamos com outros profissionais de saúde e daqui é que resulta uma boa medicina, o que nem sempre acontece no privado».
 
E o caso é bem mais sério do que parece, de acordo com Miguel Guimarães, o Governo tem que ser mais concorrencial em termos europeus, e com o setor privado, «o país arrisca-se a perder alguns valores nomeadamente na Medicina, com implicações no SNS a curto e médio prazo, no que respeita ao desenvolvimento da nova Medicina que é extraordinariamente rápido».
 
O bastonário destacou ainda que a política de incentivos deve ser também direcionada aos profissionais que «durante 20 ou 30 anos aguentaram os cuidados de saúde em zonas carenciadas».
 
Ulisses de Brito, presidente da sub-região de Faro da Ordem dos Médicos, relembrou nos últimos 6 anos «houve um desinvestimento na saúde, onde muito do material está obsoleto e danificado, posso exemplificar que no Hospital de Faro que tem 600 camas há apenas um aparelho de TAC, (Tomografia Computorizada) no Hospital de Portimão com 300 camas há dois aparelhos de TAC».
 
Nestas condições de desinvestimento e com pouca capacidade de desenvolvimento técnico, «é lógico que muitos médicos preferem sair do SNS, quem fica é quem veste a camisola e acha que o Serviço, é para continuar, e aí posso dizer que a Medicina tem sido relegada para segundo plano, o Ministro até anunciou nos últimos 3 anos um investimento de 19 milhões de euros para o Centro Hospitalar do Algarve, e pergunto quanto é que foi investido até agora, seguramente nem metade foi investido até agora», lamentou o presidente da sub-região de Faro da Ordem dos Médicos.