Política

Bloco de Esquerda fala de situação "dramática" que envolve 25 famílias de urbanização em Lagos

 
O Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda diz ter tomado conhecimento de uma situação "dramática" que envolve cerca de 25 famílias, cerca de 70 pessoas, incluindo crianças e adolescentes na Urbanização Pátio Club da Meia-Praia em Lagos.

 
Em comunicado, o BE refere que no mesmo edifício existe "um processo relativo a ausência de contratos de arrendamento, de obrigatoriedade de pagamento em espécie, de ausência de recibos e subsequentemente de ausência de meios que garantam autonomia nas contratações de serviços nas habitações em que residem".
 
Segundo foi comunicado ao Bloco de Esquerda, o contrato de eletricidade mantém-se em nome do proprietário do edifício, "conferindo poderes extra ao senhorio". 
 
O mesmo Grupo Parlamentar (GP) fala na "ausência de um contrato legal que permita aos moradores relacionarem-se diretamente com os fornecedores de serviços essenciais", mesmo depois de terem entregue documentação necessária para o efeito.
 
O Bloco adianta que no edifício foi cortado o fornecimento de água desde 3 de junho, "sem qualquer aviso prévio e em pleno período de suspensão do corte de fornecimento de bens essenciais como a água e eletricidade". 
 
Foi igualmente dado a conhecer ao GP, que o prédio está embargado há cerca de 30 anos e terá sido construído para alojamento turístico, mas esteve encerrado 15 anos, tendo sido objeto de obras de conservação e colocado no mercado de arrendamento habitacional há cerca de um ano.
 
Segundo aquela força partidária, o problema é "tanto mais grave quanto várias famílias que habitam nestes espaços" se verem sem rendimentos ou com rendimentos diminuídos, fruto da COVID19, ficando incapazes de pagar as rendas, mas também de aceder à moratória de apoio do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana, por falta de elementos que comprovem a situação dos inquilinos.
 
Perante esta situação, que o Bloco considera "dramática", defende ser "importante" compreender a atuação do Ministério da Habitação relativamente à garantia da fiscalização dos direitos concedidos pela legislação do arrendamento urbano, nomeadamente da presunção da existência de contrato de arrendamento quando os agregados ocupem as habitações por mais de 6 meses sem oposição do senhorio, o que concede direito a contrato de arrendamento, "tendo, para tal, que existir métodos comprovativos, como as faturas relativas a serviços essenciais ou recibos". 
 
Outra questão que se levanta é a necessidade de legalização da urbanização para utilização habitacional e consequente arrendamento, em que o ministério, em articulação com o Município, "poderia articular para verificação dos entraves e possibilidade de agilização, de forma a garantir a manutenção da resposta habitacional às famílias ou a necessidade de realojamento em espaço habitacional legal e digno".
 
Neste contexto, os deputados João Vasconcelos e Maria Manuel Rola, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda, endereçaram à Câmara Municipal de Lagos e ao Governo (através dos Ministérios das Infraestruturas e da Habitação, do Ambiente e da Ação Climática e das Finanças), as perguntas que se seguem.
 
Perguntas colocadas à Câmara de Lagos:
- Pretende o município agir no sentido de repor o serviço de água a estas famílias, tanto mais que os cortes de água estão ainda suspensos devido à pandemia?
- Que medidas levou a cabo para regularizar a situação destas famílias e garantir a existência dos contratos de arrendamento devidos?
- Quais as razões que levaram ao embargo da obra e à não resolução do licenciamento para uso habitacional?
- De que forma se prevê que se possa vir a solucionar esta situação e garantir os devidos direitos a estes inquilinos?
- Qual a articulação do IHRU com este município para a solução deste problema e das carências habitacionais identificadas?
- Qual o método utilizado de verificação da existência de contratos de arrendamento no edificado de forma a garantir a proteção dos inquilinos e a aplicação dos preceitos legais em matéria de arrendamento habitacional neste município?
 
Perguintas colocadas ao Governo:
- De que forma poderão estas famílias ter acesso ao apoio do IHRU previsto para a situação de perda de rendimentos em que se encontram?
- De que forma pretende o Governo garantir uma fiscalização a situações semelhantes de ausência de contrato de arrendamento e de respetiva autonomia na contratação de serviços essenciais?
- Qual a articulação do IHRU com este município para solução deste problema e das carências habitacionais identificadas?
- Qual o método utilizado de verificação da existência de contratos de arrendamento no edificado de forma a garantir a proteção dos inquilinos e a aplicação dos preceitos legais em matéria de arrendamento habitacional?