Sociedade

Câmara de Lagoa aprova luto municipal pela morte do pintor Manuel Gamboa

 
A Câmara de Lagoa decretou um dia de luto municipal e aprovou um voto de pesar pelo falecimento do lagoense Manuel Gamboa.

 
A proposta foi apresentada pelo Presidente Luís Encarnação em reunião extraordinária de Câmara desta manhã e aprovada por unanimidade. O dia de luto municipal foi decretado para o dia de hoje, ou seja, o dia a seguir ao da morte do prestigiado pintor.
 
Em nota enviada à comunicação social, o executivo municipal de Lagoa diz partilhar "com todos os lagoenses e os que fora do concelho acompanharam o talento e a vida do pintor, a sua consternação pelo desaparecimento desta figura de enorme relevo para o concelho, para a região do Algarve e para o mundo das artes que não conhece fronteiras", aprsentando "sentidos pêsames" aos familiares e amigos de Manuel Gamboa.
 
A mesma nota recorda que Manuel Gamboa, artista natural de Lagoa, morreu esta quinta-feira, 13 de fevereiro, na unidade de Portimão do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA). Tinha 94 anos.
 
Viveu em Lisboa entre 1932 a 1944. Regressou ao Algarve, aos 19 anos. Daqui partiu, rumo a Marrocos, onde permanece durante apenas um ano. Segundo descreve o Município, "este artista plástico revelou desde a infância pré-escolar fortes tendências para o desenho e para a pintura".
 
Auto didata, com elevado grau de exigência técnica e estética, Manuel Gamboa inicia a carreira artística nos anos 50, frequentando os meios culturais e ateliers de vários artistas de Lisboa, entre os quais se destacam Artur Bual, Francisco Relógio, Rui Filipe, os irmãos Bronze, Charrua, M. Cargaleiro, D’Assumpção, Gonçalo Duarte, Figueiredo Sobral, Mário Silva e Hilário Teixeira Lopes. Recebeu influências de algumas das mais sólidas referências tradicionais, do modernismo e do futurismo, como Abel Manta, Jorge Barradas e Almada Negreiros.
 
Manteve convivência estreita com outros poetas e escritores contemporâneos, como Manuel de Castro, J. Pressler, Herberto Helder. David Mourão-Ferreira e Natália Correia, lado a lado com Virgílio Ferreira e Sttau Monteiro, Aquilino e Tomaz de Figueiredo.
 
Em 1960 M. Gamboa visita Paris, onde vive temporariamente em casa do pintor D' Assumpção. Em 1964, instala-se em Hamburgo, frequentando aí o meio cultural, desenvolvendo intensa atividade artística profissional. Fica na Alemanha, até 1987.
 
Em finais dos anos oitenta, o pintor regressa a Portugal e constrói a sua casa-atelier em Vale d’el-Rei – Lagoa. É a partir daqui que prossegue o trabalho a que consagrou mais de nove décadas de existência, "construindo uma notável expressão poética de um cântico à vida", realça a edilidade.
 
Para dar o merecido destaque à vida e obra do pintor, o Município informa que tem vindo a preparar nos últimos dois anos um espaço museológico a denominar «Espaço Gamboa», que deverá fazer parte do Centro cultural-Convento de São José.