Sociedade

Câmara de Loulé anunciou estratégia de vários milhões para reforçar setor da saúde

Realizou-se esta sexta-feira no Cineteatro Louletano, a cerimónia de celebração do contrato interadministrativo para a construção do novo edifício e ampliação do Centro de Saúde de Loulé bem como a apresentação do projeto.

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Na cerimónia esteve a secretária de Estado adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, o presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, e o presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, Paulo Morgado.
 
Segundo explicou o diretor do Departamento de Obras da Autarquia, Joaquim Farrajota, o novo edifício da saúde de Loulé ficará localizado a poente das atuais instalações do Centro de Saúde, no âmbito de uma parceria entre a administração central e a administração local, com o objetivo reforçar a assistência médica e às populações do concelho.
 
No mesmo edifício vão integrar-se a Sede de Agrupamento de Centros de Saúde Algarve 1, a Unidade de Saúde Familiar Lauroé – USF Lauroé, a Unidade de Cuidados na Comunidade – UCC Gentes de Loulé e o Centro de Saúde Universitário, ligado ao projeto ABC (Algarve Biomedical Center).
 
A obra representa um investimento na ordem dos 3 milhões 700 mil euros, dos quais 65% serão suportados pela Câmara e os outros 35% ficarão a cargo da Administração Regional de Saúde do Algarve. Está previsto que a obra arranque no próximo verão e seja inaugurada dentro de 2 anos. 
 
O novo edifício, terá uma componente ambiental muito vincada, sendo auto-suficiente, com recurso à energia solar, em que praticamente não recorrerá à energia elétrica convencional da rede, graças a um número significativo de painéis fotovoltaicos que serão instalados no topo da estrutura. Além deste aspeto, terá um sistema de recolha de águas pluviais para rega das áreas verdes. Todo o equipamento terá iluminação tipo LED, com sensores de presença.
 
O edifício terá 2 pisos, cuja área de intervenção ronda os 7.738 m2.
 
 
Também as Extensões de Saúde de Almancil e Quarteira vão ser reabilitadas.
 
No caso de Almancil, a Extensão de Saúde será ampliada, ocupando toda a área destinada à sede da Junta de Freguesia, com 8 gabinetes, sala de espera, arrumos e WC,s num investimento de 325 mil euros. Relativamente a Quarteira a ampliação será de 200 m2, tal como em Almancil, com um novo bloco para 7 gabinetes, sala de tratamento, WC,s, arrumos e um investimento de 200 mil euros.
 
Para Vítor Aleixo, o investimento no novo edifício da saúde em Loulé, «é um daqueles que as pessoas mais valorizam e mais aguardam há muito tempo, que vem desde 2010, ainda no mandato de Seruca Emídio, que ficou na gaveta, muito devido à crise económica e financeira dos últimos 10 anos, que nós pegámos e estamos em condições de lançar a obra».
 
Segundo o autarca, este investimento justifica-se ainda mais, numa altura de pandemia, «onde fica a lição de que um país precisa cada vez mais de serviços de saúde robustos e bem preparados» para responder a este tipo de situações como a que está a acontecer com a Covid-19. «Esta crise fez-nos tomar consciência que muito pior que o nível de letalidade do vírus é a ausência de um sistema de saúde que dê uma resposta adequada, e isso está a revelar-se em todo o mundo, felizmente em Portugal o cenário não tem sido grave em comparação com outros países», referiu. 
 
Apesar da resposta do Serviço Nacional de Saúde, ter sido «razoável», Vítor Aleixo, lembrou que se o desinvestimento não tivesse acontecido nesta área e nas políticas sociais, «teríamos hoje uma capacidade de resposta melhor a esta pandemia». O edil frisou que é preciso voltar a «robustecer e a revitalizar» o SNS, com novos investimentos e novas infraestruturas. 
 
Aproveitou para realçar um outro projeto que envolve o ABC (Algarve Biomedical Center) e a Autarquia, com a construção de dois polos, um em Vilamoura e outro em Loulé, para um centro de investigação cientifica, centrando-se também na área do envelhecimento ativo e bem-estar da comunidade, «acredito que este projeto terá a capacidade de inovar, atrair jovens investigadores com ambição de progredirem nas suas carreiras e que serão uma alavanca para potenciar um futuro hospital regional, além de abrir mais a oferta da base económica da região, pois não chega o turismo ou a agricultura, podemos abrir um setor novo ligado à investigação cientifica e a políticas de bem-estar que casa na perfeição com a atividade turística do Algarve».
 
Paulo Morgado - Presidente da ARS Algarve, referiu por seu lado que o vírus (Sars-CoV-2) «veio para ficar e já mudou as nossas vidas, arrasou com o turismo, que é a principal fonte económica do Algarve, mas outras atividades foram também afetadas». A Covid-19 veio afirmar de que é preciso investir nas pessoas, «e as empresas têm hoje essa consciência, porque sem saúde não há economia, sem saúde os aviões não voam, por isso é preciso que o nosso país tenha um SNS robusto para dar resposta a esta pandemia e a outras situações que vão acontecer».
 
Para este responsável, Loulé tem tido a «visão certa» de investir nas pessoas, apostando na cooperação estratégica entre o poder local, regional e central «e isto está materializado neste concelho». Além dos investimentos anunciados é preciso reduzir o número de utentes sem médico de família, explicando que há 11 médicos em formação a fazer a especialidade de medicina geral e familiar no concelho, «se todos ficassem em Loulé, resolvíamos o problema, mas não temos onde os sentar, e com estes investimentos em Almancil, Quarteira e Loulé o concelho cria condições para que tenha 100% de cobertura com médico de família».
       
Jamila Madeira, secretária de Estado adjunta e da Saúde, referiu que o projeto vai avançar porque Vítor Aleixo é um autarca «persistente, incansável e determinado, para que dentro de 2 anos, possamos inaugurá-lo». Defendeu que o «caminho» é continuar a investir no SNS, para servir os cidadãos, em que deverá haver um reforço nos cuidados de saúde primários «com uma rede forte, pode-se ter cuidados hospitalares melhores». 
 
A governante enalteceu ainda o trabalho «incansável» das autarquias nesta fase de pandemia, «minimizando todos os impactos e antecipando os cenários». Deu também uma palavra de agradecimento a todos os voluntários que ajudaram a reforçar a resposta, exemplificando com o trabalho desenvolvido pelo ABC. Em termos de resposta hospitalar, Jamila Madeira reconheceu que o Centro Hospitalar Universitário do Algarve, «foi talvez, um dos melhores exemplos a ultrapassar os problemas que até agora enfrentamos no âmbito da Covid-19, em todo o país». Sendo o Algarve, uma região turística, a secretária de Estado reforçou que «passámos esta fase da pandemia com excelentes resultados, mas temos agora que transmitir esses sinais de segurança e confiança a quem nos costumava visitar, e temos todos de estar alerta para com este desconfinamento, não baixar a guarda e sermos responsáveis nas atividades diárias que temos de fazer, só assim podemos enfrentar o futuro de uma forma risonha, até ao momento que tenhamos uma terapêutica e vacina ao nosso dispor», rematou.      
 
Emídio Santos