Entre 2009 e 2017 registou-se uma diminuição de cerca de 10% do número de embalagens de antibióticos prescritos nos Centros de Saúde da região do Algarve, de acordo com o Relatório «Evolução da Prescrição de Antibacterianos nos Cuidados de Saúde Primários da Região de Saúde do Algarve» divulgado pela ARS Algarve, no âmbito do Dia Europeu do Antibiótico que se assinala a 18 de novembro.
De acordo com comunicado da ARS, esta diminuição do consumo de antibacterianos assume grande relevância na melhoria do controle da resistência aos antibióticos e no seu uso correto e eficaz no tratamento de um grande leque de infeções bacterianas, devendo os antibióticos serem utilizados só quando estritamente necessários, conforme as linhas orientadoras pelo Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos da Direção-Geral da Saúde.
A prescrição de antibacterianos em 2009 totalizou 80 902 embalagens na região do Algarve. Destas, 17,9% (14 447) eram Quinolonas, um grupo de fármacos relacionados com antibióticos, usadas por exemplo nas infeções bacterianas do trato urinário ou respiratório. Apesar do número de utilizadores ter aumentado em mais de 30 mil desde 2009, o número total de antibacterianos diminuiu em 2017 para 72 846, tendo a prescrição das Quinolonas reduzido para metade 6 023 (8,4%) num período de seis anos, releva o mesmo documento.
Neste mesmo período reduziu também, de forma acentuada, a prescrição de Cefalosporinas de 11 432 em 2009 para 4575 em 2017, ou seja 60%.
Diminuiu também a prescrição dos Macrólidos em 6%, medicação utilizada para o tratamento de por exemplo pneumonias e sinusite bacteriana. Neste relatório observa-se, ainda, um aumento da prescrição antibióticos de espetro mais estreito como penicilinas (23%) e um aumento da associação de penicilinas com inibidores das lactamase beta (6%).
Com a publicação deste relatório sobre a prescrição de antibióticos nos três Agrupamentos de Centros de Saúde dos anos 2009, 2016 e 2017, elaborado pelo Núcleo de Monitorização e Análise de Medicamentos e MCDT e pelo Grupo de Coordenação Regional do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos do Departamento de Saúde Pública e Planeamento da ARS Algarve, espera-se conseguir reforçar o empenho de cada um na utilização dos antibióticos, sublinhando que nas infeções virais, comuns no inverno, os antibióticos não devem ser usados.
Todos os anos, em novembro, a Organização Mundial de Saúde dedica uma semana aos Antibióticos, tendo esta iniciativa como principal objetivo a sensibilização para o uso correto, como forma de evitar o aparecimento e disseminação da resistência aos antibióticos.
Segundo explica a ARS Algarve, os antibióticos são utilizados de forma inadequada, quando por exemplo, são usados para tratamento de constipações e gripes (doenças causadas por vírus contra os quais os antibióticos não atuam) ou são usados de forma incorreta (não se cumpre a duração do tratamento, a dose prescrita, o intervalo entre as tomas).
A capacidade das bactérias para resistirem aos antibióticos está a aumentar a nível global e não se têm desenvolvido novos antibióticos, o que constitui uma "grave" ameaça à saúde pública. Sem antibióticos as infeções causadas por bactérias dificilmente serão tratadas.