Sociedade

Colóquio desvendou “segredos” da Albufeira romana

Foto - Rui Gregório (CM Albufeira)
Foto - Rui Gregório (CM Albufeira)  
“Albufeira Romana – território, cultura e memória” foi o título escolhido para o colóquio que decorreu na passada quinta-feira, dia 24 de julho, no Museu Municipal de Arqueologia, no âmbito do Festival Baltum.

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José d`Encarnação, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, especialista em epigrafia, com destaque para o estudo dos monumentos epigráficos romanos do sul de Portugal, apresentou o painel dedicado ao tema “A Sociedade Romana no Algarve” e apontou diversos exemplos de monumentos de elevado interesse na região.

Luís Campos Paulo, arqueólogo do Município de Albufeira, apresentou o tema “Albufeira Romana”, uma síntese sobre a ocupação romana, o património e a arqueologia, com base no trabalho desenvolvido pelo Gabinete de Arqueologia do Município ao longo de vários anos. O técnico informou que Albufeira tem mais de 60 registos arqueológicos do período romano. Grande parte deste conhecimento é resultado do esforço do Município em integrar a salvaguarda do património nas obras públicas e privadas, levando a trabalhos arqueológicos sistemáticos todos os anos, sobretudo desde 2011, realça nota enviada ao Algarve Primeiro.

Existem testemunhos do povoamento romano um pouco por todo o território, disse, desde achados isolados como moedas, fragmentos de cerâmicas e notícias de um anel em ouro encontrado no centro antigo. A Árula Votiva dos Serros Altos é um dos testemunhos mais emblemáticos, descoberta do arqueólogo Estácio da Veiga. Informou, também, que durante as obras para a construção da linha de alta tensão foi encontrado material disperso em Paredinha São Leonardo e Alcaria II, nomeadamente construções em alvenaria, telhas romanas, cerâmicas comuns, entre outros testemunhos.

Luís Campos Paulo sublinha que no interior do concelho, os achados estavam intimamente relacionados com a atividade agrícola, enquanto no litoral se prendiam com o intenso comércio com os vários portos do Império.

A última intervenção coube a Idalina Nobre, historiadora do Município de Albufeira, que escolheu como tema “A Dieta Alimentar no Período Romano”, que a técnica refere integrar a Dieta Mediterrânica sem grandes alterações ao nível dos produtos consumidos. Destacou a abundância de peixe e marisco, pescado no mar e nas ribeiras de Espiche e Quarteira e de produtos da terra, provenientes, sobretudo, dos terrenos férteis do barrocal: cereais, azeite, legumes, frutas e variedade de carnes. Idalina Nobre sublinhou que a dieta do período romano baseia-se na frugalidade, simplicidade e nos produtos da época, sendo a salga e a secagem ao sol as técnicas utilizadas para conservação dos alimentos.