Família

Bebés:quedas e golpes na cabeça

 
São muitas as dúvidas que fazem o quotidiano dos pais no que se refere aos bebés e ás quedas próprias do crescimento, pelo que, o tema golpes na cabeça pode alertar e, ao mesmo tempo, tranquilizar os pais. Do berço é um passo para o gatinhar e para o andar, pelo que, se por um lado devemos criar as condições para o desenvolvimento salutar das crianças, por outro aumentam as preocupações e os sinais de alerta.

 
Muitas vezes, para as crianças um pequeno tropeção é uma queda. E entre tropeções e outras audácias as crianças costumam cair muitas vezes. 
 
Nesses acidentes, uma das coisas que mais preocupa os pais são os golpes na cabeça, sobretudo por não saber como agir e com medo de sequelas. 
 
É natural que, durante a infância, especialmente nos dois primeiros anos de vida estes traumatismos sejam recorrentes devido à dificuldade dos mais pequenos em prever os perigos, pelo que, um ambiente seguro e a vigilância é sempre o primeiro ponto de partida para evitar a gravidade das quedas. Depois, é essencial compreender como funciona o processo e quando devemos preocupar-nos. 
 
Até aos três anos de idade sensivelmente, a cabeça das crianças é proporcionalmente maior que o resto do corpo, pelo que, quando a criança cai e ainda não aprendeu a pôr as mãozinhas para se proteger, é provável que seja a cabeça a primeira que sofre o golpe. 
 
Se a queda se produz a não mais de 40 ou 50 cm, geralmente o traumatismo costuma ser ligeiro. Mas, quando sucede de uma altura maior ou durante uma deslocação a certa velocidade, por exemplo a andar de triciclo ou a correr, a consequência pode ser mais séria, pelo que é necessário consultar o médico ainda que a criança não tenha sintomas. 
 
O processo de desenvolvimento: 
 
Em geral, nos bebés as fraturas de crânio são pouco frequentes e os golpes não costumam ser demasiado perigosos una vez que, a sua mobilidade é reduzida e o crânio do lactente é mais elástico que o das crianças mais velhas. Os ossos são mais moles e ainda não estão soldados entre si, pelo que têm certa mobilidade e voltam ao seu lugar sem problemas. 
 
Além disso, em caso de um golpe, a fontanela atua como uma espécie de "válvula de escape" do cérebro, evitando que se comprima contra as paredes internas do crânio e se possa lesionar. 
 
No que refere aos golpes nas fontanelas, se bem que costumem causar maior impressão aos pais do que aos mais pequenos, não implicam nenhum risco especial. Pode no entanto haver hemorragias cerebrais (lesões da criança abanada), pelo que nunca é demais dar alguma atenção ao aspeto da mesma. 
 
A partir do quarto mês, o risco de golpes é maior, já que o bebé começa a rebolar e pode cair do carrinho ou da caminha. 
 
Neste momento, os principais fatores a ter em conta são o tipo de piso (quanto mais duro, mais intenso será o traumatismo), e a altura de onde se produziu a queda (se cai do móvel trocador de fraldas, a altura será bastante maior do que se o faz da cama). 
 
O período onde os golpes ganham mais expressão é mesmo entre os dois e os três anos de idade quando as crianças começam a andar, devido ao facto de ainda não terem suficiente estabilidade. 
 
Nestas crianças, os golpes não costumam ser importantes, já que caem da sua própria altura. Nos maiores de dois anos, pelo contrário, as coisas complicam-se dado que os pequenitos começam a trepar e a agarrar-se, por exemplo aos móveis, e podem cair inclusive com o móvel em cima. 
 
Todos sabem que, as crianças que estão a aprender a caminhar costumam cair de rabinho, pelo que o risco é menor, no entanto quando tropeçam caem para a frente e batem com a cabeça. 
 
Isto deve-se ao maior peso da cabeça, mas além disso porque o reflexo de colocar as mãozinhas à frente é ainda muito precário e nem sempre é o suficiente para travar a queda. 
 
