Comportamentos

Casais que não conseguem partilhar a mesma cama

Foto|Freepik
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Assim à primeira vista, pode parecer estranho que um casal durma em quartos separados, mas os especialistas dão algumas razões para que tal aconteça.

É um facto que se tornou cultural e quase como que uma imposição que, depois de juntos na mesma casa, que os parceiros também partilhem a mesma cama. É quase como se de uma regra se tratasse e, para muitos, é impensável inverter esta tendência, no entanto, nem todas as pessoas conseguem adaptar-se a este tipo de aproximação conjugal.
 
Se estar um ao lado do outro facilita a troca de afetos, aumenta a cumplicidade e permite que se faça mais amor, também é verdade que, muitas pessoas não conseguem partilhar a mesma cama pelos mais variados motivos.
 
Há casais que dizem inclusivamente que, “o estranho” é viverem na mesma casa e terem de partilhar tudo, até a cama onde dormem. Isto demonstra que, afinal cada pessoa deve ter a necessária liberdade para decidir como se sente melhor no casamento.
 
Há parceiros que se queixam que o outro ressona, que dá muitas voltas na cama, que fala durante o sono, que tem uma respiração muito profunda, enquanto que outros registam os hábitos da sua cara-metade. Um gosta de ver televisão até mais tarde, o outro gosta de silêncio, há quem precise de ler um livro e de ter a luz acesa, enquanto que o outro prefere dormir às escuras, sendo que, os diferentes horários para despertar também nem sempre são consensuais e uma boa razão para dormirem juntos.
 
Os casais que já optaram por dormir em camas e quartos separados falam do encontro das suas verdadeiras características, de paz interior, de bem-estar e de liberdade, o que lhes permite amar mais o outro, uma vez que, “não precisam de contactar com os seus pontos menos positivos”.
 
Contrariamente ao que se pode pensar, também os cientistas afirmam que, não existe qualquer problema de afastamento entre os casais que não dormem juntos, na medida em que, como dormem bem, estão melhor dispostos no dia seguinte, sofrem menos de ansiedade e de irritabilidade e gozam de momentos muito prazerosos a dois.
 
Os terapeutas de casal dizem ainda que, quando os parceiros estão mais afastados, existe uma maior tendência para se aproximarem nos momentos em que se unem, como é o caso da intimidade, pelo que, dormir em quartos separados «não interfere na qualidade da sexualidade».
 
É evidente que a posição não é consensual nem entre os especialistas, muito menos entre os casais para quem é sempre difícil tomar a decisão de ir para outro quarto, sem esquecer que, nem todos os alojamentos permitem essa escolha devido às suas dimensões, mas alguém que está habituado a dormir sozinho há muitos anos, terá mais dificuldades em dividir a cama com outra pessoa, assumem os entendidos.
 
Na prática, muitos casais sentem vergonha de tomar essa decisão porque temem a reação do outro, mas acabam por dormir mal, por andarem desgastados e mal humorados, o que também não melhora a qualidade da convivência, nem a manutenção saudável da relação.
 
Servindo este apontamento para reflexão, faz sentido que se quebrem os preconceitos e que cada casal decida qual é a melhor forma de se entender dentro de casa. Para isso, é importante que se ignorem as tradições, as críticas e apreciações dos outros e que se tome essa decisão em consciência, pois afinal, cada um deve zelar pelo seu prazer e bem-estar.
 
Ao mesmo tempo, são muitos os parceiros que dizem adorar dividir a cama com quem amam, que é muito gratificante ter alguém ao seu lado e aprenderem a respeitar-se mutuamente até nesse momento tão especial do dia. Gostam da intimidade que uma noite na mesma cama permite, apreciam sentir o outro ao seu lado, tocar no pé, fazer amor e desfrutar de um afeto que dizem ser único “debaixo dos lençóis”.
 
Definitivamente, a escolha é muito pessoal e ninguém se deve intrometer, no entanto, o casal deve conversar abertamente sobre o assunto e, caso pretenda tomar essa decisão, a mesma deve ser aceite e respeitada por ambos, pois pode muito bem constituir um motivo de conflito quando assim não o é.
 
Por fim, à medida em que os casais envelhecem, em que têm menos interesse e disponibilidade para o sexo, mas também acumulam mais problemas de saúde, torna-se mais comum que ocorra a separação de camas e quartos. Muitos especialistas dizem que, é nessa fase que faz mais sentido a aproximação e que, essa decisão pode muito bem explicar parte da solidão que os idosos dizem sentir…
 
Naturalmente que, quando um casal já está habituado a dormir em camas separadas, não será na terceira idade que isso vai constituir um problema, mas se tal opção acontece só nessa idade mais avançada, pode ser interpretada como um afastamento porque se perdeu o amor e o interesse pelo outro.
 
Assim, tratando-se de decisões de casal, faz sentido que os dois conversem abertamente sobre o assunto, que ponderem muito bem todos os aspetos e que façam uma escolha consciente.
 
Fátima Fernandes