Sociedade

CHUA faz estudo sobre cuidados de saúde a grávidas na região

Investigadores do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto estão a avaliar o acesso das mulheres aos serviços de saúde em Portugal durante a gravidez e o seu nível de satisfação quanto aos cuidados durante e após o parto.

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As mulheres imigrantes e portuguesas do distrito de Faro estão a ser recrutadas para participarem neste estudo nacional.
 
O estudo chama-se "Bambino - Saúde Perinatal em Imigrantes: Barreiras, Incentivos e Resultados" e pretende "compreender de que forma os serviços de saúde são utilizados pelas mulheres imigrantes, em comparação com as mulheres portuguesas nativas", refere Henrique Barros, responsável pela Unidade de Investigação em Epidemiologia Perinatal e Pediátrica do ISPUP, e coordenador do projeto.
 
Henrique Barros acredita ser importante verificar como os fatores socioeconómicos e a organização dos serviços podem influenciar a saúde das mulheres e dos recém-nascidos. No caso das imigrantes, as diferenças culturais e a língua também serão considerados.
 
Para obtenção de dados que permitam dar resposta a estas questões estão a ser recrutadas até ao momento mulheres imigrantes e portuguesas de 30 centros hospitalares com maternidade (dos 39 que existem em Portugal Continental).
 
O objetivo do projeto é conseguir sete mil mulheres (3.500 imigrantes e 3.500 portuguesas nativas), durante o período de dez meses a um ano. No distrito de Faro foram recrutadas, até ao momento, 67 mulheres do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, EPE – Hospitais de Faro e Portimão.
 
As imigrações para a Europa "têm vindo a aumentar", pelo que "é fundamental" compreender as respostas que existem para esse fenómeno, principalmente nos locais onde, por tradição, "a diversidade cultural não é a regra".
 
Apesar de a legislação portuguesa prever que os imigrantes residentes em Portugal tenham as mesmas condições de acesso aos serviços de saúde que os portugueses (independentemente da sua situação jurídica), o coordenador do Bambino alerta para a existência de estudos que descrevem algumas barreiras e indicadores desfavoráveis nessa área.
 
A equipa envolvida no projeto pretende, perceber se os dispositivos legais - como o direito a cuidados sem restrição - funcionam de forma efetiva, o que lhes vai permitir analisar "as desigualdades que as imigrantes enfrentam" nesses casos.
 
Os resultados deste estudo vão servir de base para apoiar decisões no âmbito da implementação de programas de saúde relacionados com a gravidez e da integração das imigrantes no Sistema Nacional de Saúde, referiu Henrique Barros.
 
Segundo o coordenador, esses dados podem também ser utilizados para melhorar a eficácia dos programas de acompanhamento desta população, que considera "vulnerável", a curto e a longo prazo.
 
A investigação vai permitir ainda comparar as práticas portuguesas com as realizadas em países como o Canadá, a Austrália, o Reino Unido e a Noruega, nos quais se aplicam questionários semelhantes aos utilizados em território nacional.
 
Participam neste estudo 16 investigadores, epidemiologistas, sociólogos e médicos de saúde pública e de obstetrícia do ISPUP, bem como cerca de 80 investigadores clínicos pertencentes aos Serviços de Obstetrícia dos hospitais públicos portugueses.
 
O projeto conta igualmente com o apoio técnico do Alto-Comissariado para as Migrações nas traduções necessárias.
 
O "Bambino", cujos resultados serão tratados até finais de 2018 e divulgados no início de 2019, é financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.