Geralmente, estes traumatismos costumam ser ligeiros. No entanto, se a criança se golpeia contra algum móvel ou objeto, as coisas podem complicar-se perante o perigo de uma fratura de crânio ou outras lesões graves. 
 
Habitualmente, depois do golpe costuma aparecer um inchaço no mesmo lugar. Este é só um sintoma externo que não indica a severidade, mas sim a localização do traumatismo. O gelo ajuda a parar o inchaço e alivia a dor pelo que é fundamental tê-lo sempre à mão. 
 
Quando um traumatismo se localiza no parietal, isto é na parte lateral da cabeça, e ocasiona uma fratura, o risco é que se produza uma lesão na artéria meníngea média. 
 
Nesse caso, pode formar-se um hematoma de rápida evolução que requer solução cirúrgica urgente. Por isso, é frequente que neste tipo de traumatismos o médico solicite uma radiografia de crânio, e em caso de fratura, uma tomografia. 
 
No mesmo enquadramento das quedas, existem as não menos frequentes quedas noturnas que, ocorrem em situações de cansaço e quando as crianças já andam. 
 
Durante a noite, o cansaço aliado à queda pode fazer com que os sintomas sejam estranhos e inquietantes para os pais. Neste caso, é essencial observar a criança durante meia hora. Quando não se deteta nenhum sintoma, e o seu comportamento é o normal, é porque o golpe não teve consequências. 
 
De todas as maneiras, é necessário considerar desde que altura caiu, que intensidade teve o traumatismo e se o inchaço não é maior do que 2 centímetros. 
 
Se o golpe foi muito forte, convém levá-la a um centro de assistência para ser observada. 
 
Em casos de fraturas do crânio: 
 
Por norma o médico prescreve uma radiografia do crânio cuja finalidade é determinar a existência de uma fratura. Embora não haja perda de conhecimento, a fratura de crânio requer sempre um período de observação de pelo menos 24 a 48 horas para descartar a presença de um hematoma intracraniano. 
 
Durante esse tempo, a criança deve permanecer internada. Salvo no caso de "fraturas com afundamento", cuja solução é cirúrgica. Em geral as fraturas de crânio não requerem tratamento específico. 
 
É de ter em conta que, se depois do golpe o pequenito perde imediatamente o conhecimento, é porque sofreu um traumatismo de grande envergadura que envolve compromisso do sistema nervoso. 
 
Neste caso, é imprescindível consultar o médico, que provavelmente indicará um período de observação internado para comprovar se se produziu algum dano no sistema nervoso central. 
 
Outro sintoma associado a um traumatismo de crânio severo é os vómitos, que também representam um sinal neurológico. 
 
Neste caso, embora não tenha havido perda de conhecimento, também será necessário um período de observação. 
 
É de sublinhar que, qualquer sintoma ou comportamento anormal perda de conhecimento, vómitos, confusão, enjoos ou sonolência maior que a normal requer uma consulta médica, um período de observação e, às vezes, alguns estudos complementares. 
 
Os hematomas internos: 
 
Em geral, a maior parte dos traumatismos de crânio não requerem outras condutas além da observação. No entanto, em alguns casos, debaixo do lugar do golpe pode gerar-se um hematoma, ou seja, um sangramento que tem um efeito de compressão sobre o sistema nervoso. 
 
Este cenário efetivamente constitui uma complicação que se deve tratar. O sangramento pode provir de pequenos vasos e nesse caso vai-se instalando progressivamente ao longo das horas. 
 
Pode ainda acontecer que, se possa emanar de uma artéria grande e instalar-se em poucos minutos, o que, se bem que não seja comum, representa uma urgência. 
 
Estes hematomas não são percetíveis a olho nu (são intracranianos) por isso requerem estudos específicos, como a tomografia ou a ressonância magnética, e a solução é sempre cirúrgica. 
 
