Sociedade

Comemorações dos 100 anos da Freguesia de Quarteira decorrem até 2017

Arrancou ontem o programa comemorativo do Centenário da Freguesia de Quarteira que até ao dia 12 de abril de 2017 irá apresentar várias ações subordinadas ao tema “Da História à Contemporaneidade – construindo o território e religando pessoas”, numa iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Loulé, em parceria com a Junta de Freguesia, e com o envolvimento da sociedade civil.

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Foi criada uma Comissão de Honra, composta por quarteirenses de diversos quadrantes sociais, que contribuíram, na sua área, para o desenvolvimento da sua terra: Luísa Pontes (presidente da Comissão), professora aposentada, ex-vereadora da Câmara Municipal de Loulé e conhecedora da memória coletiva e da história oral da terra; Telmo Pinto, presidente da Junta de Freguesia; Gilberta Alambre, ligada à área social de Quarteira; Hélder Rita, durante muitos anos presidente da QUARPESCA e personalidade representativa da comunidade piscatória; Isidoro Correia, autarca local e amante e conhecedor da história de Quarteira; João Soares, empresário ligado ao turismo e proprietário do Hotel D. José; João Felizardo, homem ligado ao associativismo desportivo e social; Luís Guedes, operário, oriundo dos estratos mais populares; João Carlos Santos, jovem promissor, interessado no estudo da história de Quarteira com obra publicada e membro da Assembleia Municipal de Loulé; e Isolete Correia, diretora da Marina de Vilamoura que está ligada aos primeiros momentos de desenvolvimento do projeto de Vilamoura.  
 
Os objetivos gerais deste programa passam por homenagear os quarteirenses que, ao longo de um século, construíram o território, aprofundar o conhecimento da história local e perspetivar o futuro de Quarteira para as próximas décadas.
 
Apesar do programa ainda não estar fechado, de entre as ações a realizar ao longo de 2016/2017 destacam-se os “Laboratórios da Memória”, espaços de partilha e de afetos que pretendem, através do recurso à fotografia, contar a história e as estórias das instituições da freguesia; “Nós ao Espelho”, um programa de exposições temáticas; “O Longe é Aqui”, com a participação de músicos de fora a trabalhar com artistas de Quarteira; “Dar Cor à freguesia”, com um programa de arte urbana com os artistas locais; “Sou do bairro e convido-te a…”, programa de intersecção entre as artes e os bairros sociais que permitirá visitas aos bairros e uma maior integração dos bairros na comunidade; “Ser presidente de junta por um dia”, programa para as escolas do 1.º ciclo da freguesia que possibilitará os vencedores de passarem um dia a ser eles os presidentes de junta; “Quarteira em 2027…”, um concurso para o 2.º e 3.º ciclos e ensino secundário onde as turmas vão concorrer com ideias a nível de urbanismo para a freguesia e as vencedoras serão expostas; “Galeria de autarcas de freguesia”, ao longo dos 12 meses serão homenageados, durante um mês, os executivos municipais desde 1916; “Conversas à volta do Poder local democrático”, ciclo de conferências sobre o poder local, com especialistas na matéria de várias universidades portuguesas; “Quarteira em livros”, edição de livros sobre a freguesia; “Memória futura”, trabalho de videomapping sobre a história de Quarteira que será apresentado na noite de 12 para 13 de abril de 2017.
 
Pretende-se, ainda, que neste ano se inicie o Centro de Artes Contemporâneo em Quarteira, que pretende ser um centro de criação artística por excelência, ligado às artes performativas e visuais.
 
Segundo Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, o dia 13 de abril de 2016, dia em que foi apresentado o programa, constitui “o primeiro ato de um ciclo comemorativo dos 100 anos desta freguesia”
 
Quanto às escolhas para integrar a Comissão, Aleixo considerou que muitos outros teriam aqui lugar mas que estes nomes são bem representativos de Quarteira. “Esta é uma Comissão de gente prestigiada, que vai dar a cara por este projeto e que vai ter um papel muito importante nestas comemorações”, considerou este responsável municipal.
 
O autarca adiantou ainda que serão convidados todos os antigos presidentes de Junta ainda vivos – Bota Espadinha, Filipe Viegas e José Coelho Mendes - para participarem neste programa, bem como os diretores de agrupamentos de escolas da Freguesia, um representante do Colégio de Vilamoura, a Paróquia de Quarteira e um representante da Vilamoura World. 
 
Para Vítor Aleixo, este programa “é um forte contributo para que as pessoas em Quarteira sintam que estão num Município que é coeso, que não deixa ninguém para trás”.
 
“Queremos mostrar à população o que significa os 100 anos da freguesia. Achámos que não fazia sentido fazer um dia de festa, e que seria importante termos muitas mais intervenções e procurar alguns nichos da sociedade para tentar demonstrar o que realmente é Quarteira. Grande parte da população não sabe o significado desta data por isso não faria sentido um evento pontual”, explicou o presidente da Junta, Telmo Pinto. Para este autarca local, “vai ser um ano muito interessante e com uma quantidade de eventos que vão demonstrar aquilo que foi, é e que pode vir a ser a freguesia”.
 
Já Luísa Pontes, que irá presidir à Comissão, falou da importância que esta iniciativa terá, sobretudo nas escolas, já que “a população de Quarteira, embora jovem, é descaracterizada e em muitos casos desconhece a terra”. Conhecedora das raízes de Quarteira e das várias fases da história desta antiga aldeia piscatória e agrícola até ao grande centro turístico que é hoje, Luísa Pontes garantiu que “há muito trabalho a fazer” para o sucesso desta iniciativa.
 
Durante séculos Quarteira foi uma modesta aldeia de pescadores, situada à beira de uma praia com 3 Km de extensão e rodeada por pinhais. D. Dinis outorgou-lhe foral a 15 de Novembro de 1297. Já no século XV, D. João I mandou proceder aqui às primeiras experiências de cultivo de cana de açúcar.
 
O povoamento da área de Quarteira remonta, pelo menos, à época romana, e não falta quem pretenda identificar esta aldeia com a antiga Carteia. E há mesmo quem defenda que a povoação remonta ao período pré-romano (fenício, cartaginês).
 
A freguesia conta atualmente com mais de 25 mil habitantes e é a mais populosa do Concelho de Loulé e com o maior de número de jovens.