Família
Como educar para o equilíbrio?
Cada vez se fala mais em inteligência emocional e, não é por acaso, é porque muitos estudos mostram a importância de se educar para o equilíbrio, para a consciência e para o envolvimento da criança no seu processo educativo.

 
Neste sentido, a base de educar para o equilíbrio é explicar à criança a razão pela qual deve cumprir esta ou aquela regra. Para tal, é importante o tempo para fazer esse trabalho, tal como é fundamental que a criança possa libertar e expressar as suas emoções livremente através do diálogo e momentos afetivos. Os mais novos devem conseguir dizer o que pensam e o que sentem até para serem corrigidos. A criança tem direito a mostrar a sua discordância em relação às regras que lhe são propostas, tal como os pais se devem fazer entender e mostrar a razão da sua existência.
 
Quando a criança compreende a razão pela qual não pode estar sempre diante do televisor ou do computador, mais facilmente se responsabiliza pelo seu processo educativo. Deixa de o fazer exageradamente e mais facilmente cumpre as orientações dos pais. Esta base é importante para ser bem sucedida na escola também, pois quando se percebe a base das regras e da educação, torna-se mais fácil seguir essa linha de orientação.
 
Pais que explicam o que exigem, acabam por ser muito melhor compreendidos pelas crianças e facilmente mostram a sua autoridade. Os filhos sabem que os pais mandam e que lhes dizem a razão pela qual tem de ser assim.
 
Está provado que os mais novos adoram cumprir aquilo que os pais lhes pedem, pelo que se torna muito mais acessível a todos que os pais saibam o que pretendem com as regras.
 
Cortar com “o dizer por dizer” é a base para esta forma que aqui apresento. Conversar, mostrar o que se pretende, entender o lado da criança que tem dúvidas e direito a elas, são requisitos importantes para educar em harmonia.
 
É preciso ter em conta que passou de moda a imposição fácil e a incongruência. Atualmente os pais sabem o quanto é importante serem coerentes e mostrar claramente aos filhos o que se pretende com a educação. Os pais sabem mostrar aos mais novos a importância de respeitar os adultos para que eles se saibam comportar socialmente, tal como sabem que a sistematização é a base do sucesso, pois a criança aprende por repetição e pela compreensão do que lhe é pedido. Se a regra é ir dormir às 22horas, então a essa hora a criança está pronta para ir para a cama, o mesmo se passa com as refeições em família, com o tempo de lazer, com o desligar do telemóvel à refeição e daí por diante.
 
Quando existe um argumento forte, a regra ganha sentido e a criança ou jovem cumprem-na sem problemas. Não podemos é cair no erro de transformar as regras em exceções, uma vez que as crianças e jovens ficam baralhados e sem compreender o que se pretende.
 
Devemos assumir os nossos erros enquanto pais para podermos corrigi-los. O mesmo se passa com os mais novos que igualmente têm direito de errar e de não saber muito para além do que a sua idade lhes permite aceder.
 
É importante que os pais se permitam sentir a educação e, um segredo importante é mesmo recordarem-se de como foi consigo, o que foi bem ou mal sucedido para que possam corrigir e atualizar os conteúdos para os filhos. Os tempos mudaram, mas a base é a mesma. Temos de educar para o respeito de parte a parte, os pais são a autoridade e, por isso, estão num patamar acima dos filhos e estes têm de saber que os pais lhes transmitem os afetos, a educação, o cumprimento das regras e a exigência.
 
Podemos estar mais direcionados para o consumo e menos para os afetos, mas entre pais e filhos essa questão não se pode colocar, já que temos a responsabilidade sobre os nossos descendentes em se queremos amor e gratidão da parte deles, temos de lhes incutir o valor das emoções desde cedo.
 
Se atualizarmos o que queremos, não teremos quaisquer problemas em dizer “não” aos nossos filhos porque estamos seguros da nossa posição e, ao mesmo tempo, sabemos autorizar uma exceção quando assim se justifica e se explica que é um dia de festa ou de férias, mas que isso não traduz perder tudo o que já se aprendeu.
 
Educar é simples, é importante é saber o que se pretende com o que se transmite. É reservar algum tempo diário para pensar naquilo que fazemos e exigimos aos nossos filhos, saber se está a resultar ou se precisamos de desviar um pouco a nossa linha de orientação porque a criança cresceu, porque até já cumpre e pode aceder a novos desafios. Vamos exigindo aquilo que é preciso cumprir. Quando a criança já sabe, parte-se para outro desafio mais exigente e valoriza-se essa conquista para que se mantenha ativa. 
 
No fundo, educar para o equilíbrio é usar a razão, o coração e o bom-senso em tudo o que se faz com e para os nossos filhos. Os pais que mais recebem afeto e reconhecimento por parte dos filhos são aqueles que são justos e compreensivos cujos filhos percebem esse sentido sem perder de vista o rigor e a exigência para que se conheçam cada vez mais e melhor e para que sejam melhores pessoas e cidadãos ativos e de valor na nossa sociedade.
 
Fátima Fernandes