Política

Bloco de Esquerda reuniu com a RTA sobre crise no setor do turismo

 
Uma delegação do Bloco de Esquerda, composta pelo deputado eleito pelo Algarve, e por outros elementos do partido, reuniu com a direção da RTA – Região Turismo Algarve, com vista a perceber a realidade da "grave crise social e económica que afeta a região e, muito em particular, o setor do turismo".

O Bloco considera que a atividade turística no Algarve, além da sua sazonalidade, "é uma atividade muito sensível a variações externas que podem espoletar crises mais acentuadas com impacto no desemprego e na economia da região". 
 
Segundo indica o partido em comunicado, a atividade turística, fruto da situação pandémica que se vive, teve perdas de cerca de 800 milhões de euros no ano passado, sendo que os números de desempregados no Algarve ultrapassam já os 30 mil inscritos.
 
O Bloco e a RTA consideram que é necessário por parte do governo uma maior envolvência e maior atenção para com a região Algarvia "que vive hoje uma situação de calamidade socioeconómica sem fim à vista".
 
A RTA concorda com o Bloco na necessidade de diversificação da atividade turística por forma a mitigar os efeitos da dependência que se vive neste momento, contudo, considera o turismo "como o melhor elemento de aproximação da exposição identitária, da potencialização das características extraordinárias que a região possui". A RTA espera que o programa 365 Algarve seja mantido, na medida em que é "um programa que visa estimular os traços identitários e culturais e um instrumento importante para a região como forma de mitigar a sazonalidade".
 
Sobre o PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, com 300 milhões de euros alocados para a região, que o Bloco considera "uma desilusão, manifestamente insuficiente e incapaz de responder às necessidades e aos problemas estruturais que se vivem", a RTA considerou que estas verbas alocadas, "exíguas, partem da premissa em que os índices de riqueza enviesados que são usados não refletem a realidade em que os habitantes locais vivem, sendo que a região padece de problemas estruturais, tais como habitação, transportes, mobilidade, saúde", adianta o mesmo comunicado. 
 
No que aos transportes e mobilidade diz respeito, o partido refere que o Algarve é uma região muito dependente do Aeroporto de Faro, "com uma linha férrea muito ultrapassada, arcaica e com necessidade urgente de atualização, eletrificação e investimento para que a ligação intrarregião seja fluída". Já a ligação rodoviária entre os vários concelhos dentro do Algarve "é pobre e morosa, o que faz com que a oferta não respeite e nem dê vazão às necessidades existentes, fazendo com que seja uma região muito dependente do automóvel, com apenas uma via (EN125) que percorre a região, resultando em aglomerados de trânsito e outros problemas como acidentes, tempo de viagem, as portagens na Via do Infante, etc".
 
Os baixos salários associados à precariedade laboral, a juntar à dificuldade das empresas com o crescimento "avassalador" do desemprego, em virtude do setor do turismo estar totalmente parado "e com perspetivas muito sombrias para a próxima época balnear", levam o Bloco de Esquerda/Algarve a defender que é necessário "avançar-se de imediato para medidas extraordinárias para a região, devendo o Governo atuar com a maior celeridade possível, declarando o Algarve como Região de Catástrofe Social e Económica", conclui.