O concelho de Almeirim vai hastear este ano três bandeiras azuis em praias do concelho, cenário possível depois da autarquia ter alterado a sua posição num diferendo que tinha desde 2005 com a associação que atribui o galardão.
Na origem do diferendo esteve a retirada da Bandeira Azul da praia de Altura, em plena época balnear, por uma alegada contaminação da água devido a descargas de Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) próximas, negadas pelo então presidente da Câmara Municipal, José Estevens, que optou por não apresentar mais candidaturas à distinção.
Esta posição foi, entretanto, revista pelo atual executivo, também do PSD, presidido por Francisco Amaral.
"Isto reporta ao ano de 2005, quando o município decidiu não efetuar mais candidaturas após uma divergência com a própria Associação Bandeira Azul, que tinha decidido arrear a bandeira da praia da Alagoa-Altura, sem identificar o motivo e sem que o município reconhecesse que havia incumprimento de qualquer critério", explicou à agência Lusa a vereadora Filomena Sintra, atual responsável pelo pelouro do Ambiente.
Filomena Sintra frisou que este arrear da bandeira azul foi feito "em simultâneo com a manutenção da Bandeira Azul da praia da Manta Rota", no concelho vizinho de Vila Real de Santo António, onde uma descarga "também teria consequências", porque as praias são ao lado uma da outra.
"Supostamente haveria descargas da ETAR de Altura. Mas a Manta Rota tinha uma ETAR, até em pior funcionamento, e fazia descargas que até poderiam prejudicar a nossa água. Ali houve uma decisão, se calhar, precipitada da Associação Bandeira Azul", considerou a vereadora.
Filomena Sintra recordou que esta decisão levou o então presidente José Estevens a exigir um pedido de desculpas público à Associação da Bandeira Azul, que "não aconteceu".
"O presidente da Câmara da altura sentiu-se ofendido institucionalmente pela atitude e, por sua iniciativa e decisão, achou que não deveria candidatar-se mais à Bandeira Azul, mas assumindo desenvolver todas as ações para o cumprimento dos objetivos definido para a Bandeira Azul", acrescentou.
A vereadora disse que a autarquia manteve em curso "a sensibilização ambiental, a limpeza das praia ou as análises da água", que "continuaram a ser afixadas, a ser divulgadas, mas nunca mais foi feita a candidatura".
"Houve uma mudança de executivo, também dentro da mesma cor política, e é uma situação que me parece percetível", afirmou ainda Filomena Sintra, numa referência à candidatura apresentada pelo município em 2014 e que levou à recuperação da Bandeira Azul nas praias de Altura, Praia Verde e praia do Cabeço.
Filomena Sintra reiterou que as praias mantiveram a qualidade, mesmo sem Bandeira Azul, e reconheceu "que, para a população local e para as empresas, é uma marca distintiva e que pode contribuir para melhorar a imagem dos próprios serviços, dos hotéis ou restaurantes".