Olhos em compota: 
 
Se como consequência de um golpe se formou um hematoma frontal, é possível que com o passar dos dias se produza um hematoma na pálpebra inferior (equimose). 
 
Isto não indica que o traumatismo tenha sido no olho, mas sim que se deve a uma descida do sangue segundo o declive natural. 
 
Uma dúvida recorrente dos pais assenta no medo de colocar a criança na cama após um golpe. 
 
É de ter em conta que, a perda de conhecimento causada por um traumatismo severo sucede imediatamente após o golpe, sendo raros os casos em que os efeitos surgem algum tempo depois. Assim, é comum ouvir dizer que se deve manter a criança desperta, para evitar que o sono possa mascarar alguma complicação grave. 
 
Nesta condição é preciso reter que, se a criança não sofreu nenhuma alteração imediata de consciência, vómitos ou outros sintomas, então o traumatismo foi leve e não há perigo de sequelas. 
 
Neste caso, meia hora de observação é suficiente para detetar complicações. Depois desse tempo, podemos deixar a criança descansar tranquila. 
 
Mais vale prevenir… 
 
A nossa casa é o local mais convidativo á ocorrência de acidentes e o espaço onde devemos intervir para evitar tais cenários desagradáveis para todos. Assim, é preciso limitar as áreas de perigo de forma a garantir que a criança se move com segurança. Depois, nunca se deve deixar a criança sozinha, sob pena de aumentarem os riscos de sofrer um acidente. 
 
Se o pequenito está na cama, também pode acontecer que golpeie a cabeça contra as barras. Neste caso, o uso de amortecedores soluciona o problema tal como as camas de outros materiais menos agressivos pode ser uma alternativa. 
 
Outro aspeto importante é ir adequando a infraestrutura da casa às necessidades maturativas da criança. Por exemplo, se tem mais de 4 meses, é necessário trocar a alcofa por uma caminha. 
 
O pequenito cresceu e tem mais mobilidade, pelo que poderia dar a volta e fazer cair a alcofa. Assim, se o pequenino começou a andar, tente evitar a presença de objetos contundentes ou com arestas ao seu alcance. 
 
Quanto ao andarilho, se a criança cai, irá fazê-lo de cabeça, o que pode provocar um traumatismo severo. E nem falar daqueles andarilhos que saem a rodar pelas escadas e que colocam a criança num perigo constante sem que os pais se apercebam. 
 
As crianças nunca devem ficar sozinhas na banheira. Ao perigo de queda e golpe contra a dura superfície da banheira, soma-se o risco do pequenito se afogar. 
 
No caso dos mais pequeninos, o banho deverá realizar-se sempre com cuidado, sustendo bem o bebé, especialmente se já começou a pôr-se em pé. 
 
Nunca é demais recordar que, um dos traumatismos mais perigosos e que implica maior mortalidade é o produzido durante um acidente de automóvel. 
 
Uma boa maneira de preveni-lo é colocar sempre as crianças no banco traseiro do automóvel, em cadeiras de segurança, ou com o cinto de segurança quando tenham idade para utilizá-lo. 
 
Para os que já andam de bicicleta ou em patins, o uso de capacete é um bom hábito, dado que perante uma queda diminui notavelmente a possibilidade de que se produza uma fratura de crânio. 
 
Recorde, uma casa segura e o cuidado e a observação dos seus filhos ajuda a evitar situações perigosas. 
 
As quedas e os golpes fazem parte do processo de crescimento, e, salvo casos excecionais, não há motivo para se preocupar. Tudo o que cai, volta a levantar-se... e as crianças também, mas vede as varandas que possam necessitar desse apoio para proteger as crianças bem como as tomadas que são um alvo fácil. 
 
Mesmo quando não são os golpes na cabeça a preocupação, tudo o que envolve segurança requer um cuidado especial de toda a família. 
 
Nota: Entenda este artigo como meramente informativo e um ponto de partida para pedir ajuda ou procurar mais informação quando necessário.
 
Fátima Fernandes