Decorreu no último sábado, no Auditório do Convento de São José em Lagoa, o comício do Bloco de Esquerda de arranque da pré-campanha eleitoral no Algarve, para as legislativas de 2022, o qual contou com a presença e intervenções da Coordenadora Nacional, Catarina Martins, do cabeça de lista pela região, José Gusmão e do mandatário distrital da candidatura, o deputado João Vasconcelos.
Em comunicado enviado, o Bloco faz saber que o cabeça de lista José Gusmão, iniciou a sua intervenção indicando que o Algarve, em 2019, tinha a nível nacional o salário médio mensal mais baixo, «era a segunda região do País com o maior PIB per/capita, e detinha a taxa de risco de pobreza mais alta em Portugal».
Criticou «os sucessivos governos PS/PSD», de continuarem com «uma quase total ausência de investimento estrutural e de estratégia nas políticas de desenvolvimento para a região». Sublinhou ainda a importância de criar na região uma economia sustentável que dure todo o ano, eliminando a sazonalidade do turismo, cujo setor económico é maioritário na região. «O Algarve produz muita riqueza mas os algarvios não beneficiam desse fator, com prejuízo agravado pelo alto custo de vida associado à dificuldade em obter habitação digna», referiu.
Outro aspeto apontado pelo candidato, foi o ambiente, «podendo ser aproveitado todo o potencial na área das energias renováveis que o Algarve apresenta, mas também combater rapidamente a escassez de água na região». José Gusmão disse ainda que importa melhorar as condições de trabalho, nomeadamente as leis laborais, os salários e as pensões pagas, a par da criação de habitação acessível para os algarvios, conjugado com a melhoria da prestação dos cuidados de saúde e dos transportes públicos, bem como a diversificação económica incidindo na capacidade da região.
O mandatário da candidatura, João Vasconcelos, elencou os objetivos do Bloco para o Algarve nas próximas legislativas, vincando a importância de voltar a eleger um ou mais deputados para continuar a afirmar e até reforçar uma alternativa de esquerda, e continuar «a levar a voz e as reivindicações dos algarvios ao parlamento». Acusou o PS e a direita PSD/CDS de se assumirem na Assembleia da República como autênticas forças de bloqueio ao desenvolvimento do Algarve.
A Coordenadora Nacional focou o desvio de capitais para as offshores, «algo que é elaborado pelos grandes escritórios de advogados e que após todos os escândalos, demonstram a fuga permanente e os crimes que escondem, devendo o País perseguir e capturar esses imensos volumes de dinheiro desviado, que só no ano passado, em Portugal, correspondeu a 1300 milhões de euros». Focou também que são estas verbas, que fazem falta para a melhoria dos serviços públicos da saúde, educação e outros. Referiu ainda a necessidade de se criar «horizontes de futuro para os jovens que sendo os mais qualificados possam ter um trabalho digno e uma qualidade de vida aceitável, algo que é também análogo aos mais idosos que vivem das suas reformas». Concluiu salientando que é preciso um novo ciclo para Portugal, com melhor saúde, melhor educação, integrado maioritariamente no setor público, reforçando e valorizando as carreiras dos seus profissionais.