Foi esta manhã apresentado ao público na Galeria de Arte da Praça do Mar, em Quarteira, os projetos concorrentes ao concurso público para a elaboração do projeto do Centro de Educação e Cultura de Quarteira, e a respetiva entrega dos prémios ao vencedor e aos restantes premiados, (2º e 3º classificados).
Concorreram 29 propostas em que o júri contou com a presença de especialistas de várias áreas, pela Ordem dos Arquitetos, o arquiteto Gonçalo Byrne, e personalidades da área da programação cultural e da educação, nomeadamente Rui Horta, Manuel Rocha, José Bastos e João Aidos. A proposta vencedora foi coordenada pelo arquiteto Pedro Domingos.
O segundo prémio foi atribuído à proposta de Pedro Matos Gameiro Arquitecto lda + Bugio II – Arquitectura unipessoal lda, e o terceiro, ao projeto de J. M. Carvalho Araújo, Arquitectura e Design S.A..
O vencedor recebeu um prémio no valor de 12.500 euros, o 2º lugar - 10.000 euros e o 3º - 7.500 euros.
O Júri decidiu ainda atribuir duas menções honrosas, à proposta de Campos Costa Arquitectos e ao trabalho dos EMB 3.0 LDA (Embaixada Arquitetura).
Ao todo vão ser investidos 7 milhões de euros, num projeto que terá várias valências:uma área para espetáculos e residências, uma escola de dança e uma biblioteca.
Vítor Aleixo salientou os dois anos de trabalhos já realizados, rumo a «um sonho antigo da população de ter na cidade um Centro Cultural».
O autarca explicou que o investimento não será dirigido só à cultura, mas também ao ensino público, «depois do sucesso que tem sido a escola de música, no Conservatório de Música de Loulé, rapidamente pensámos num solução do género para Quarteira, e aí decidimos criar uma escola pública do ensino da dança, que terá enfoque numa disciplina artística e criativa».
Segundo o edil, o projeto segue agora para as «especialidades», o que vai demorar 1 ano, justificado «pela sofisticação e qualidade que está em causa, pelo que só depois será aberto o concurso para a empreitada».
Ao Algarve Primeiro, Vítor Aleixo acrescentou que Quarteira teve «um período difícil, pois tinha uma má imagem no exterior e hoje em dia, fruto de um trabalho consistente que se tem prolongado ao longo dos anos, Quarteira reabilitou-se aos olhos da comunidade e até de Portugal».
Com o Centro Cultural, o autarca aponta para «uma marca de altíssima qualidade urbana», procurando responder a uma exigência antiga da população, cuja construção deverá ser lançada em 2021. O Presidente da Câmara Municipal de Loulé, realçou que fazia parte do caderno de encargos a referência expressa, para que o edifício fosse ambientalmente sustentável, «daí todas as propostas de arquitetura que recebemos terem trabalhado com esse pressuposto, e o projeto vencedor tem uma forte marca de sustentabilidade ambiental». O responsável acrescentou que o edifício vai ser um espaço «para o cidadão de Quarteira».
Telmo Pinto disse-nos que o Centro Cultural, «é uma referência para o país, posso dizer que este é um projeto que é uma bandeira dos quarteirenses, porque no fundo trata-se de uma cidade e freguesia jovem, que tem muita cultura e que com este espaço terá aqui um polo moderno com todas as condições para a cultura, para a criação e para o ensino».
O Presidente da Junta de Freguesia de Quarteira destacou o facto de o espaço estar aberto à população «tirando partido por exemplo do magnífico jardim ou da biblioteca que será executada numa segunda fase».
Ao nosso jornal o arquiteto Pedro Domingos, autor da proposta vencedora, explicou que a inspiração para criar o projeto, consubstanciou-se essencialmente numa ideia que correspondesse à cidade não só a nível cultural, «mas também interessou-nos tratar os temas da condição ibérica, que tem a ver com o espaço do Mediterrâneo, a tradição e a história desses lugares, recuperando tipologias que surgiram da nossa história, que foi feita através da presença de vários povos e que no fundo representaram uma forma de habitar este clima, tendo sido essa a nossa inspiração».
A criação de um edifício adaptado às alterações climáticas foi outra vertente realçada pelo arquiteto, seguindo uma das recomendações da própria autarquia nesta matéria, nomeadamente a questão da ventilação feita de forma natural, recorrendo a torres de vento que farão a circulação do ar, reduzindo o recurso a equipamentos com necessidade de energia elétrica. Será também introduzido um sistema de recolha de águas das coberturas, para uso dos jardim e casas de banho, «tentámos resolver questões atuais, olhando para a história e através da história voltar a usar».
Em tom de convite, Pedro Domingos catalogou o futuro Centro Cultural como uma «segunda casa, onde as pessoas possam estar com prazer, sendo ao mesmo tempo um projeto de referência nacional».
O arquiteto Gonçalo Byrne, representante da Ordem dos Arquitetos, explicou aos presentes que o projeto vencedor «cria, além dos edifícios, um sítio e um lugar de referência, numa alusão a um desenho árabe de 1380 a.C, representando uma tradição árabe que ficou patente no Algarve, que tem a ver com a criação de um jardim interior, que aspirava no passado ser uma espécie de representação do paraíso, porque estamos a falar de jardins com plantação de espécies autóctones mas também com água».
Para o arquiteto a construção «é pragmática e económica, porque vai usar em parte pré-fabricação, tira os benefícios do clima que o Algarve tem, apostando em espaços de ventilação natural e sombreamento, com recurso ao jardim interior que estará presente em todo o edifício».
Numa avaliação final, Gonçalo Byrne caraterizou o edifício de «grande qualidade, preparado para o futuro de modo a funcionar com o mínimo de energia possível e com a produção praticamente nula de CO2, sendo ao mesmo tempo um polo de atração importante para Quarteira, que vai extravasar a própria cidade».
A Presidente da Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitetos, Paula Torgal, evidenciou a qualidade das propostas apresentadas, «e o significado cada vez mais extraordinário da arquitetura portuguesa, que se repercute cada vez mais em Portugal e a nível internacional».
A responsável saudou a Câmara Municipal de Loulé, «na utilização das boas práticas da encomenda pública», frisando que os Municípios e outras instituições podem contactar a Secção Regional Sul da Ordem dos Arquitetos, para encomendas públicas ou privadas, num serviço único no país.