Família

Casais:dicas para lidar com pais e sogros intrometidos

 
Um casal precisa de tempo e de espaço para construir a sua relação, para se conhecer o mais possível e para saber o que realmente quer para a sua vida. Muitos pais e sogros têm muita dificuldade em compreender essa necessidade de espaço e de liberdade e não aceitam as mudanças dos filhos.

 
No limite, muitos pais e sogros acabam por se meter na vida do casal com visitas regulares, com instruções e uma enorme necessidade de controlo, quase como se a vida do filho ou da filha fosse uma extensão da sua.
 
Muitos pais consideram a sua vida tão exemplar que querem que os filhos sigam os mesmos passos, mas na realidade, as coisas não são assim.
 
A partir do momento em que o filho ou filha cresce e inicia a sua vida amorosa com alguém, os pais têm de se colocar no seu lugar e, ao mesmo tempo, os filhos também têm de compreender que chegou a hora de validarem as suas escolhas e de assumirem o seu caminho.
 
Os filhos não têm de contar tudo aos pais e ainda menos que fazer aquilo que eles mandam, mesmo que isso apenas pareça uma sugestão.
 
O casal tem de se entender entre si e construir o seu núcleo afetivo, com autonomia financeira. Deve definir as suas regras para lidar com os familiares e manter a necessária distancia para que não haja intromissões de qualquer espécie. O casal tem de se assumir tal como é e limitar a sua vida aos dois.
 
Para muitos casais, a influência dos sogros, sogras, cunhados e cunhadas pode levar a conflitos contínuos e ao desgaste da vida a dois. Segundo a psicóloga Marina Simas de Lima, terapeuta de casal, família e cofundadora do Instituto do Casal no Brasil, “quando o casal decide viver em conjunto, independentemente do formato dessa relação, precisa assumir novos papéis”. Isso quer dizer que além do papel de filho (a), essa pessoa também será um (a) parceiro (a). E para que dê certo, “é preciso investir nesses novos papéis e no relacionamento”.
 
Marina Simas de Lima não tem dúvidas de que, a construção dessa nova família, formada pelo casal, precisa de espaço físico e emocional para ser bem-sucedida. O casal vai precisar de dar prioridade às suas necessidades e manter alguns limites em relação a família de origem para que consiga descobrir a sua própria forma de funcionar.
 
Terá de ser o casal a impor os limites e as regras, uma vez que, a maior parte dos pais não aceita e não se apercebe que os filhos cresceram, que estão a fazer o seu caminho e a construir a sua vida. Assim, cabe ao casal manter a necessária distância entre a sua relação os pais e sogros.
 
O casal pode participar nos momentos de família que lhe interessem, mas jamais pode discutir entre si com essas situações. É natural que no Natal e nos aniversários ocorram temas delicados e que podem beliscar os filhos. É importante que o casal se afaste dessas situações quando isso gera conflitos entre si.
 
Em muitos casos, é possível um entendimento salutar e de respeito com os vários membros da família de origem, mas isso requer muito respeito de parte a parte e uma boa margem de distância entre todos. O casal fortalece-se e depois acaba por conseguir lidar melhor com esses familiares.
 
Existem casos extremos em que a convivência se torna destrutiva para o casal, em que a relação é tensa e tóxica, tudo depende da forma como os pais lidavam com os filhos no passado. Nesses casos, não há muito a fazer a não ser respeitar o percurso de cada um, o casal unir-se e ser feliz mais distante da família de origem.
 
É preciso anotar que as discussões desgastam muito as relações entre as pessoas, pelo que são sempre de evitar, sobretudo quando não modificam o que está errado. Nessa medida, é preferível a distância a relações sem fundamento e sem sentido que vão acabar por gerar conflitos no seio do casal, envolver outros membros da família e daí por diante. Corte com esse tipo de relação tóxica.
 
Quando as pessoas se respeitam, um encontro pontual mantém os laços, mas não se esqueça de que, nem os pais se devem intrometer na vida dos filhos, nem estes têm de contar a sua vida aos pais. O casal tem de se entender entre si, mostrar a sua força, a confiança mútua e o valor dos seus sentimentos e, isso é uma construção diária, ativa e valiosa para o sucesso de um casamento.
 
Tal como os pais fizeram o seu caminho, cabe aos filhos definirem e assumirem as suas escolhas, a sua vida e, quando é possível ter os pais por perto de forma saudável, quando isso gera tensão e conflitos, é preferível estar mais distante. Seja qual for a opção, é o casal que decide como se vai relacionar com os pais após o casamento. Ou estes aceitam ou não.
 
Fátima Fernandes