Cultura

Cineteatro Louletano estreia nova peça de Ricardo Neves-Neves

Estar em Casa
Estar em Casa  
A 14 e 15 de novembro, o Cineteatro Louletano (CTL) vai receber a estreia da nova peça de Ricardo Neves-Neves, Estar em Casa, um espetáculo teatral com música ao vivo, numa coprodução do CTL com o Teatro do Eléctrico e a Culturproject.

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Desta vez, o encenador apresenta um teatro que conjuga o absurdo, o humor, a música e a emoção. “Interessa-me um teatro que não se limita a representar o real, mas que o interroga — e que, ao mesmo tempo, acolhe o humor e a ternura como formas de resistência.”, adianta Ricardo Neves-Neves.

Inspirado na obra da escritora Adília Lopes, Estar em Casa é um espetáculo "onde a música e palavra se cruzam num retrato poético da vida quotidiana". A atriz e cantora Sílvia Filipe dá corpo a uma mulher que transforma "o banal em arte e a rotina em encantamento, num solo entre a brincadeira e a fantasia, enquanto os gatos brincam com as baratas", explica nota do Município de Loulé.  

O texto de Adília Lopes serve de ponto de partida para três sessões destinadas ao público em geral: dia 14, às 21h00, e dia 15, às 17h00 e às 21h00 (esta última com o recurso de Audiodescrição, para pessoas cegas e/ou com baixa visão). No dia 14, às 14h30, existe uma sessão só para escolas, de entrada gratuita.

Na missiva do Município, lê-se que  Adília Lopes, pseudónimo literário de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, nasceu em Lisboa, em 1960, e faleceu a 30 de dezembro de 2024. Frequentou a licenciatura em Física, na Universidade de Lisboa, que viria a abandonar quando já estava prestes a completá-la, devido a uma psicose esquizo-afetiva, doença da qual sempre falou abertamente. Frequentou ainda a licenciatura em Literatura e Linguística Portuguesa e Francesa na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 

O seu primeiro livro de poesia, Um Jogo Bastante Perigoso, foi publicado em edição de autor (1985). Da sua extensa obra poética, destacam-se ainda os títulos Irmã Barata, Irmã Batata (2000), Manhã (2015), Bandolim (2016), Estar em Casa (2018), Dias e Dias (2020) e Choupos (2023). Dobra (2024) é a mais recente reunião da sua obra publicada, incluindo inéditos. As principais influências literárias assumidas por Adília Lopes são Sophia de Mello Breyner Andresen e Ruy Belo, mas também a Condessa de Ségur, Emily Brönte, Enid Blyton, Roland Barthes ou Nuno Bragança. 

O estilo da poetisa está repleto de jogos fonéticos, associações livres, rimas infantis e idiomas estrangeiros. Os temas do quotidiano, principalmente femininos e domésticos, são tratados com humor e autoironia, candura e crueza, inteligência e intencionalidade: "há sempre uma grande carga de violência, de dor, de seriedade e de santidade naquilo que escrevo", afirmou a escritora, que se definia como uma "tímida desenrascada" ou "freira poetisa barroca".