Desde 2014 que o Município de Monchique tem vindo a promover o estudo e a valorização do Sítio Arqueológico do Cerro do Castelo de Alferce.
Com efeito, têm sido concretizadas diversas ações de investigação e de divulgação, destacando-se a intervenção arqueológica realizada em agosto de 2017 e os trabalhos de prospeção geofísica efetuados em setembro de 2019, cujos resultados foram publicados conjuntamente numa revista da especialidade.
Conforme explica a autarquia em nota de imprensa, "trata-se de um povoado fortificado que encerra uma área intramuros com aproximadamente 9,1 hectares, composto por três recintos amuralhados não concêntricos, que seria o centro de um território militar e de uma microrregião". O designado castelo de Alferce corresponde ao primeiro de dois recintos fortificados que compõem a fortificação islâmica que coroa o cerro e que, no estado atual de conhecimento, deduz-se que terá sido construída no século IX e terá estado em atividade até ao século XI.
No passado mês de maio foi submetido à Direção-Geral do Património Cultural um projeto de investigação plurianual em Arqueologia (PIPA) intitulado “Da Pré-história Recente ao Medieval Islâmico: antigas ocupações humanas no Cerro do Castelo de Alferce”. É um projeto de investigação promovido pelo Município de Monchique, em parceria com a Universidade do Algarve, a Universidade de Évora e o Campo Arqueológico de Mértola, que conta com o apoio de várias entidades, nomeadamente Junta de Freguesia de Alferce e a Direção Regional de Cultura do Algarve. Nesse âmbito, foi reunida uma equipa de investigação multidisciplinar composta por investigadores com diversas competências técnico-científicas.
A autarquia refere que “o intuito fundamental do projeto", é o estudo científico do Cerro do Castelo de Alferce e do território onde se insere, mediante o rastreio das suas antigas ocupações humanas e análise dos respetivos vestígios. Pretende-se aprofundar o conhecimento sobre este local que foi ocupado, pelo menos, na Pré-história recente (III-II milénios a.C.) e na época islâmica-omíada (séculos VIII-XI d.C.). Mas os conhecimentos a adquirir não se restringem à mera compreensão das estruturas arqueológicas, também se pretende obter informações acerca das comunidades humanas que habitaram este local em momentos distintos civilizacionais, assim como sobre as dinâmicas de ocupação/exploração do território envolvente.
O projeto tem uma vertente formativa, na medida em que incluirá estudantes e investigadores relacionados, sobretudo, com as áreas de arqueologia, zooarqueologia e património cultural, perspetivando-se a constituição de um campo-escola.
É objetivo deste projeto, segundo a autarquia, é que possa contribuir para a produção de conhecimento científico atualizado, mas também para a valorização patrimonial do arqueossítio. Espera-se que o projeto promova a implementação de medidas de proteção e eventual musealização de estruturas arqueológicas colocadas a descoberto, além de contribuir para a criação de um percurso de visita no arqueossítio – que poderá vir a ser articulado com a aldeia de Alferce, considerando a pretensão do Município de Monchique e da Junta de Freguesia de Alferce em constituir um centro interpretativo nessa localidade.
Face à atual situação de pandemia da Covid-19 e de modo a assegurar que se cumpre com todas as condições de segurança, a intervenção arqueológica a realizar este ano terá necessariamente uma equipa de campo reduzida, prevendo-se que decorra ao longo de três semanas, entre 17 de agosto e 4 de setembro.